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Comportamento

Em viagem pela América do Sul de ônibus, Leandro arrumou um amor e criou blog

Foram 22 dias na estrada, ao custo de apenas R$ 5 mil

Thaís Pimenta | 29/05/2018 08:11
Leandro em Huaaraz, no Peru, um dos cenários encantadores da viagem. (foto: Acervo Pessoal)
Leandro em Huaaraz, no Peru, um dos cenários encantadores da viagem. (foto: Acervo Pessoal)

O historiador Leandro Mendonça Barbosa saiu de de Campo Grande com a irmã, Lívia Cuia, no dia 25 de dezembro do ano passado rumo a Bolívia e Peru, com a expectativa  de viver experiências novas. Ele, que já havia conhecido os principais pontos turísticos da região em uma viagem com toda a família, decidiu que dessa vez iria ao máximo de cidades possíveis. Ele não sabia, mas a viagem guardava mais: um novo amor e inpiração para um blog.

Foram 22 dias de viagem, por menos de R$ 5 mil. O ônibus foi o meio de transporte escolhido por dois motivos: economizar dinheiro e poder parar mais vezes, podendo assim vivenciar mais dos costumes dos países. No período da noite, depois da ceia, ele pegaram o ônibus que parte em direção a Puerto Quijarro. "Lá fizemos todo o trâmite migratório que é demorado. Antes das 8h já estávamos na fila. Ficamos lá até às 14h! Um sol escaldante sob a cabeça de todos e sem almoçar. E das duas vezes que fui foi demorado, então vá com o espírito livre e leve para isso", comenta.

No dia seguinte eles pegaram outro ônibus sentido Santa Cruz de la Sierra. Mas ele já explica que optou por esse transporte pois já tinha ido de trem na primeira vez, a maneira mais divertida de chegar até lá, porém mais cara. 

"A estrada Puerto Quijarro-Santa Cruz de La Sierra corta todo o Chaco boliviano, foi recém asfaltada e é excelente. O ônibus que pegamos saiu no fim da tarde e era de categoria mais baixa (sem ar condicionado, mas como viajou a noite não foi problema) e sem banheiro dentro (esteja ciente disso), mas há paradas. O preço compensa: 60 pesos bolivianos, o equivalente a R$35,00. É possível pegar ônibus mais estruturados por um preço mais alto, mas como acho ônibus sempre desconfortável, não importa o quão luxuoso seja, para mim este gasto extra não me aliviaria muito. Fica a critério de cada um".

Foi pisar na Bolívia e os irmãos já se esbaldaram nas saltenhas! As comidas bolivianas e, principalmente, as do Chaco, levam caldos: sopas, guizados, pucheiros e cozidos. São a festa, inclusive no café. Então, o historiador já adianta: "Nesta região, esteja preparado para uma comida mais pesada e muito saborosa".

De lá, partiram para Sucre. "É um lugar de 'peñas folclóricas', locais que tocam músicas tradicionais, e é uma peña do lado do outro, onde tinha músicas a Pachamama (mãe terra) e tudo o mais, bem interessante", elenca ele.

A próxima parada foi em Potosi, cidade rica no passado pelo comércio de cobre. Lá, os dois tiveram uma infeliz surpresa, quando souberam que nenhuma linha de ônibus funciona em dias de feriado, ou seja, precisaram passar mais tempo do que o planejado por lá. "A média nas cidades menores, de tempo que passávamos, era 24h, chegando no almoço e saindo no outro dia no mesmo horário. Com exceção de La Paz, que ficamos dois dias, e Lima, que reservei três dias por ser uma cidade bem grande".

Sem economizar na visitação a museus, idas a bares e restaurantes, os irmãos optaram por dormirem em hostel já que, em uma viagem como esta, "a gente não para, não fica deitado", conta. Eles também optaram pelos quartos compartilhados, uma forma de economizar ali para gastar lá.

Finalmente, foram para La Paz, sendo que de lá a viagem seguiu solitária por Leandro. "Minha irmã não entrou no Peru, porque ela tinha que voltar para o Brasil pois tinha compromissos lá. Eu fiquei e segui sozinho, sem medo, já que a língua não era um problema para mim. Vale dizer que eles não entendem portunhol, então é bacana ir sabendo disso já".

Além de toda a grandeza histórica, ele indica que La Paz tem uma noite interessante, na calle La Jaén, uma das poucas ruas históriicas que ficou em pé tem diversos bares tradicionais, que servem as bebidas de lá. "Inclusive, o tal do Arenco, um abscinto de lá, que de tão forte eles falam que é alucinógino".

Parque “El Arenal”, em Santa Cruz de la Sierra. (Foto: Leandro Mendonça)
Parque “El Arenal”, em Santa Cruz de la Sierra. (Foto: Leandro Mendonça)
Lima marca a segunda parte da viagem, solitária, já sem a irmã. (foto: Leandro Mendonça)
Lima marca a segunda parte da viagem, solitária, já sem a irmã. (foto: Leandro Mendonça)

Saindo da Bolívia, Leandro seguiu para Puno, no Peru. Em mais ou menos um dia, conseguiu conhecer a cidade e logo foi para Cusco.

"Foi por eu ter feito parte da viagem sozinho que originou o meu blog Caminhante. Eu comecei a postar tudo o que via no Facebook, em forma de fotos e descrições para fazer com que a viagem se tornasse menos solitária. Isso começou a ser muito bem aceito pelos meus amigos na rede social e eu, que sou uma pessoa com menos de 900 amigos, por aí, tive postagens com mais de uma centena de curtidas", explica.

Dos alunos aos amigos, todos quiseram ler mais sobre a aventura de Leandro. "Revi a cidade e fui pra Lima, onde fiquei o dobro do tempo previsto por questões amorosas! Foi onde conheci o meu atual namorado. Juntos, fomos pra Ica, AriquipaHuaaraz. Se eu não tivesse ele junto, talvez não tivesse conseguido ver a viagem sob a ótica de um morador de lá, ajudou muito".

O encontro de Leandro e Álvaro aconteceu por acaso. "Estava em Miraflores e entrei em um bar que anunciava uma promoção do drink pisco sour. Entrei para tomar e ele estava em outra mesa com seus amigos. No final da noite, ele se levantou e sentou na minha mesa pra conversarmos, ali surgiu um amizade, que só um ano depois veio a ser oficializada como namoro". 

Depois de viver um amor de verão, Leandro voltou pra Bolívia por Cochabamba, ficou mais um dia por lá, e voltou para Corumbá. 

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Catedral de la Villa Real de Potosí. (Foto: acervo pessoal)
Catedral de la Villa Real de Potosí. (Foto: acervo pessoal)
Alvaro e Leandro, que se conheceram no Peru. (foto: Acervo Pessoal)
Alvaro e Leandro, que se conheceram no Peru. (foto: Acervo Pessoal)
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