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Comportamento

Morar sozinho? Nem pensar! Geração canguru não larga o conforto da casa dos pais

Evelise Couto | 03/07/2015 06:23
Watson e os pais em uma de suas viagens. (Foto: Arquivo Pessoal)
Watson e os pais em uma de suas viagens. (Foto: Arquivo Pessoal)

Todo mundo sabe que o Casa de Um fala sobre quem mora sozinho, mas hoje decidimos ir pelo lado contrário e falar sobre aquela turma que mora com os pais e nunca teve a menor vontade de sair do ninho. Existe até um termo pra eles, é a chamada “geração canguru”.

O canguru é aquele bichinho simpático que carrega a cria na bolsa até que ela esteja madura o suficiente para encarar a vida lá fora, mas isso, todo mundo sabe, não é mesmo? Bom, já a geração canguru estica um pouco mais esse período e mesmo prontos para o que der e vier, preferem ainda continuar vivendo pertinho da sua família.

Eu mesma sou um representante legítimo dessa turma. Nunca tive a menor vontade de morar sozinha e, não fossem as circunstâncias da vida, eu provavelmente adiaria por muuuuuito tempo a minha vida de casa de um.

Segundo o IBGE, essa galera tem cada vez mais adeptos. Há cada vez mais jovens de 25 a 34 anos morando com os pais. Para se ter uma ideia, de 2002 a 2012, houve um aumento de quase quatro pontos percentuais nesses números, de 20,5% para 24,3%. Desses, 60% são homens.

O advogado Watson Façanha da Costa está nessa estatística. Aos 32 anos, divide apartamento com os pais e um dos irmãos. Para ele, apesar da falta de liberdade, morar com a família é uma situação bastante cômoda e confortável. Isso não quer dizer, no entanto, que ele fique encostado em casa. Ele garante que também ajuda nas tarefas domésticas como lavar a louça, passear com os cachorros e outras coisas que fazem parte da dinâmica de qualquer residência. O bom relacionamento com os pais ajuda bastante. Eles se dão tão bem que todos os anos planejam uma viagem em família para algum canto.

Lucimar e sua mãe, dona Helena. (Foto: Arquivo Pessoal)
Lucimar e sua mãe, dona Helena. (Foto: Arquivo Pessoal)

A vida no ninho, no entanto, não deve durar por mais muito tempo. O advogado conta que está procurando um cantinho para chamar de seu. “Minha mãe não quer que eu saia de casa. A gente conversou, procurei um apartamento e ela já aceitou isso, mas meio que torcendo o nariz. Meu pai é mais tranquilo. Ambos sabem que eu preciso ir, só que acho que já estão acostumados com minha presença”, conta.

Para o administrador João Victor Varela, de 33 anos, morar com a família é uma ótima chance para economizar: “Tenho a vantagem de não pagar o aluguel”. O lado ruim, principalmente para ele que divide a casa com a mãe e mais duas irmãs, é a falta de liberdade de escolha na hora da arrumação. “Tudo tem que combinar com a decoração da casa, não pode nem mudar a porta do quarto”, explica bem humorado. Ele cita ainda o fato de que não pode chegar tarde em casa, dever explicações e precisar comunicar com antecedência se for levar algum amigo para visitar. Por isso, pretende, antes de se casar, experimentar por um tempo morar sozinho. “Sou muito bagunceiro, mas ainda quero essa experiência”, afirma.

Saindo da faixa dos 25 aos 34 anos, encontramos também muitas pessoas que não deixam a casa dos pais de jeito nenhum. A funcionária pública Lucimar Carrilho já passou dos 40 e nunca pensou em arrumar seu próprio canto para viver, mesmo tendo independência financeira e condições de embarcar nessa experiência. Ao invés disso, ela continua na casa dos pais. “Cheguei a comprar um terreno na rua ao lado, mas ainda não tive coragem de construir. Gosto da convivência, de vermos TV , almoçarmos juntos… Nunca vi necessidade em deixá-los”, conta.

Mas e a privacidade que a vida adulta pede, onde fica? A funcionária pública é categórica em afirmar que isso nunca foi problema, “Posso viajar e ir onde quiser.” Sua relação com os pais, aliás, é tão boa que o que mais a motiva em continuar compartilhando da companhia deles, é essa harmonia tão rara entre pais e filhos que ela encontra em seu lar. Além disso, com os pais na casa dos 80 anos, ela acredita que também chegou a hora de cuidar um pouquinho deles. “O tempo vai passando e você passa a enxergá-los também como filhos”, finaliza.

E você, conhece alguém que continua desfrutando da companhia dos pais mesmo depois dos 30 anos? Conta pra gente lá na nossa fanpage.

*Evelise Couto é jornalista, colaboradora do Lado B e autora do blog Casa de Um, com dicas e experiências para quem mora sozinho.

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