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Comportamento

No salto da saudade, morador da casa amarela colore avenida de árvores

Paula Maciulevicius | 30/04/2017 07:15
No gramado que separa avenida larga da rua que estreita a saudade, o colorido vem das plantas. (Foto: Simão Nogueira)
No gramado que separa avenida larga da rua que estreita a saudade, o colorido vem das plantas. (Foto: Simão Nogueira)

Na altura do bairro Jardim Bonança, a Avenida Lúdio Coelho tem pontinhos coloridos por um gramado todo verde, e de dentro deles, saem mudas que serão árvores, plantas e flores. O autor da obra é o morador da casa amarela, que, na Rua Salto da Saudade, não se bastou só com a cor do muro e quis pintar a vizinhança de alegria.

Usando as palmas como campainha, quem toca na casa é recebido por Gilson, que responde com a cabeça que sim, foi dele a ideia de plantar as mudas em frente à rua. "Quando eu adquiri esta casa, aqui na frente era só gramado e, quando chovia, descia toda a água do bairro, transbordava e parava muito lixo", conta o chaveiro Gilson Silva, de 47 anos.

Depois de reclamar para o presidente do bairro, ele começou a plantar, e isso já tem seis meses. A primeira delas é uma ficus, que fica estrategicamente em frente da casa amarela. "É uma árvore grande que vai proteger e fazer sombra para a gente", explica.

Gilson é o morador da casa amarela que plantou árvore para ter sombra. (Foto: Simão Nogueira)
Gilson é o morador da casa amarela que plantou árvore para ter sombra. (Foto: Simão Nogueira)

Mas não seria justo que só ele tivesse sombra, não? A movimentação se estendeu para todo o terreno que divide a larga avenida, da rua que estreita a saudade no peito. "Eu chegava para trabalhar numa casa, olhava umas plantas assim que eu gostava e pensava: 'lá precisa de árvore', aí fui plantando", conta.

Para proteger as mudas da chuva, Gilson fez velhos pneus, que encontra pela rua, de vasos. "Peguei, coloquei terra e plantei adubo. Ele segura para a água não levar", explica a função. Mas e o colorido? "Ah, isso foi para dar um diferencial", justifica.

Da ficus para ipês e flores. Dia desses, a vizinhança ganhou 20 novas mudinhas. "Todo mundo gosta. Foi uma boa atitude, não é? Quando eu comecei a fazer, um vizinho achou bom e trouxe um pneu, o outro de lá também. Eu até pedi permissão para eles", narra.

O projeto é de estender o quintal da vizinhança até a ponte que fica ali bem próximo. "Só que daí eu ia precisar de mais umas 40 mudas", calcula o chaveiro.

Pneus são pintadinhos. (Foto: Simão Nogueira)
Pneus são pintadinhos. (Foto: Simão Nogueira)
Para dar uma "diferenciada". (Foto: Simão Nogueira)
Para dar uma "diferenciada". (Foto: Simão Nogueira)
Rua traz saudade ao morador que cresceu ali, foi embora e voltou. (Foto: Simão Nogueira)
Rua traz saudade ao morador que cresceu ali, foi embora e voltou. (Foto: Simão Nogueira)

Se as plantas colorem a vida, Gilson responde que sim. "Como tudo o que você faz com carinho e com amor, fica colorido", responde do alto da saudade. E sobre a rua... os olhos até se enchem de lágrimas. 

"Como eu posso dizer para você... Quando eu vim para cá, com 11 anos, tinha perdido meu pai em Brasília. Minha avó morava na rua de cima, minha tia também, e aqui era tipo uma favela", recorda. Mas do menino ao homem de hoje, os anos lhe deram outros endereços, e entre idas e vindas, Gilson voltou ao bairro. 

O asfalto trouxe desenvolvimento à região, segundo lembra o morador. "E aí colocaram o nome da rua. Então, me traz saudade daquele tempo... É um nome pesado nas costas de alguém que já veio batalhando muito e graças a Deus deu um salto, deixando muita saudade para trás", encerra o morador da casa amarela.

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