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Comportamento

Para ocupar ruas pedalando, grupo ensina mulheres até a trocar pneu de bike

A "Cicletada de meninas" ocorreu no fim de semana e contou com nove participantes que trocaram experiências e dicas de trânsito

Alana Portela | 21/10/2019 07:42
Na bicicleta, as meninas se divertem quando vão pedalar (Foto: Alana Portela)
Na bicicleta, as meninas se divertem quando vão pedalar (Foto: Alana Portela)

Para incentivar as mulheres a ocuparem as ruas de Campo Grande, grupo realizou a “Cicletada de meninas”, no fim de semana. “A proposta é fazer com que a gente use mais esse meio de transporte. Damos dicas de conforto, segurança, higienização, tentamos nos unir e sempre estamos atentas para ajudar as outras. A ideia também é diminuir a quantidade de carros e reduzir o engarrafamento. Um estudo mostra que quanto mais mulheres na rua, mais segura é a cidade”, afirma Cintia Possas.

Ela é bióloga e comenta que o evento é para demonstrar que as ruas também pertencem às mulheres. A pedalada iniciou em 2018, numa manhã de primavera, no Chile. “Em abril deste ano fizemos a segunda edição no Equador. Essa é a terceira versão maior e ambiciosa. O convite é para toda a América do Sul. Esse pedal é para meninas e mulheres que andam de bicicleta todos os dias”.

Cintia pedala desde 2014, com o coletivo “Bice nos Planos”. “É um meio de locomoção não poluente. Durante o Rio + 20 começamos a dar palestras falando sobre a importância de trocar o carro pela bicicleta. Ainda não é meio principal de transporte, por conta das crianças, mas sempre que posso a escolho. Temos saída pra tudo, só precisa encontrar os caminhos”.

Cintia Possas mostra a toalha de nadador para secar o suor (Foto: Alana Portela)
Cintia Possas mostra a toalha de nadador para secar o suor (Foto: Alana Portela)
Lauriane Souza à esquerda, e Ingrid Mamed prestaram atenção nas dicas  (Foto: Alana Portela)
Lauriane Souza à esquerda, e Ingrid Mamed prestaram atenção nas dicas (Foto: Alana Portela)

Em Campo Grande, 9 mulheres se encontraram na Praça do Rádio, onde trocaram experiências. As meninas chegaram cedo e começaram a confeccionar plaquinhas artesanais, com papelão e canetinhas. Depois ficaram mais confortáveis com o piquenique com frutas. Em seguida, pegaram as bikes e pedalaram na Avenida Afonso Pena. Depois, subiram pela Rua 14 de Julho até chegar à Avenida Mato Grosso e descerem na Avenida Calógeras. Ao todo, foram oito quilômetros de percurso.

Michele Torres faz parte da “Bici nos Planos” e comenta que a pedalada é por mais autonomia e segurança. “A princípio, 12 países participam da ‘Cicletada de Meninas’, mas é nosso primeiro evento como comissão para tratar de gênero. A gente precisa ocupar as ruas para que outras mulheres ocupem também”.

A fotógrafa, Lauriana Souza pedala há anos. Ela é de Corumbá, mas veio morar em Campo Grande onde notou a importância de uma bicicleta. “Percebo que ter esse ativismo é importante, principalmente para mulheres. A bicicleta me salva muito, mas a noite tento evitar por questões de segurança”, explica.

A estudante, Ingrid Mamed começou a usar a bike após passar por situações difíceis nas ruas. “Andava a pé, mas comecei a sofrer violência e agora, pedalando, me sinto segura. É uma sensação de liberdade por andar sem medo”, diz.

Laura Machado é professora e pedala há quase um ano. Está tentando trocar o ônibus pela bike, porém ainda não conseguiu por conta da segurança. “No percurso da minha casa tenho que atravessar um local deserto, mas prefiro ir de ônibus. Amo pedalar e quando vou para o trabalho de bicicleta é como se fosse lazer”.

Para ela, é preciso que mais mulheres encarem a bike. “É por independência e liberdade. É importante também discutir a questão do gênero devido ao machismo que sofremos todos os dias”, destaca.

Colete refletor, toalha de nadador, corrente e outros acessórios ajudam na segurança (Foto: Alana Portela)
Colete refletor, toalha de nadador, corrente e outros acessórios ajudam na segurança (Foto: Alana Portela)

Dicas - Falando em assédio, a bióloga, Cintia Possas, aproveitou o momento com as meninas para dar dicas de segurança. “A bicicleta dá velocidade, e o risco de assédio é menor, mas não evita que aconteça. Por isso, falamos que quando a ciclista vai passar em uma rua escura e com homens, tem que desligar a lanterna para atravessar. Assim eles não percebem que quem está alí é uma mulher”.

Uma toalha de nadador ajuda na higienização do corpo. “Se tiver suado é só passar ela, que seca mais que toalha de pano. A luva é importante porque a mão é a primeira coisa que vai para o chão quando cai. Tem também ferramentas para remendar a corrente caso ela arrebente”, explica a bióloga.

É bom sempre estar com uma lanterna, para ser o “farol” nas noites. Os pedais têm que estarem com o s refletivos, assim como nas duas rodas. As meninas ainda dão dicas de como remendar, trocar e encher um pneu para não depender dos outros. Contudo, para conseguir tudo isso é preciso colocar as ferramentas numa mochila e amarrar na garupa da bicicleta.

Entre os acessórios uteis para as pedalas estão; colete e adesivos refletores, corrente, remendos e espátulas para remendar o pneu.

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As meninas fazendo pose nas bikes (Foto: Alana Portela)
As meninas fazendo pose nas bikes (Foto: Alana Portela)
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