ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 24º

Comportamento

Modelo nos anos 80 e apresentadora de TV, Cristina Brasil busca liberdade em MS

Ela iniciou carreira no Rádio Clube, em 1976, fez sucesso na Europa e depois de muito tempo no RJ agora está morando em Campo Grande

Thailla Torres | 02/02/2018 08:34
Aos 56 anos, modelo que começou carreira em Campo Grande, volta para buscar paz na cidade.
Aos 56 anos, modelo que começou carreira em Campo Grande, volta para buscar paz na cidade.

Aos 56 anos, Cristina Brasil escolheu viver em Campo Grande. Modelo e decoradora consagrada no Brasil, ela iniciou a carreira nas passarelas do Rádio Clube, em 1976. Depois saiu de Mato Grosso do Sul para fazer sucesso na Europa desfilando para grifes como Chanel e Paco Rabanne. Passados 40 anos, ela está volta, para reencontrar a liberdade.

É assim que Cristina define a nova etapa. “Eu vim embora para fugir da violência do Rio. Só bicicleta, me roubaram meia dúzia. Da última vez que fui assaltada, quatro homens pularam no meu pescoço com faca e canivete, e olha que eu morava na Urca”, começa lembrando sobre o bairro, tipicamente, tranquilo, sonho de muito carioca.

Depois da carreira na publicidade terminar, ela se reinventou e voltou a fazer sucesso como apresentadora do programa Decora Brasil, no canal GNT. Em uma loja sofisticada no bairro São Francisco, ela recebe o Lado B pronta para começar o trabalho no ofício que escolheu para brilhar agora.

Um dos lugares preferidos agora na cidade. (Foto: Arquivo Pessoal)
Um dos lugares preferidos agora na cidade. (Foto: Arquivo Pessoal)

Com 1,80 metro de altura, voz grave, cabelos presos e roupa de ginástica, ela demonstra deixar a sofisticação para momentos especiais. “Gosto mesmo é de andar de chinelo de dedo e usar roupas leves, o figurino de malhar é porque venho trabalhar de bicicleta”, justifica.

Mas sem perder a vaidade, ela também não autoriza ser fotografada por estar sem maquiagem e segue a entrevista longe da câmera. Há 2 meses, está hospedada na casa de uma amiga em busca de trabalho e a procura do novo endereço. "Espero conseguir muito trabalho por aqui", diz.

Nascida em Porto Alegre (RS), a ligação com Campo Grande começou em 1974, quando o pai, militar foi transferido para a Capital. "Ficamos aqui três anos, morávamos naquela vila militar que ainda está do mesmo jeito, sem reforma. Acho que até eu estou mais preservada que a casa", brinca.

À época, o pai conservador não permitia que a filha desfilasse, foi preciso ajuda da mãe para conseguir andar na passarela, pela primeira vez, aos 14 anos. "Meu pai não deixava, por isso desfilei algumas vezes com a minha mãe no Rádio Clube. Era um desfile simples, com um chá da tarde para as senhoras", lembra.

Quando a família mudou-se para o Rio de Janeiro, Cristina continuou na carreira e atuou nas passarelas do Brasil e países da Europa até os 33 anos, mas admite que melhor fase foi no exterior. "Foi a melhor parte da minha carreira, depois do caminho lá fora, houve um tempo que  não queria mais trabalhar no Brasil, a gente se sentia desrespeitada. Marcavam trabalho às 9h e o maquiador só aparecia às 13h, enquanto na Europa eu ganhava por hora e ninguém atrasava", revela.

Decoração para uma das lojas de Campo Grande. (Foto: Arquivo Pessoal)
Decoração para uma das lojas de Campo Grande. (Foto: Arquivo Pessoal)

Depois de se aposentar dos desfiles, Cristina dedicou-se à arte, com criatividade que segundo ela, "surgiu da alma e da intuição". Há quase duas décadas tornou-se decoradora no Rio de Janeiro pelo sucesso de suas pinturas em porcelana.

"Comecei a vender para as lojas de decoração do Rio, quando entrei nesse universo da decoração de um jeito muito intuitivo. Aos poucos, foram me chamando para decorar tudo, casa, apartamento e empresas, assim o trabalho foi para frente".

Aos 40 anos, a vida como apresentadora de TV bateu à porta. Cristina apresentou até 2010 o programa "Decora Brasil" no canal GNT onde ensinava que é possível decorar o interior de uma casa utilizando materiais acessíveis, transformando ambientes em espaços aconchegantes e cheios de cores.

Uma proposta que segundo a decoradora será um desafio em Campo Grande. "Por aqui, já noto que as pessoas são mais tradicionais e conservadoras na decoração. Elas têm um pouco de medo da ousadia e acredito que vim para trazer essa característica", diz.

O colorido carioca e os detalhes da natureza são os pilares para a inspiração de Cristina. "O povo aqui gosta muito do branco, preto e bege, que eu costumo chamar de cores medrosas", descreve. "Com essa natureza tão exuberante, era para ser uma cidade mais luminosa e colorida", completa.

E é a natureza que, atualmente, mais inspira a decoradora. "Todo dia eu saio nas ruas e ganho de presente uma paisagem linda da cidade. No Rio de Janeiro, eu ficava presa dentro de cenário lindo porque não podia mais curtir o dia e o luar sem sofrer com a violência. Aqui temos as araras e os tucanos", descreve.

Bem disposta, além de mudar de cidade, Cristina também não abre mão da bicicleta. "Vendi meu carro há seis anos e nunca mais comprei outro. Só ando de bicicleta. Me habituei ao táxi, hoje também ao Uber, mas não quero mais carro. A bicicleta me trouxe qualidade de vida, por isso vou para todo lugar com ela, inclusive, para o trabalho".

Comparada à vida carioca, a chegada em Campo Grande ainda assusta, quando o assunto é relação com os campo-grandenses. "Aqui o povo é fechado, mais do que eu imaginava, isso ainda me assusta porque ando na rua dizendo bom dia e boa tarde, mas as pessoas não respondem. Acho que aos poucos a gente vai se habituando".

Para 2018, ela conta que colocou como meta o trabalho para continuar sendo feliz. "Faço tudo o que gosto e a decoração me faz bem. Acho que saúde é isso: fazer o que gosta, estar em paz e ser feliz. Isso é a melhor cirurgia plástica que existe", ensina.

Curta o Lado B no Facebook e Instagram.

Uma das propagandas em 1981. (Foto: Arquivo Pessoal)
Uma das propagandas em 1981. (Foto: Arquivo Pessoal)
Cristina foi modelo até 33 anos.
Cristina foi modelo até 33 anos.
Nos siga no Google Notícias