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Comportamento

Fusca é tão amado, que Carla carrega barraca para dormir com ele quando estraga

"Ter um Fusca vai além de ter um carro. É ter que cumprimentar as pessoas que param ao lado dele o admirando, é buzinar para outros fuscas, é tornar um dia comum divertido", diz a dona.

Thailla Torres | 25/02/2019 07:26
Carla e o Fusca: uma herança que narra a história das mulheres da família. (Foto: Kísie Ainoã)
Carla e o Fusca: uma herança que narra a história das mulheres da família. (Foto: Kísie Ainoã)

Paixão por Fusca supera qualquer limite. Não tem preço e também não aceita ofertas. Esse é o lema da auxiliar de médico veterinário, Carla Gabriela Lucas Souza, de 23 anos, dona de um Fusca charmoso de 1975 que chama atenção por onde passa. O carinho é tamanho que ela carrega barraca e cobertor para dormir ao lado dele em caso de defeitos na madrugada.

Batizado de “Zezinho”, o carro com tapeçaria vermelho marsala tem história. Está na família de Carla há 19 anos. A ex-dona era a tia avó, que faleceu há pouco tempo, mas todas mulheres da família dirigiam o carro. “Minha avó, minhas tias e minha mãe dirigiam ele para todos os lados resolvendo as coisas da cidade, pois todos moravam na fazenda, em Paranaíba (MS). Enquanto os homens ficavam na roça, elas iam para cidade buscar mantimentos e as coisas de necessidade. Ele era o único meio de transporte para isso”, conta.

Quando decidiu ter o primeiro carro, escolheu um Fusca. “Mas meu pai relutou muito, porque tinha medo da dificuldade que um carro antigo carrega. Eu insisti, ele cedeu, pedindo que eu escolhesse um Fusca mais novo, de 1996 por exemplo, mas nada me agradava”.

Fusca foi reformado e chama atenção pelas ruas do Centro. (Foto: Kísie Ainoã)
Fusca foi reformado e chama atenção pelas ruas do Centro. (Foto: Kísie Ainoã)

Quando a tia avó disse que precisava vender o Zezinho, Carla não teve dúvidas. “Ouvi o motor dele funcionando e me apaixonei, o Zezinho me escolheu, e no dia 11 de fevereiro de 2017, dia do meu aniversário, eu o levei para casa. Nunca tinha dirigido um Fusca”.

Quando o pegou, Carla viu que o veículo precisava de reparos, porque vez ou outra ele dava problemas, mas numa madrugada, o defeito foi decisivo para nunca mais sair de casa despreparada. “Saindo de um bar, no Centro, ele não pegou. Estava tarde e meus pais não iam querer resolver nada naquela hora. Meus amigos até queriam chamar um táxi, mas eu não conseguia deixa-lo sozinho”.

Carla então entrou no veículo, trancou e abriu somente a ventarola. Em seguida caiu na risada, imaginando que situações como aquela seriam corriqueiras. “Desde então carrego roupa, barraca e às vezes uma mantinha se algo acontecer. Ele é um “senhor” e que precisa de cuidados”.

Barraca levada dentro do carro. (Foto: Kísie Ainoã)
Barraca levada dentro do carro. (Foto: Kísie Ainoã)
Tapeçaria escolhida para ser luxuosa.  (Foto: Kísie Ainoã)
Tapeçaria escolhida para ser luxuosa. (Foto: Kísie Ainoã)

Até quem não entende de carro percebe o acabamento perfeito. E a tapeçaria, conta orgulhosa, “é vermelho marsala”. Cor escolhida para cumprir a promessa feita à tia que partiu. “Eu queria algo luxuoso, porque ele merece e porque durante a reforma, prometi a minha tia que ele seria o Fusca mais bonito da cidade”.

O carro é uma paixão tatuada no braço Carla e que tem certeza: não vende e não troca. “Ter um Fusca vai além de ter um carro, é como ter uma história”.

Carla sugere que o carro é capaz até “Fuscaterapia”. “Andar com ele é ter que cumprimentar as pessoas o admiram, é buzinar pra outros Fuscas, é tornar um dia comum divertido. Ando sempre cantando dentro dele, é inevitável, a energia é muito boa”.

Sem vontade de se desfazer com o tempo, Carla alimenta um desejo. “O Zezinho ficará comigo enquanto eu conseguir dirigir. Depois, quero muito que a minha irmã mais nova cuide dele para mim. Ele se chama Zezinho em homenagem ao meu falecido avô e não tem outro lugar para ele que não seja na família”, declara.

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Tatuagem do Fusca. (Foto: Arquivo Pessoal Carla)
Tatuagem do Fusca. (Foto: Arquivo Pessoal Carla)
O dia em que pegou o carro. (Foto: Arquivo Pessoal)
O dia em que pegou o carro. (Foto: Arquivo Pessoal)
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