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Comportamento

No Jardim Veraneio, Cláudia faz feijoada para ajudar amigos desempregados

Na tarde do último domingo, amigos prestigiaram a feijoada da Tia Cláudia com roda de samba

Willian Leite | 17/07/2018 08:30
Tia Cláudia ficou pequena em meio a tanto carinho dos amigos. (Foto: Willian Leite)
Tia Cláudia ficou pequena em meio a tanto carinho dos amigos. (Foto: Willian Leite)

Após perder a mãe e o irmão em menos de um mês, Ana Cláudia dos Santos Rocha, de 54 anos, a "Tia Cláudia" como é chamada, decidiu pedir aposentadoria. Em maio de 2015, depois de trabalhar 25 anos como escrivã da Policia Civil, foi para casa cuidar do pai doente. Mas ela não fica parada. No fim de semana, organizou uma feijoada para arrecadar dinheiro com objetivo de abrir um restaurante e assim empregar alguns amigos que estão desempregados. Cláudia providenciou tudo e ainda bancou o evento de domingo (15), em uma chácara no Jardim Veraneio em Campo Grande com feijoada e roda de samba.

"Uma semana antes da feijoada saiu meu pagamento e com meu dinheiro comprei todos os ingredientes para fazer a feijoada. O que importa é ajudar os meninos que estão precisando e, se eu posso ajudar porque não?", justifica.

O local simples reuniu gente de todas as idades, foi uma mistura que deixou o ambiente mais que divertido, a pista permaneceu cheia durante todo o evento ao som do grupo de pagode Pegada de Macaco.

"Isso aqui pra mim significa tudo que lutei para ter durante toda a minha vida que são minhas amizades, estou  realizada, essa imagem vai com certeza ser eternizada em minha mente, todos os meus amigos reunidos em um dia, para confraternizar e ajudar o próximo".

Jocileide Barboza dos Santos, de 40 anos, é cabeleireira e está desempregada há meses. Trabalhar na feijoada foi uma ajuda para colocar a vida financeira nos trilhos. "Quem não quer ganhar seu próprio dinheiro? Ter um trabalho é tudo e ela vai me dar uma oportunidade que estou há tempo procurando", elogia.

Cláudia com os meninos do Pegada de Macaco que animaram a festa. (Foto: Willian Leite)
Cláudia com os meninos do Pegada de Macaco que animaram a festa. (Foto: Willian Leite)
Na mesa do buffet os olhos da "tia Cláudia" estiveram o tempo todo atentos. (Foto: Willian Leite)
Na mesa do buffet os olhos da "tia Cláudia" estiveram o tempo todo atentos. (Foto: Willian Leite)

Durante cinco horas, o ingrediente principal foi a alegria. "Não adianta você ter dinheiro, boa comida e carro do ano se não tiver com quem partilhar ou conversar. Vale muito mais um sorriso e um abraço apertado do que viver só. Então eu agradeço a Deus por cada um que está aqui", enfatiza Cláudia.

Um dos integrantes do grupo de pagode Pegada de Macaco, Deivison Vicente Ferreira, de 34 anos, que ficou responsável pela animação do evento, é sobrinho de Cláudia e de prontidão atendeu o pedido, os meninos que geralmente cobram cachê para tocar fizeram a alegria da festa de graça.

"Ela significa tudo pra gente! É nossa mãe e já são mais 15 anos de convivência, nosso relacionamento é de filho e mãe, a bondade do coração dela não existe, faz questão de fazer almoço qualquer dia da semana. Amiga pra todas as horas e conselheira esta sempre pronta a ajudar o Próximo", define Deivison.

A história de Cláudia que se passou parte dentro da Polícia Civil, nem sempre foi de alegrias. Ela conta que por vezes sofreu racismo por ser negra e estar atuando no serviço público. "Um certo dia estava na delegacia e veio uma mulher e disse em bom e alto tom, não quero ser atendida por você, questionei o porquê, e ela não se exitou em responder e disse: Porque eu não quero ser atendida por macaco", relata.

Na pista, Cláudia também deu show. (Foto: Willian Leite)
Na pista, Cláudia também deu show. (Foto: Willian Leite)

Para o encanador Jair Roberto de Brito, de 33 anos, vocalista do grupo Pegada de Macaco, ter Cláudia por perto é sinônimo de segurança. Ele conta que já passou por situações que precisou de ajuda e quem estendeu a mão foi Cláudia. "Além de me ajudar com apoio moral ela fez muito pela nossa formação inclusive pagando curso para o Deivison que não tinha condições", afirma.

Cláudia afirma que o evento de domingo foi a prova do quanto é amiga de todos. "Se eu pudesse dar um pedaço do meu amor pra cada ser vivente, eu daria, hoje tem um menino que está me ajudando que há um mês saiu das drogas e está em recuperação, um amigo veio me perguntar se podia ajudar e ele dormiu aqui me auxiliando e cuidando as panelas, se cada um colocasse que seja um por cento de bondade no coração, com certeza muitas coisas seriam diferente".

A doença do pai e a perda do irmão e mãe fizeram Cláudia se tornar uma mulher caseira, mas todos os dias o entra e sai de amigos é intenso, conta.

"Meu maior prazer é que meus filhos sigam aquilo que eu ensinei, isso basta. Ser honesto e fazer o tudo que quero pra eles e por isso que estou aqui me dispondo em fazer esse evento para ajudar os meninos, porque o que vai propagar minha eternidade será o bem o amigos que deixei, eles vão se lembrar pra sempre de tudo que fiz enquanto passei por aqui", finaliza.

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