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Comportamento

Kelly postou no Facebook que tem HIV para enfrentar preconceito de peito aberto

Ela recebeu o diagnóstico quando estava grávida do terceiro filho, mas descobriu que há vida apesar da doença

Thailla Torres | 06/12/2017 08:37
Ela decidiu seguir em frente e descobriu que pode ser feliz, mesmo depois do diagnóstico.
Ela decidiu seguir em frente e descobriu que pode ser feliz, mesmo depois do diagnóstico.

"Eu não tenho orgulho do HIV, tenho orgulho de ser a mesma pessoa com a doença", diz Kelly Cristina Diniz, que há 3 anos foi diagnosticada com o vírus e em um momento de extrema fragilidade, quando estava grávida do terceiro filho. Como na maioria dos casos, a notícia foi recebida com a angústia de quem não sabe o que vai ser dali para frente. Mas quando seu maior medo, o preconceito, veio à tona, ela decidiu seguir e descobriu um caminho cheio de vida, mesmo após o diagnóstico.

"Meu mundo caiu na hora que recebi a notícia. Cheguei a pensar em desistir da vida, mas graças à Deus, eu carregava uma vida na barriga, que me dava força, diariamente", começa Kelly, que mora em Aquidauana, a 141 quilômetros de Campo Grande.

O tratamento começou ainda na gestação, com remédios líquidos, pela dificuldades em ingerir os comprimidos. "O tratamento foi imediato, meu maior medo era que minha filha nascesse com a mesma doença".

A filha nasceu saudável, enquanto diariamente Kelly luta contra os efeitos colaterais do tratamento. "Algumas medicações causaram ânsia, insônia e até alucinações. O cansaço era maior do que eu esperava. Mas com o tempo o tratamento foi mudando, eu me sentia melhor e me adaptei".

Mas o pior foi sentir na pele o preconceito, associado a julgamentos morais. Diversas vezes, escutou das pessoas o que há de pior. "Já fui chamada de podre, vi gente apontando o dedo na rua, como um bando de mal informados".

(Foto: Arquivo Pessoal)
(Foto: Arquivo Pessoal)

Mas foi justamente o preconceito que impulsionou Kelly a ter uma atitude diferente, com apoio da família e do noivos, seus alicerces. "Decidi usar tudo que ouvi para tentar ajudar pessoas que passam por essa mesma situação. A mudança começou quando resolvi postar no Facebook que era soropositiva, sem nenhuma vergonha ou vontade de omitir a minha doença".

Kelly foi chamada de louca pelo desabafo, mas colheu resultados logo no primeiro sorriso. "Parei de me culpar, deixei de chorar e percebi que HIV não tinha acabado com a minha vida. Me senti como se eu tivesse acordado, percebendo valor em acordar cedo, sentir o vento no rosto e ter o abraço da minha família".

Mas o caminho até o respeito não é fácil, admite. "Ter aceitação é muito difícil. E percebo que as pessoas precisam de mais informações. Não culpo aqueles que tem medo de tomar um tereré comigo ou simplesmente me dar um abraço. Muitas vezes essa pessoa não tem preconceito, é apenas mal informada", acredita.

Muita gente questiona até o relacionamento de Kelly, que não mudou nada desde o diagnóstico. "Nosso relacionamento é normal como qualquer outro e a doença nunca entrou como ponto de discussão na nossa vida. Pelo contrário, toda vez que eu sinto uma desânimo, é ele quem me dá forças".

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