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Comportamento

Noivas da "era tablet" viram um terror na hora de sonhar com cerimônia

Paula Maciulevicius | 03/09/2013 06:25
A decoradora faz uma média de dois casamentos por semana (Foto: Marcos Ermínio)
A decoradora faz uma média de dois casamentos por semana (Foto: Marcos Ermínio)

Nos últimos três anos, o trabalho de quem está no mercado dos casamentos se complicou. As noivas chegam munidas de tablets e querem a festa dos sonhos reproduzida exatamente como as imagens que selecionou. As decorações nem sempre são viáveis e muitas das vezes a inspiração que elas tiram das páginas da internet são do país a fora. Realidade bem diferente de Campo Grande.

Quem trabalha para tornar os sonhos realidade passou a ver nas noivas um pesadelo. Às vésperas da cerimônia, na era da tecnologia a palma da mão, o excesso de informação e sinônimo de terror para quem está do outro lado. A rapidez com que elas acham as tendências em casamentos até do outro lado do mundo está longe de ser a mesma com que as coisas chegam por aqui. A diferença entre o virtual e o real, é neste caso, gritante.

Decoradora há 25 anos, Maria Inês Martinusso tem uma média de dois casamentos por semana. É terminar um e já por em prática o outro. Como geralmente se tratam de cerimônias mais luxuosas, o preparo para o grande dia exige um ano de antecedência.

Ela quem repara que há dois anos ou três anos, os desejos se tornaram bem menos palpáveis. “Primeiro era o computador, a noiva já chegava com várias imagens, eu vi isso, eu gostei disso, eu quero isso. Mas elas não têm noção de quanto custa”, comenta.

As decorações carregadas em flores hoje estão em preços impraticáveis. A beleza natural de arranjos encareceu a ponto de, numa comparação rápida, Maria Inês contabilizar que o gasto de R$ 10 mil, antes considerado o valor de uma decoração estrondosa, hoje se limita a poucas coisas no salão.

A saída é tentar explicar que muitos dos sonhos estão bem longe da realidade do mercado em Campo Grande. “Ela olha uma revista e fala eu quero essa jabuticabeira, mas o pé era plantado dentro do salão. Uma decoração dessa vai, no mínimo, R$ 500 mil. E elas querem aqui fazer a mesma coisa com R$ 5 mil”, exemplifica.

A decoradora mostra que a imagem retirada de uma decoração de São Paulo, tem nos créditos, além da assinatura de produção, quem fez os móveis, os puffs, as flores, iluminação. “O mercado onde ela vê oferece tudo isso e muito mais para escolher, mas aqui isso não existe. Ninguém consegue fazer tudo”, comenta.

Vendo a ditadura das noivas no mercado das cerimônias, ela agora montou uma loja de artigos para a festa. Desde guardanapos, pratos e suplás, até os móveis. Investimento alto, mas que ainda assim reduz o custo de quem teima em querer um casamento de revista.

“Quem dirige tudo isso são as noivas e os tablets. Ninguém consegue barrar, faz parte do crescimento. Hoje elas já vem com muita informação e às vezes não sabe nem o que fazer com isso”.

Quando a troca de alianças passa a ser um show, se o mínimo dos detalhes não sai como planejado, é certo que a culpa está na decoração. “Elas vem sonhando que vão ter a florzinha igual da revista importada, chega no dia e não está, já fecham a cara. Depois chora, esperneia e põem a culpa na gente. A noiva tem que procurar fazer o que lhe agrade não é porque você não pode ter um forminha de R$ 2 cada que você vai ser infeliz. Não é isso que vai deixar seu casamento pobre”, tenta a decoradora, muitas vezes em vão, convencer as clientes.

No fim das contas, se a noiva insiste muito, a decoradora com toda classe, deixa que ela fique à vontade para procurar outro profissional. “É uma troca. Você precisa confiar muito no profissional para que ele consiga encaixar, dentro do seu orçamento, aquela decoração e fazer com que a noiva fique feliz. E não é fácil”, já adianta.

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