Há 40 anos, Maria reproduz técnica de trançado ensinada pela mãe
Nas mãos dela, tiras de plástico são trançadas até virar fruteiras, cestos para roupa, porta-joias e bolsas
Em Bonito, dona Maria Aparecida da Silva, de 60 anos, é figura popular. Há quatro décadas, a artesã mantém viva a técnica que aprendeu com a mãe. Nas mãos dela, tiras de plástico são trançadas até virar fruteiras coloridas, cestos para roupa suja, porta-joias e até bolsas de feira.
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Segundo ela, técnica veio de família. A mãe, dona Eupídia, foi quem abriu o caminho para a arte que ela continuou. “Minha mãe fazia com palha de milho e sacolinha. Enrolava e cortava fininho como se fosse um novelo da linha de crochê. Depois, ia trançando até formar a peça que queria fazer”, relembra.
Inspirada, Maria resolveu tentar também, mas inovou: “Decidi fazer no plástico. Fiz vários modelos de cesta e mostrei para ela. Aí nós duas ficamos fabricando”, detalha.
Até hoje, depois de 40 anos, Maria mantém firme a tradição que nasceu no quintal de casa. No lugar da palha de milho ou da sacolinha, que eram usadas pela mãe, ela adotou as embalagens plásticas de arroz, feijão, café e outras embalagens plásticas. “Aqui tem de tudo. Até de saquinho de farinha, de farofa, embalagem de camiseta. Tudo eu reaproveito”, destaca.
O processo começa com a coleta, muitas vezes feita por parceiros na cidade que separam e entregam os plásticos para ela. Maria corta, lava, seca no varal como se fossem roupas, e depois transforma em tiras que se entrelaçam até virarem peças resistentes.
Os produtos têm variados. As fruteiras custam R$ 20, porta-joias R$ 10, bolsas variam de acordo com o tamanho e os cestos para roupa suja podem chegar até a R$ 200.
Com as vendas, os artesanatos produzidos em Bonito já rodaram o mundo. “Já foi fora do Brasil essas peças. Antigamente tinha o Brasil Bonito, uma associação que mandava o que a gente fabricava para fora”, conta.
Além de uma nova oportunidade de renda, Maria tem a atividade como ofício e resgate da memória da mãe. Ela já ensinou mais de cem pessoas em cursos, tanto em Bonito quanto em Campo Grande, mas lamenta que a tradição não tenha seguido adiante.
“Muitas pessoas para quem ensinei não levaram adiante”, revela. Até os filhos preferiram outros caminhos. “Sou mãe de quatro filhos, mas todos casados. Só o meu filho caçula, o Ademilson, pegou um pouco de tanto me olhar fazer. Ele chegou a fazer uma peça dentro da minha casa. Eu até comentei que ele iria pegar a minha herança com o artesanato”, comenta.
Atualmente, Maria faz parte do coletivo “Mulheres que Criam”, que reúne artesãs de Bonito. E depois de tanto tempo, ela segue fiel à sua produção com a mesma dedicação de quando começou, há quase quatro décadas. “Todo mundo já me conhece, a Maria que faz a cestinha, a Maria do plástico. Isso é um orgulho para mim”, finaliza.
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