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Comportamento

Em aniversário, mãe troca decoração de princesa por mensagens feministas

"Menina é forte", dizia uma das frases; a mãe, Maria, quer futuro livre para filha, sem imposições baseadas em gênero

Eduardo Fregatto | 22/08/2017 06:20
Maria, a pequena aniversariante Lis e Gabriel. A família que decidiu trocar a decoração clichê por palavras de estímulo. (Foto: Acervo Pessoal)
Maria, a pequena aniversariante Lis e Gabriel. A família que decidiu trocar a decoração clichê por palavras de estímulo. (Foto: Acervo Pessoal)

A festa de 1 ano da pequena Lis Maria, realizada no último sábado, contou com uma decoração diferente, que chamou a atenção dos convidados. Ao invés dos temas clássicos, como princesas e desenhos infantis, os pais Maria Ayslane, de 30 anos, e Gabriel Gonçalves, 31, resolveram inovar. Desce cedo, o casal quer estimular os sonhos e as possibilidades do futuro da filha, sem impor restrições baseadas em gênero.

"Menina é presidente", "menina é escritora" e "menina é forte" eram alguns dos dizeres das plaquinhas que enfeitavam os docinhos da festa. A lembrancinha para os convidados foi um cacto, com outra placa: "Coisa de menina é ser feliz como ela quiser ser".

Os docinhos ganharam as plaquinhas de incentivo às meninas. (Foto: Acervo Pessoal)
Os docinhos ganharam as plaquinhas de incentivo às meninas. (Foto: Acervo Pessoal)
"Coisa de menina é ser feliz como ela quiser", diz a lembrancinha para os convidados. (Foto: Acervo Pessoal)
"Coisa de menina é ser feliz como ela quiser", diz a lembrancinha para os convidados. (Foto: Acervo Pessoal)

Maria explica o motivo das mensagens, já transmitidas para a filha numa idade tão pequena. "Desde que fiquei grávida, eu já fiquei preocupada com as amarras que a minha filha poderia ter", conta. "Quando criança, eu não gostava de usar vestido, de boneca. Eu queria praticar esportes, jogar futebol, me vestir do jeito que eu gostava, mas não podia. Meus irmãos não podiam lavar louça por serem homens", recorda.

Ela cresceu com a mãe, que foi Miss e tinha um conceito de feminilidade bastante forte e conservador. "Eram ideais que não condiziam comigo, e eu conflitei bastante". Maria só realizou o sonho de praticar esportes anos mais tarde, quando foi morar com o pai. "Ele me aceitou, até na questão da sexualidade, me aceitou como bissexual. E eu treinei por muito tempo, lutei jiu jitsu e muay thai, podia me vestir do jeito que queria", revela.

"Menina é engenharia, faz rap, é escritora, joga bola, toca rock, manja de carros...". (Foto: Acervo Pessoal)
"Menina é engenharia, faz rap, é escritora, joga bola, toca rock, manja de carros...". (Foto: Acervo Pessoal)

Por ter vivenciado essa experiência, Maria resolveu fazer de tudo para deixar o caminho de Lis o mais livre e aberto possível. O pai, Gabriel, tem a mesma consciência. "Não queremos que ela seja uma princesinha, queremos que seja uma criança, livre. Desde que ela nasceu, deixamos ela livre para brincar. Ela tem boneca e bola, o que quiser ter", diz. "Compramos brinquedos pelo estímulo positivo que podem gerar, não por ser menino ou de menina".

Alguns convidados, ao verem a decoração, se desculparam por terem comprado vestidos como presente para Lis. "Acharam que estou criando minha filha sem gênero. Eu expliquei que não é isso. Ela usa vestido, eu gosto. Eu só não quero limitar ela a isso", destaca Maria.

Outros amigos parabenizaram a atitude dos pais. "Tiraram fotos. Muita gente me agradeceu, diziam que também tinha filhas meninas e elogiaram, pela responsabilidade social de lutar pelo espaço delas".

Grávida de três meses do segundo filho, Maria agora pensa na possibilidade de ter um menino. "Se for, eu vou criar do mesmo jeito. Ele vai ter a mesma liberdade de transitar por todos os mundos, da boneca ao futebol, e escolher o que mais lhe apetece", garante.

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