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Comportamento

Há 5 anos "preso a máquina", Eurico é número 25 na lista de espera por um rim

Depois de sobreviver a 2 paradas cardíacas e 10 dias em coma, Eurico ganha esperanças de nova vida com transplante próximo.

Kimberly Teodoro | 03/01/2019 08:45
Há 4 anos na lista de espera por um rim, em 2019 Eurico pode finalmente começar uma nova vida (Foto: Paulo Francis)
Há 4 anos na lista de espera por um rim, em 2019 Eurico pode finalmente começar uma nova vida (Foto: Paulo Francis)

Expectativa é uma palavra da qual Eurico Moreira da Silva entende bem. Há 4 anos aguardando por um transplante de rim, ele já enfrentou duas paradas cardíacas, passou 10 dias em coma e chegou a ter morte cerebral cogitada pelos médicos. Na segunda reportagem sobre a corrida contra o tempo de quem espera um doador, a história é de Eurico, que viu os números da fila de espera caírem lentamente de 380 pessoas para 25, aumentando as possibilidades de que 2019 seja de fato o começo de uma nova vida para quem depende da máquina de hemodiálise há 5 anos.

Rotinas de hospital já são conhecidas de longa data por Eurico, que lida com a diabetes tipo 1 desde os 6 anos de idade, fazendo com que os cuidados com a saúde e alimentação fossem hábitos desde cedo, o que ainda assim não foi o suficiente para impedir que o quadro de diabetes desencadeasse os problemas renais que ele teve já na vida adulta.

Marcas de 5 anos de hemodiálise (Foto: Paulo Francis)
Marcas de 5 anos de hemodiálise (Foto: Paulo Francis)

Um dia, Eurico teve os primeiros sintomas de algo não ia bem. Ele se lembra de sentir enjoos muito fortes e sem explicação, o que o levou até o pronto atendimento do Hospital Sírio Libanês, onde ficou internado por uma semana e saiu direto para o tratamento dos rins.

No caso dele, a primeira tentativa dos médicos foi a diálise peritoneal, um procedimento em que um cateter é colocado na parte inferior do abdômen e pode ser usada para “limpar o sangue”, possibilitando que o paciente possa realizar o processo sozinho ou com a ajuda de alguém próximo, com a vantagem de não “ficar preso a máquina de hemodiálise”.

Pouco tempo depois, por uma inflamação no local, ele precisou retirar o cateter e “entrar de vez na máquina”, onde passa cerca de 4 horas por dia durante 3 vezes na semana, a única coisa que capaz prolongar a vida de Eurico até o transplante.

“A sensação é a de ter um espinho na pele, com o qual você precisa aprender a lidar, porque é o que te mantém vivo. Hoje, eu sou dependente da máquina, para viajar eu preciso agendar as sessões em outra unidade de tratamento, não posso ir para cidades que não tenham a hemodiálise, fazer viagens ao exterior e nem ficar mais de 2 dias sem fazer o tratamento”, conta.

Com a imunidade baixa, há cerca de 2 anos Eurico teve pneumonia. A consequência foram 2 paradas cardíacas, 10 dias em coma induzido. “Me lembro de ter acordado com a minha mãe sentada ao meu lado, eu vi todos os eletrodos grudados em mim, a primeira impressão é que eram buracos. Eu não fazia ideia do que tinha acontecido e perguntei para minha mãe se tinha sido baleado, foi aí que ela me contou o que aconteceu, mas não me lembro de nada”, relata.

Com acesso à lista de espera pelo celular, Eurico acompanha diariamente as atualizações (Foto: Paulo Francis)
Com acesso à lista de espera pelo celular, Eurico acompanha diariamente as atualizações (Foto: Paulo Francis)

Hoje Eurico não carrega sequelas do coma ou das paradas cardíacas e continua otimista na fila. Para que o transplante de rim seja realizado é necessário mais de 90% de compatibilidade e que as condições de saúde do paciente sejam boas, qualquer agravante como doenças hepáticas, cardiovasculares ou infecciosas não tratadas são impedimentos para a operação, por isso ele monitora de perto o estado de saúde, mantendo os exames em dia.

Há 2 meses a fila não anda, mas Eurico não perde as esperanças. Ele precisa ficar atento ao telefone, já que a qualquer momento pode receber uma ligação do hospital em São Paulo, avisando da possibilidade do transplante.

“Quando entramos na hemodiálise, as vezes achamos que vai ser um processo rápido e pior parte é sempre ter que lidar com a angústia da espera, porque acaba não sendo rápido. Ela prolonga a vida do paciente, mas a cura é só com o transplante. Por isso aceitar o tratamento é importante, no começo dói, as vezes temos efeito colateral e são anos em que a sua vida depende da máquina, mas precisamos continuar em frente, seguir a vida e levar essas 4 horas sem se deixar abater. É um tempo que conhecemos gente nova, podemos ler, estudar, fazer ser produtivo para não deixar a vida parar.”, explica otimista.

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São 4 horas durante 3 dias na semana "preso" à máquina, tempo que Eurico tenta fazer com que seja produtivo (Foto: Paulo Francis)
São 4 horas durante 3 dias na semana "preso" à máquina, tempo que Eurico tenta fazer com que seja produtivo (Foto: Paulo Francis)
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