Morte de jornalista em MS inspirou IA que vê antecedentes antes do date
Sabrine criou ferramenta que dá às mulheres o poder da informação para mais segurança nos encontros

Você sabe com quem está se relacionando? Foi a brutalidade do caso da jornalista Vanessa Ricarte que fez Sabrine Matos, de 29 anos, criar uma IA (inteligência artificial) para que as mulheres não ficassem mais à mercê das palavras de companheiros e futuros parceiros. Para ajudar a evitar tragédias como a da sul-mato-grossense, ela desenvolveu uma ferramenta para que as mulheres chequem os antecedentes criminais dos homens antes dos famosos dates, ou encontros amorosos.
RESUMO
Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!
Uma desenvolvedora de Curitiba criou uma Inteligência Artificial que permite verificar antecedentes criminais de possíveis parceiros antes de encontros amorosos. Inspirada pela morte da jornalista Vanessa Ricarte, assassinada pelo ex-noivo, Sabrine Matos desenvolveu a plataforma Plinq, que já conta com mais de 28 mil usuárias. O sistema funciona de forma simples: mediante nome, telefone e data de nascimento, gera um relatório com processos judiciais e avaliação de risco. A consulta, que custa entre R$ 27 e R$ 97, é confidencial e inclui um tradutor jurídico para facilitar a compreensão dos processos. A desenvolvedora busca parcerias para tornar o serviço gratuito.
Ao Lado B, a curitibana explica que o estopim para colocar a ideia em prática foi o choque de ouvir os áudios de Vanessa pedindo ajuda na delegacia e sendo tratada com descaso. A morte da profissional, assassinada pelo ex-noivo em fevereiro, não saiu da cabeça dela.
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“Ouvir o tratamento que ela teve na delegacia me deixou totalmente em choque. Pensei que não tínhamos nenhum tipo de rastreamento sobre isso na cidade, no estado e no país, focado em preservar a anonimidade das usuárias. Trabalho com marketing, tecnologia e dados há mais de 10 anos e este ano, quando vi que existiam plataformas de IA para desenvolver produtos, fiquei com a ideia de fazer algo. Aí vi a reportagem sobre a Vanessa e comecei as pesquisas para desenvolver a plataforma”.
Foram dois meses de pesquisas e preparo da IA. Ela conta que tudo começou em abril, mas que o recurso só ficou disponível ao público em junho. O intuito era que fosse simples, com uma linguagem igualmente simples e acessível.
“É uma plataforma muito simples e você precisa apenas do nome e telefone para conseguir buscar os antecedentes. A parte mais difícil foi fazer o tratamento de dados, ter certeza de que estão certos. Trabalhamos muito na tecnologia para desenvolver isso. O nome Plinq ficou porque eu queria algo curto e internacional”.
Sabrine desenvolveu o recurso com mais duas pessoas, Felipe Bahia e Micael Marques, em uma plataforma de inteligência artificial sueca onde não era preciso conhecimento em programação.
Mas afinal, como funciona?
O processo é fácil. Basta entrar no site, digitar o nome completo da pessoa, telefone e data de nascimento para começar a busca. Em seguida, quem está pesquisando receberá um relatório no WhatsApp sobre os antecedentes criminais, processos judiciais e uma avaliação de risco gerada pela própria IA, chamada de bandeiras: Red Flag (bandeira vermelha), sinal de perigo extremo; Yellow Flag (bandeira amarela), atenção; e Green Flag (bandeira verde).
A IA oferece uma espécie de tradutor jurídico que explica, de forma clara, o que cada processo significa. No caso da Red Flag, ela orienta a usuária a proceder com extrema cautela, considerando que pode haver processos em segredo de justiça que dificultam saber se o homem pesquisado é vítima, acusado ou outra parte.
A Green Flag não significa segurança plena e a ausência de registros públicos não garante que a pessoa não tenha passado por situações que não estejam registradas.
Sabrine destaca que a consulta é confidencial. A pessoa consultada não saberá que a pesquisa foi realizada e que os dados e as buscas da usuária estão protegidos.
“Hoje temos mais de 28 mil usuárias e mais de 30 mil pesquisas realizadas na plataforma. Me surpreendi com o resultado. Já temos mais de 200 casos catalogados de usuárias, como o de uma que ia pegar carona, mas checou na Plinq e descobriu que o motorista tinha condenação por homicídio. Saber que a gente causa impacto na vida das pessoas é surpreendente.”
Apesar de inovador, o recurso não é gratuito, pelo menos por enquanto. A plataforma opera em dois modelos de uso: R$ 27 para consulta avulsa e R$ 97 para consultas ilimitadas.
Segundo Sabrine, oferecer tudo gratuitamente é um objetivo, mas para isso seria necessário que alguma instituição arcasse com os custos, possibilidade que já vem sendo discutida com secretarias de alguns estados interessadas em levar a ferramenta como política pública.
O projeto precisou ser financiado para existir e, até o momento, faturou mais de R$ 250 mil. A expectativa é alcançar três milhões de usuárias futuramente.
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