Na Coronel Antonino, mãe de três filhos transforma pães em esperança
Sentada ao lado das filhas e de um carrinho, Lidiane garante o sustento da família vendendo pães caseiros

Todos os dias, entre o vai e vem da Avenida Coronel Antonino, Lidiane Thais de Souza Soares, de 36 anos, transforma a correria da rua em sinal de coragem e amor. Sentada ao lado das filhas e de um carrinho, Lidiane garante o sustento da família vendendo pães caseiros sovado e de milho.
Mãe solo de três filhos, um adolescente de 15 anos, a pequena Yasmin, de 7, e Sarah, de 5, Lidiane é dessas mulheres que carregam o mundo nas costas e seguem sorrindo, mesmo que a alma esteja cansada.
“Sarah tem autismo e não tem água no intestino. Precisa de fraldas, remédios, cuidados constantes. Não dá para deixar sozinha, então ela vem comigo. Quando ela tem crises, fica muito agressiva, preciso me dedicar totalmente a ela”, conta.
Foi justamente a condição de Sarah que mudou tudo. Lidiane, que antes trabalhava como operadora de caixa e vendedora, precisou parar. “Hoje, sou eu por elas. Eu me viro, faço o que for preciso. A gente não tem luxo, tem amor. Mas também tem conta de água, de luz, aluguel”, conta.
Além dos remédios e fraldas, Sarah precisa de alimentação específica. “Ela não come carne, não come nada mole. Quando tem infecção, remédio oral não funciona, só injeção.”
Lidiane chega cedo à avenida e só vai embora quando vende tudo ou quando o corpo pede descanso. “Trago uns 20 ou 25 pães. Tem dia que vendo bem, tem dia que passo a tarde inteira para vender um”, diz.
Segundo ela, os pães que vende a R$ 20 cada são mais que alimento, são esperança. “Se eu estivesse pedindo, talvez nem ajudassem. Mas vendo, trabalho por horas e faço por elas. As pessoas veem que estou tentando”, avalia.
Mesmo com a rotina puxada, Lidiane sonha com o básico: “Quero trabalhar, juntar dinheiro e comprar uma casa. Penso na Sarah. Se um dia eu faltar, quero que ela tenha onde ficar. Os outros dois vão seguir, mas ela precisa de mais cuidado. Eu luto por isso”, afirma.
Perguntada sobre o que as filhas significam, ela responde sem titubear: “Tudo. São meu motivo de viver e é por elas que eu estou aqui”, finaliza.
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