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Comportamento

Na bagagem de volta para Itália, intercambistas levam o afeto à moda brasileira

Aline Araújo | 28/06/2015 07:32
A italianinha conseguiu conquistar os corações de uma turma enorme. (Foto: Fernando Antunes)
A italianinha conseguiu conquistar os corações de uma turma enorme. (Foto: Fernando Antunes)

Quando ela entrou no aeroporto só se ouvia ecoar o nome “Martina! Martina! Martina!”, entoado por um coro de mais de 40 adolescentes. O choro era livre para quem já estava antecipando a saudade que ia ter da amiga pronta para pegar o voo de volta para a Itália. O Brasil encantou o coração da menina italiana de 17 anos, que pensa muito em voltar a viver por aqui.

Emocionada, a protagonista desta história fez um discurso aos amigos dizendo o quanto os ama e que esse tinha sido o melhor ano de sua vida por ter encontrado no caminho pessoas tão especiais como as que estavam ali. Palavras que foram recebidas com lágrimas nos olhos.

Brasil encantou o coração da italiana Martina, que pensa em voltar ao Brasil. (Foto: Fernando Antunes)
Brasil encantou o coração da italiana Martina, que pensa em voltar ao Brasil. (Foto: Fernando Antunes)

“Foi a melhor experiência da minha vida, a melhor parte do intercambio são as pessoas, não os lugares. No começo foi difícil me adaptar à cultura, ao novo estilo de vida, mas eu faria mil vezes. Valeu muito a pena”, comenta Martina Rosa.

A estudante volta para o país de origem, mas não quer demorar para vir ao Brasil de novo. “Eu não sou mais a pessoa que chegou aqui, eu me sinto parte desse país e por isso sou muito agradecida. Parece um pouco exagerado, mas eu me sinto tão bem no Brasil, o meu problema é que me sinto mais feliz aqui que na Itália”, contou, em um português quase perfeito e uma voz carregada de carinho.

A italianinha conseguiu conquistar os corações de uma turma enorme. Ganhou quatro irmãos aqui no intercâmbio: Letícia Pavão, de 16 anos, e Marcos Pavão de 14 anos, que moravam na mesma casa que ela e, Daniel e Sara Martins, os vizinhos. A admiração é recíproca e a troca cultural, possibilitada pela amizade, também.

Entre a intercambista e os amigos, admiração é recíproca e a troca cultural também. (Foto: Fernando Antunes)
Entre a intercambista e os amigos, admiração é recíproca e a troca cultural também. (Foto: Fernando Antunes)

“No começo foi muito difícil, ela não conseguia entender, a gente tinha que tentar conversar em inglês, depois ela pegou muito rápido a nossa língua e fez muitas amizades”, comenta Daniel. “Ela aproveitou muito o intercâmbio dela, além de falar muito bem, viajou com a gente. Conheceu Curitiba, Ilha do Mel, as cataratas do Iguaçu e Bodoquena! Foi muito bom, tanto para a gente quanto para ela”, completa Letícia.

O embarque foi feito com Martina abraçada em uma bandeira brasileira, assinada por todos os que foram se despedir. Na mala, ela leva uma bagagem carregada de coragem, vontade de realizar outros sonhos e principalmente de comprar as passagens de volta para cá.

No mesmo embarque outro italiano se despedia da família. Além das roupas, Pietro Zingoni também levava saudades, recordações e uma nova maneira de encarar a vida. O rapaz completou 18 anos no Brasil e por aqui chegou a ter duas famílias. Na primeira, não se adaptou muito bem. “Não que eles fossem ruins, a gente só não se encontrou”, explica. Foi quando foi acolhido na família da juíza Raquel Domingues do Amaral, de 43 anos, é que as energias bateram e de cara ele ganhou três irmãos e muitas histórias para contar.

Pietro tinha escolhido o país, não a cidade, mas gostou de ter parado por aqui. Entre outras coisas, ele conta que volta para a Itália com o coração carregado de espiritualidade. “Desde o primeiro dia foi a melhor coisa que me aconteceu.

Aos 18 anos, Pietro conta que descobriu aqui que ninguém está no mundo sem um motivo. (Foto: Fernando Antunes)
Aos 18 anos, Pietro conta que descobriu aqui que ninguém está no mundo sem um motivo. (Foto: Fernando Antunes)

Acho que eu sou muito mais maduro e consciente do que eu quero fazer na minha vida e o intercâmbio é algo que eu acho que todo munto tinha que fazer. Eu acho que os brasileiros tem uma grande espiritualidade, não como uma religião, mas de procurar sempre um caminho. Na Itália a maioria das pessoas são ateias, e essa espiritualidade foi o maior presente que Campo Grande e o Brasil me deram. Eu descobri que a gente não está no mundo sem um motivo”, comentou.

A troca é recíproca tanto para quem conhece um novo país, como para quem recebe uma nova cultura em casa. Raquel é a mãe brasileira de Pietro e foi chamada assim desde o primeiro dia. “Foi uma experiência muito boa, uma troca cultural. Eu já queria que meus filhos fizessem intercâmbio, então quando o Pietro veio para a nossa casa foi uma maneira de eu entender como é, e ele é um menino muito querido. Ganhei mais um filho”, conta Raquel.

Nas malas, vai saudade do afeto, dos amigos e do tempo vivido no Brasil. (Foto: Fernando Antunes)
Nas malas, vai saudade do afeto, dos amigos e do tempo vivido no Brasil. (Foto: Fernando Antunes)
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