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Comportamento

Grupo de muçulmanos quer fazer o bem e mostrar a essência do islã

Independentemente da religião, grupo nasceu para reunir amigos e promover ações voluntárias pela cidade

Thailla Torres | 15/09/2019 07:30
Neste sábado as irmãs, Kadija e Nur, foram ao Hemosul doar sangue. (Foto: Henrique Kawaminami)
Neste sábado as irmãs, Kadija e Nur, foram ao Hemosul doar sangue. (Foto: Henrique Kawaminami)

Há dois meses, o professor de Educação Física, Hussein Taha Neto, de 35 anos, criou em Campo Grande o grupo “Jovens Muçulmanos”. Tal comunidade surge para reunir religiosos islâmicos e os que seguem outras ou nenhuma religião. O objetivo? Fazer o bem e não olhar a quem.

Os jovens muçulmanos, conectados ao lado religioso, querem também professar sua fé, mesmo em meio preconceitos, e demonstrar que suas crenças não são sinônimas de conflitos e guerras mundo afora. Por isso, o grupo quer aproximar outras religiões e discutir novas formas de enxergar a própria espiritualidade através de ações sociais.

Depois de uma reunião formada na ultima semana, o sábado (14) foi solidariedade para o grupo formado entre amigos. Cerca de 20 pessoas foram até o Hemosul doar sangue pela manhã. As ações para os próximos meses preveem atividades na periferia em comemoração ao Dia das Crianças.

“Nós somos de gerações de filhos de libaneses e famílias do Oriente Médio, mas nosso país é o Brasil. E o objetivo do grupo é mostrar do lado bom do que é ser muçulmano, rompendo a relação feita com os conflitos que acontecem longe do Brasil”, explica Hussein. “Então criamos esse grupo para desenvolver projetos e agregar todas as pessoas. Meu objetivo é deixar essa missão as próximas gerações de muçulmanos. Por isso, não somos uma equipe de liderança, nosso objetivo é simplesmente ajudar”, completa.

Hussein iniciou o grupo há 2 meses. (Foto: Henrique Kawaminami)
Hussein iniciou o grupo há 2 meses. (Foto: Henrique Kawaminami)
Nu também fala da importância de lutar contra a intolerância religiosa.(Foto: Henrique Kawaminami)
Nu também fala da importância de lutar contra a intolerância religiosa.(Foto: Henrique Kawaminami)

Durante a ação, Hussein repudia fortemente o radicalismo, os atos terroristas, que são considerados uma distorção da fé islâmica. “Nossa religião não ensina matar, mas defender nossa família e valores. O que gera uma guerra é dinheiro e poder. A guerra que acontece no mundo é contrária à nossa religião e qualquer outra religião que eu acredito que prega o bem e o amor ao próximo”.

Mesmo assim a tarefa não é fácil. Logo na primeira reunião, Hussein escutou nas redes sociais piadas sobre a religião, pautadas na falta de conhecimento e preconceito. “Quando postei a foto no Instagram, a primeira coisa que eu escutei não foi ‘parabéns’, mas ‘vocês estão combinando de explodir quem?’”, reproduz. “Isso prova que ainda há um caminho a percorrer, mas nós temos muita esperança no mundo e também no Brasil, que é o nosso país”, destaca.

Usando o hijab, as irmãs Kadija Akra, de 20 anos, e Nur Akra, de 19, também foram à ação doar sangue e lutar por menos intolerância a religião. “O mundo é diversificado, cada um tem seus costumes, cultura e fé. Se alguém pode usar uma roupa curta porque eu não posso usar o meu hijab e roupas longas?”, questiona Kadija é acadêmica de enfermagem.

Nas ruas uma das irmãs já foi chamada de “homem bomba”, recebeu olhares por usar o véu que é um acessório para as mulheres muçulmanos, mas nem por isso abre mão de expressar o que sente em relação a religião. “É a minha fé e tenho muito orgulho dela, porém respeito muito as outras religiões e acho que é um direito de cada um escolher o que seguir, o importante é ser justo e fazer o be”, reforça.

Nur acredita que o grupo pode fazer a diferença e transformar o olhar de pessoas para a solidariedade. “É com atitudes simples que a gente pode mudar o mundo”.

Para Hussein, o importante não é ganhar em números, mas em vontade de fazer o bem. “Quem não tiver condições de doar algo durante as ações, pode participar levando um sorriso, um abraço, uma história a crianças de comunidades e que também precisam de carinho. Esse é o nosso objetivo. Por isso, quem quiser fazer parte, as portas estarão sempre abertas”.

Quem tiver interesse em participar do grupo, pode entrar em contato pelo Instagram @jovensmsmuculmanos

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Grupo formados por muçulmanos e não muçulmanos estiveram no Hemosul, neste sábado (14). (Foto: Henrique Kawaminami)
Grupo formados por muçulmanos e não muçulmanos estiveram no Hemosul, neste sábado (14). (Foto: Henrique Kawaminami)
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