Há 14 anos, Jovelino faz placas de inox e porcelana para túmulos
Goiano iniciou o serviço depois de não encontrar empresa para homenagear o avô

Jovelino de Paiva Neto, de 45 anos, faz o serviço que ninguém deseja ter que procurar: placas de túmulos. Há 14 anos, o goiano escolheu Campo Grande como lar e transformou saudade em sustento. Foi com inox e homenagens em porcelana que ele encontrou um jeito de ter o que ele não conseguiu na pequena cidade de Goiás: uma placa para deixar na lápide do avô.
RESUMO
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Jovelino de Paiva Neto, 45 anos, encontrou na confecção de placas de túmulos sua fonte de sustento em Campo Grande. Natural de São Simão, Goiás, ele atua há 14 anos no ramo, produzindo peças em inox e porcelana para cemitérios e funerárias. O empresário investe em equipamentos de alta tecnologia, incluindo uma impressora de R$ 40 mil e um forno que opera a 875ºC. Suas placas em porcelana custam entre R$ 100 e R$ 380, enquanto as de inox têm durabilidade de até sete anos. Além de atender três cemitérios municipais, ele também produz placas de formatura.
Natural do município de São Simão, local com 17 mil habitantes, Jovelino decidiu que faria ele mesmo as placas dali em diante, mas para isso precisaria mudar de cidade. O objetivo era estar em um lugar mais tranquilo para os filhos e onde eles tivessem oportunidade para estudarem.
A ideia sempre foi trabalhar com os adolescentes de 17 e 21 anos e nada de terceiros. O plano deu certo. “A gente foi fazer as placas e não achava, quando encontramos era caro demais. Aí a gente ficou se perguntando o porquê, mas depois descobri que tem poucas empresas que fazem isso no país", conta.
Ali, as placas de inox são feitas com gravação química em baixo-relevo, onde são pintadas com tinta automotiva e escovadas. “As porcelanas vão ao forno por 12 horas, a 875 ºC. A foto é impressa em uma máquina específica para cerâmica e a imagem não desbota”, explica.
Segundo ele, o Dia de Finados é uma das épocas de mais trabalho e, claro, de mais lucro. Em um dia, ele chega a fazer 68 placas de túmulos. O serviço, apesar de longo, é o que Jovelino gosta de fazer.
O dinheiro arrecadado é investido em material para manter a impressora de porcelanato abastecida com tinta por até seis meses. “Esse serviço de porcelanato só eu ofereço porque os produtos são caros. Tenho uma impressora pela qual paguei quase R$ 40 mil na época, já tive outra de R$ 67 mil, e o forno custa R$ 17 mil, então é tudo muito caro”, conta.
Apesar da fama vir do trabalho em cemitérios, o negócio vai além. Ele também faz placas de formatura. O preço começa em R$ 70 e vai até R$ 1.600. O ateliê é pequeno; no espaço há um sofá para descansar nas horas em que monitora o forno e nos minutos livres entre um serviço e outro. Ali, tudo é feito por eles, desde a arte até a fase final da placa.
Segundo Jovelino, a durabilidade da pintura no inox é de até 7 anos e, depois disso, ainda é possível reviver a peça. Já a impressão na porcelana é eterna enquanto não quebrar, ele ressalta. Nesse caso, os preços variam. As fotos em porcelana vão de R$ 100 (pequena) a R$ 380 (com moldura em bronze). O preço é elevado porque o toner usado na impressora chega a R$ 17 mil o quilo.
“Não pego tudo isso. Compro em gramas. Tudo para trabalhar até metade do ano que vem, eu vou juntando dinheiro”. Hoje, ele atende três cemitérios municipais, seis funerárias no interior e até manda encomendas para Goiás. “Faço placa até pra lá, mando pro meu pai.”
Entre um polimento e outro, Jovelino já pensa no futuro. Diz que precisa de um espaço maior porque antes as pessoas não costumavam ir até a loja, mas nos últimos dois anos o cenário mudou.
“Eu tenho cálculo renal e sofro às vezes. Fico até mais tarde para cuidar do forno. Ele é automático, mas fico de olho caso falte energia. Faço algo de que algumas pessoas não gostam: não dou bom dia aos clientes, porque perder um parente e estar fazendo uma placa mexem com o sentimento das pessoas; como vou dar bom dia? Por incrível que pareça, isso vai cativando as pessoas, de certa forma, pelo respeito.”
Confira a galeria de imagens:
Antes de mexer com as placas de túmulos, Jovelino tinha uma oficina de injeção eletrônica. Com formação em técnico industrial e torneiro mecânico, o empresário largou tudo o que sabia para inovar.
“Como já tinha dormido aqui uma vez com meu pai, quando fomos para o Paraguai, me lembrei deste lugar. Aqui é mais fresco e mais úmido; seria bom morar. Mas morro de saudade do meu Goiás. Por ora, estou formando meus filhos aqui.”
A empresa funciona na Rua Argemiro Fialho, 638, no bairro Vila Bandeirante.
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