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Comportamento

Há 31 anos, Cezar faz questão que seu relógio funcione na 14 de Julho

Quem passa depressa não percebe o objeto, mas ele virou referência para o comerciante.

Thailla Torres | 20/04/2019 07:39
Relógio não para na Rua 14 de Julho. (Foto: paulo Francis)
Relógio não para na Rua 14 de Julho. (Foto: paulo Francis)

Redondinho, de ferro, instalado pela primeira vez para o lado de fora da loja. Assim permanece até hoje o relógio da ótica e relojoaria Seiko, na Rua 14 de Julho, centro de Campo Grande. Quem passa depressa não percebe o objeto que, dificilmente, deixa de funcionar. Mas, há 31 anos, virou símbolo de pontualidade no quarteirão, garante o dono.

Todo simpático, Cezar Nogueira, de 51 anos, conta que instalou o objeto antigo para tornar o comércio uma referência e, segundo ele, deu certo. “Ele nunca parou. Quando atrasa um pouquinho ou precisa de manutenção, eu mando arrumar na hora”.

Sorridente, Cezar é apaixonado pela 14 de julho.  (Foto: Paulo Francis)
Sorridente, Cezar é apaixonado pela 14 de julho. (Foto: Paulo Francis)

O relógio foi roubado três anos depois da primeira instalação, de dia, mesmo com o movimento da rua. “Era três horas da tarde quando dei falta do relógio, mas mesmo chateado, mandei instalar outro no mesmo dia”, conta.

Desde então o relógio nunca saiu da porta. Vira e mexe um cliente entra na loja informando os minutinhos de atraso ou adiantamento. “Se de repente ele para, com certeza alguém vai entrar aqui dentro me falando”.

Com a tecnologia diminuíram os olhares para o objeto, mas Cezar não abre mão. “Sei que é referência para algumas as pessoas e também curiosidade, muita gente para só para perguntar se ele está à venda”.

O da fachada ele não vende, por isso, decidiu comercializar relógio antigo, alguns com até 100 anos de história. Um deles foi deixado em um saco de lixo na porta do estabelecimento, revela. “Uma vez um cliente me ligou dizendo que havia ganhado um relógio antigo de herança e não queria. Eu não podia ir buscar e ele apareceu com o relógio aqui na porta, dizendo que eu até poderia jogar no lixo”.

Cezar então passou consertar e vender as relíquias. Em sua loja, mais de 10 relógios antigos, de diversos modelos, estão à venda, em valores chegam a custar R$ 8 mil. “Particularmente eu não gosto de ter relógios, mas gosto de vender porque muita gente ainda valoriza”.

Comerciante na Rua 14 de Julho há 31 anos, sua história com a rua mais comercial da cidade começou aos 19 anos, de lá pra cá, não faltam sentimentos e vontade de continuar no ponto. “Em meio à crise vejo todo mundo falando em sair daqui. Mas eu não desisto, fiz minha vida nessa rua, só saio daqui para cemitério”, diz.

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ira e mexe um cliente entra na loja informando os minutinhos de atraso ou adiantamento. (Foto: Paulo Francis)
ira e mexe um cliente entra na loja informando os minutinhos de atraso ou adiantamento. (Foto: Paulo Francis)
Relógios antigos à venda. (Foto: Paulo Francis)
Relógios antigos à venda. (Foto: Paulo Francis)
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