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Comportamento

Janaína se despede do pai/avô com lembrança da padaria a caminho da escola

A foto na carteira é hoje a única lembrança física da saudade do avô que também foi pai e mãe

Thaís Pimenta | 07/11/2018 08:25
Foto na carteira é memória física da saudade que aperta o coração todo dia. (foto: Acervo Pessoal)
Foto na carteira é memória física da saudade que aperta o coração todo dia. (foto: Acervo Pessoal)

Tem gente que passa pela nossa vida e, na hora do adeus, prova o que foi. No caso de Janaína do Nascimento Rodrigues, de 39 anos, se não fosse o apoio e o amor do avô, José Barbosa do Nascimento, provavelmente a história de vida seria totalmente diferente e os caminhos trilhados bem mais difíceis do que foram enquanto ele estava ao lado. 

Mais do que um avô, José foi pai de Janaína. Foi segurando nas mãos dele que ela se lembra de caminhar até a escola todo santo dia, e parar no caminho para ser mimada diariamente, com um sonho cremoso para a neta na padaria Rainha, perto de onde hoje está a Academia do Corpo de Bombeiros, na Rua José Antônio, no Centro. ''Era a marca registrada dele, eu só ia na escola se tivesse o doce''.

Hoje o que ficou dessa relação foi a saudade. São seis meses desde que o pai avô partiu e só agora Janaína consegue falar sem chorar. Para ela, o que fica é a gratidão por ter sido criada por esse ''homem que nunca mediu esforços para mostrar o melhor caminho a seguir''.

A avó também esteve presente na vida de Janaína, mas a relação de carinho ficava muito mais clara no apego com o vô. Janaína se lembra de sentir medo à noite, como toda criança tem do escuro, e de bater no quarto dos avós para dormir no meio dos dois.

Carinho ficava claro na parceira dos dois (Foto: Acervo Pessoal)
Carinho ficava claro na parceira dos dois (Foto: Acervo Pessoal)

''Ele era um homem sistemático, trabalhava com obras, era honesto, de um caráter invejável mas também extremamente simples nas palavras'', recorda ela, que acredita ser por conta de sua personalidade que nunca abandonou a neta preferida da família.

A ligação dos dois se tornava mais profunda com a criação mas a neta considera que as personalidades de ambos sempre foi semelhante. ''Das cinco netas mulheres eu sou a mais parecida com ele no jeito de ser, mas não tem como saber se eu sempre fui assim ou se foi a influência dele em minha vida. Sei que agradeço pelo caráter que me passou, não sei o que seria sem''.

Do primeiro dia de aula à primeira pedalada, da gravidez da primeira filha e bisneta de José até a mudança de cidade, José sempre esteve ao lado de Janaína.

E a saudade bate forte quando a neta ouve as músicas que lembram o paizão, especialmente a letra de ''11 vidas'', ''Me pareço tanto com você// Olhando dá pra ver, seu rosto lembra o meu// Desde o primeiro aniversário, o primeiro passo, sempre pronto pra me defender// Sempre que brigou comigo pra eu não correr perigo// Um herói pronto pra me salvar// E com você eu aprendi todas lições// Eu enfrentei os meus dragões e só depois me deixou voar// Mas eu só quero lembrar que de 10 vidas, 11 eu te daria //Que foi vendo você que eu aprendi a lutar// Mas eu só quero lembrar antes que meu tempo acabe, pra você não se esquecer // Que se Deus me desse uma chance de viver outra vez eu só queria se tivesse você''.

Mesmo sistemático, José passou todo o amor necessário para a neta.
Mesmo sistemático, José passou todo o amor necessário para a neta.
Janaína nas construções do avô. (Foto: Acervo Pessoal)
Janaína nas construções do avô. (Foto: Acervo Pessoal)

Uma foto na carteira, hoje, é tudo que Janaína carrega de físico do vô, já que saiu da casa dele para viver sua própria vida em São Gabriel do Oeste.

No coração, as memórias permanecem vivas, e a parceria da menina que abria mão de ficar em casa assistindo desenho para acompanhar o vô nas obras, e ficava ao lado dele sentada o dia todo brincando para, no meio da tarde, ganhar uma maria mole ou um suspiro, decorado com uma bexiga, provam que a conexão dos dois era coisa de outro mundo.

A filha de Janaína, Gabriela, conheceu e conviveu com José, a quem chamou a vida toda de vô, afinal, foi o pai de sua mãe. ''No meu último contato com ele, no dia da visita, que foi um dia antes de ele falecer, eu pedi para ele apertar minha mão caso me ouvisse, ele o fez. Falei coisas bonitas e ele tentou chamar pela Gabriela. É minha última recordação dele'', recorda Janaína, emocionada.

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