ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MARÇO, QUINTA  28    CAMPO GRANDE 27º

Comportamento

Menina inventa brincadeiras para fazer feliz quem tem paralisia cerebral

Paula Maciulevicius | 25/03/2017 07:56
Stela com a pequena Sara, de 5 anos, em frente à lousa. Olha a alegria da menina. (Foto: André Bittar)
Stela com a pequena Sara, de 5 anos, em frente à lousa. Olha a alegria da menina. (Foto: André Bittar)

Um círculo de cadeiras em volta de uma menina que tem o tamanho ou chega a ser até menor daqueles que a cercam. Desde janeiro, a pequena Stela tem mudado um pouquinho da rotina da Cotolengo, instituição que acolhe e atende crianças e adultos com paralisia cerebral. Ela só tem 8 anos e a cada sexta-feira, leva lousa, canetão, livros, música e brincadeiras na bagagem.

"Hoje eu vou fazer a experiência da teoria do alcance", nos revela Stela Alonso Matoso. Em volta de uma Galinha Pintadinha de pelúcia estão duas faixas de velcro. A brincadeira aprendida com o médico pediatra que a atende será usada para estimular os seus novos amigos.

"Ao invés de grudar as duas, a gente coloca uma na mãozinha das crianças. E assim ela pode aprender a pegar, puxar, jogar", explica passo a passo.

Galinha Pintadinha e faixas de velcro foram o estímulo ensinado pelo pediatra dela.
Galinha Pintadinha e faixas de velcro foram o estímulo ensinado pelo pediatra dela.
Os olhos de Mayara estão atentos à menina Stella. (Foto: André Bittar)
Os olhos de Mayara estão atentos à menina Stella. (Foto: André Bittar)
Que abre um sorrisão na hora de explicar como se pega no canetão. (Foto: André Bittar)
Que abre um sorrisão na hora de explicar como se pega no canetão. (Foto: André Bittar)

O convite surgiu da própria instituição, depois que a menina postou no Facebook que tinha escrito um livro. "Cotolengo que me chamou para eu vir anima as crianças e eu gosto de fazer brincadeira com meus amigos, então aceitei. O que eles têm de diferente? Nada. Só paralisia cerebral mesmo, o resto é perfeito", nos ensina.

As historinhas dos livros ou da própria imaginação, não foram ensinadas por ninguém. De jaleco, como uma mini professora, Stela se diverte interagindo nas brincadeiras. Desde sempre a menina esteve ligada à instituição. Quando menor, aprendeu em casa que ao ganhar um presente, alguma coisa tinha de sair e o destino, muitas vezes, era o Cotolengo.

A família conta que das historinhas e brincadeiras com fantoche, a menina vou acrescentando às suas atividades, aquilo que ouve dos mais experientes. "Quando ela conversa com pessoas mais velhas e que ficam perguntando o que ela faz, ela conta. Então ela pergunta para o pediatra e eles explicam que essas crianças vão responder a estímulos feitos com paciência e amor", diz a mãe, que prefere deixar o protagonismo da história com a filha.

E nesta sequência de dança, (Foto: André Bittar)
E nesta sequência de dança, (Foto: André Bittar)
Stella consegue fazer movimentar (Foto: André Bittar)
Stella consegue fazer movimentar (Foto: André Bittar)
Até quem está sentado na cadeira. (Foto: André Bittar)
Até quem está sentado na cadeira. (Foto: André Bittar)

Stela aprendeu que ali são novos amigos que ainda não consegue, às vezes, falar e andar. Professora há 10 anos na instituição, Diva Oliveira de Alcântara, de 47 anos, descreve que as tardes passadas assim, são muito proveitosas.

"Ela faz um trabalho bem rico e por ser criança, da idade de algum deles, a interação é maior, porque nós adultos, não conseguimos chegar na mesma dimensão que ela", compara. 

As crianças e adultos ali não tiram os olhos da menina e interagem com sorrisos e até desenhos e letras na hora de exercitar na lousa. "A gente vê no olhar dela que ela ama o que faz e neles, percebemos um avanço, de pegar as coisas com a mão, de participar", conta Diva. 

Desde o meio da semana, Stela já pergunta à mãe se chegou a sexta-feira. A menina que sonha em ser médica, cientista e astronauta, mal sabe, mas está trazendo mais do que sorrisos, estímulos.

Curta o Lado B no Facebook

Nos siga no Google Notícias