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Comportamento

Na Feira Central, Alice monta loja com peças plus size e atende de biquíni

Casada, evangélica e mãe de um menino de 8 anos, ela tira a roupa e veste biquíni na feira sem nenhum receio

Thailla Torres | 09/02/2018 07:22
Quem chega ao local descobre que não é qualquer loja, o cliente é recebido por Alice vestida de biquíni. (Foto: Thailla Torres)
Quem chega ao local descobre que não é qualquer loja, o cliente é recebido por Alice vestida de biquíni. (Foto: Thailla Torres)

Há uma semana a professora Alice de Souza Nascimento, de 32 anos, abriu na Feira Central uma loja de biquíni plus size. Mas quem chega ao local descobre que não é qualquer loja, o cliente é recebido por Alice vestida de biquíni, cheia de simpatia e mostrando o poder que tem.

Se houvesse um prêmio de mulher empoderada, neste dia, esse título iria para Alice. Casada, evangélica e mãe de um filho de 8 anos, ela tira a roupa e coloca a moda praia na feira sem nenhum receio. Tudo para mostrar como o corte das peças funciona nas curvas e, ao mesmo tempo, deixar as clientes à vontade para escolher entre os vários modelos.

A ideia surgiu, praticamente, da noite para o dia conta. “Eu também sempre quis usar roupa da moda e com o tempo a gente vai encontrando alguns modelos que se enquadrem na moda plus size. Mas eu não vi isso nas lojas de biquínis, eles sempre ficam pequenos, com um recorte desconfortável que não deixa a gente a vontade numa piscina ou praia”.

Biquinis custam R$ 80.00 e maiô R$ 60. (Foto: Thailla Torres)
Biquinis custam R$ 80.00 e maiô R$ 60. (Foto: Thailla Torres)

Por isso, Alice tomou a iniciativa de fabricar os próprios biquínis. Fez o desenho, comprou tecidos e levou para uma costureira no Camelódramo que colocou os planos de Alice em prática. “Quando eu vi os biquínis, fiquei encantada, porque ela é muito profissional. E eu tive o cuidado de escolher uma malha de qualidade, que principalmente traz conforto para as mulheres”.

Por isso, decidiu abrir uma loja. “Essa costureira chegou a colocar os biquínis à venda, mas não teve sucesso, porque não é o público dela. Então, eu decidi que abrir minha loja no bairro Pioneira, mas o aluguel é absurdo”.

Com pouco, Alice transformou o espaço pequeno em loja colorida, com paredes que receberam tecido de chita, um provador e os biquínis que ela faz questão de demonstrar.

“No primeiro dia eu coloquei o biquíni e algumas mulheres passaram assustadas. Os homens ficam olhando, muitos em tom de curiosidade. Mas não me importo. A mensagem é mostrar que a mulher tem todo direito de usar um biquíni, seja magra ou cheia de curvas”, explica.

Loja abre quarta, sexta e sábado.
Loja abre quarta, sexta e sábado.

Alice já apareceu aqui no Lado B, contando a história do filho com deficiência auditiva, mas volta a ser matéria pela atitude que tem chamado atenção na Feira.

Ela conta que nunca teve o perfil de mulher magra. “Sempre tive muitas curvas, mas até então pesava só 60 kg”.

Quando engravidou, há 8 anos, chegou a pesar 85 kg e depois que o filho nasceu, nunca mais saiu do 83 kg. “Não foi uma situação fácil. Meu marido era magro e professor de educação física. As pessoas questionavam ele ter uma esposa gordinha”.

O processo de aceitação do próprio foi difícil, até 2014. “Eu ficava triste, não conseguia achar roupa e demorava horas para me arrumar”. Alice tinha pouco conhecimento sobre o significado de ser uma plus size. Até que marido fez nascer nela a ideia de concorrer a um concurso de miss.

“Quando ele me falou eu fiquei muito brava, achei que estava falando comigo em tom de deboche. Mas quando passou o nervoso, resolvi pesquisar um pouco mais e descobri um universo além do estético, mas de aceitação e, principalmente, amor pelo próprio corpo”.

A empresária diz que o conhecimento deixa de lado o estereotipo de mulher desleixada. “Porque muita gente pensa que ser plus size é isso, mas na verdade é uma mulher que se aceita, tem curvas, mas se cuida e também leva uma vida saudável.

Depois de ganhar o título de miss plus size Mato Grosso do Sul e ficar entre as 10 do Miss Brasil, Alice tornou-se outra mulher. Hoje, afirma que não tem mais a intenção de emagrecer. “Hoje eu quero mais desse movimento, vejo que o Estado é muito parado em relação a isso, deixa muito a desejar. Por isso, eu quero provocar essas mulheres, para que elas se olhem e não sintam vergonha do próprio corpo".

A loja abre quarta, sexta, sábado e domingo, os mesmos dias de funcionamento da feira. A diferença é o horário de sexta-feira. Por ser adventista, Alice só trabalha até às 17h e só retornar após o por do sol de sábado.

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