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Comportamento

Natal de 2012 é lembrança do último dia que João sentiu o corpo se movimentar

Depois do acidente a única solução foi se reinventar para não perder a vontade de viver

Willian Leite | 29/07/2018 08:55
João sua caneta touch e a prancheta improvisada, material que ele usa para trabalhar. (Foto: Willian Leite)
João sua caneta touch e a prancheta improvisada, material que ele usa para trabalhar. (Foto: Willian Leite)

O que era para ser uma tarde de diversão e confraternização em família, foi o último dia que João Francisco Vieira dos Santos, de 28 anos, sentiu os movimentos do corpo. Um acidente no Rio Miranda na região rural de Bonito o deixou tetraplégico. Ao Lado B, João conta que se lembra com muita clareza de tudo. Ele só pensava em sobreviver, lembra.

O acidente aconteceu às 15h30 do dia 25 de dezembro de 2012 e mobilizou todos que estavam no local. João relembra o "desespero total": os familiares e amigos só choravam por não terem certeza do que iria acontecer com ele a partir daquele momento. "Na hora que me tiraram da água desacordado, meu irmão fez respiração boca a boca e voltei à consciência. Naquele momento a primeira coisa que eu disse foi; meu irmão não me deixa morrer, eu só queria me divertir", relembra.

Nestes seis anos pós-acidente, tudo na vida de João precisou ser reorganizado, então encarregado de produção em um box no Mercadão Municipal em Campo Grande, ficou por três meses internado na Santa Casa. E só depois de alguns dias teve a certeza de que não iria mais andar. "No primeiro atendimento ainda no Hospital regional de Aquidauana, o diagnóstico era de que não havia mais o que fazer. Chegando aqui só tinha certeza que não conseguia mais me mexer, foi um baque pra mim", conta.

João tomando banho um ano antes no mesmo rio que se acidentou em 2012. (Foto: Arquivo Pessoal)
João tomando banho um ano antes no mesmo rio que se acidentou em 2012. (Foto: Arquivo Pessoal)

Na Santa Casa, João ficou 25 dias esperando por uma cirurgia. Entubado, não sabia se era dia ou noite a única coisa que sentia era tristeza ao ver seus familiares sofrendo. "Me lembro que acordava sempre na hora da visita, e quando percebia que algum deles entrava eu só chorava", lamenta.

Hoje após seis anos do acidente, ele se reinventou e com uma prancheta improvisada e uma caneta touch descobriu nova vida, além da limitação. "No início foi uma barra me acostumar com toda essa mudança, mas agora tenho certeza do valor que a vida tem. Meu pai e eu até abrimos uma empresa em parceria, e toda a parte de vendas e divulgação sou eu quem faço", diz.

A nossa equipe João diz que não tem do que se queixar, com a situação ele aprendeu que limitações físicas não são motivo para perder a esperança e a vontade de sonhar. "Eu espero que um dia possa voltar a ter os movimentos do meu corpo, sei que não é fácil, mas todos os dias eu persisto de uma forma para não estagnar. Meu principal objetivo hoje é estar em paz com minha família".

De toda essa história da vida real, João diz que cada minuto da vida tem que ser valorizado, porque segundo ele o tempo não volta atrás. "A vida não para, porque é como uma viagem, só depende de nós, se quisermos ir de janela fechada ou aberta vendo o tempo passar, e por isso vou continuar lutando pelos meus sonhos e objetivos",finaliza.

Com uma caneta improvisada, ele se comunica e ajuda o pai nas vendas em uma empresa de churrasqueiras. (Foto: Willian Leite)
Com uma caneta improvisada, ele se comunica e ajuda o pai nas vendas em uma empresa de churrasqueiras. (Foto: Willian Leite)
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