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Comportamento

Para sobreviver à leucemia, paciente recorre aos japoneses de Campo Grande

Paula Maciulevicius | 18/11/2014 06:12
Fabiana mora em Brasília e busca na colônia japonesa daqui, um doador de medula compatível. (Foto: Daniel Oliveira)
Fabiana mora em Brasília e busca na colônia japonesa daqui, um doador de medula compatível. (Foto: Daniel Oliveira)

Como a única possibilidade de sobreviver está nas mãos de um desconhecido, a família de Fabiana Ikeda de Oliveira, servidora pública, de 37 anos, busca doadores compatíveis para um transplante. Nascida em São Paulo, mas residente em Brasília, ela descobriu a leucemia há um mês e ao mesmo tempo ficou sabendo que achar doadores, no caso dela, é ainda mais difícil.

Japonesa, a probabilidade de orientais serem compatíveis entre si é bem maior, mas o número de japoneses cadastrados é pequeno. O pedido de ajuda chegou ao Lado B pela sobrinha da servidora pública que morou em Campo Grande por cinco anos, na tentativa de encontrar um doador onde reside a segunda maior colônia japonesa do País.

O diagnóstico de Fabiana é Leucemia Linfóide Aguda. Na luta contra o tempo, ela precisa de um transplante de medula óssea com urgência, a partir de um doador 100% compatível. No Facebook, no Instagram e no site da campanha Você pode salvar Fabiana Ikeda, a família divulga a dificuldade dela e de outros 113 pacientes descendentes de asiáticos. 

Os dados da Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea) mostram que apenas 3,44 % dos doadores de medula óssea cadastrados são orientais ou descendentes, número insuficiente em comparação às centenas que aguardam na fila. "Para garantir que todos os doentes descendentes encontrem doadores, o número de orientais cadastrados precisaria ser muitas vezes maior. Não existem estudos que demonstrem a proporção necessária. Apenas sabe-se que o número ainda é insuficiente", sustenta a família.

Fabiana é servidora pública federal, esposa e mãe de dois filhos, Gabriel de 14 e Tarsila, de 9. A família toda sabe que quanto mais tempo passa, menores são as possibilidades de cura em razão dos riscos da doença se agravar. Hoje, Fabiana se encontra internada num hospital de Brasília.

Ao Lado B, o marido que é jornalista, Daniel Oliveira, levantou explicações com o médico hematologista Alexandre Hirayama, que descreve que qualquer pessoa, independente de origem, raça, cor ou etnia pode ser compatível com orientais e vice versa. Porém, os orientais mongólicos - de raça amarela - têm mais probabilidade de serem compatíveis entre si. “Porque há uma semelhança genética muito forte entre essa população, o que facilita encontrar doadores”, reproduz a fala do médico de Fabiana. Quanto menos miscigenação na composição do DNA, maiores são as chances de encontrar doadores 100% compatíveis num mesmo grupo racial.

Fabiana é 100% japonesa, por ter os avós maternos e paternos japoneses. (Foto: Reprodução/Facebook)
Fabiana é 100% japonesa, por ter os avós maternos e paternos japoneses. (Foto: Reprodução/Facebook)

O engajamento da família nas redes sociais e especificamente aqui na Capital é para levar a colônia japonesa ao cadastro e no geral, chamar atenção da população para a atualização dos dados. Geneticamente, Fabiana é 100% japonesa, por ter os avós maternos e paternos japoneses.

Outra luta da família é pela abertura do banco de doadores do Japão, ainda desprezado na busca principal. Daniel denuncia a maneira como o governo federal realiza a busca de pessoas compatíveis. “A minha esposa é brasileira. Porém, ela é 100% geneticamente japonesa. Mesmo assim, o INCA (Instituto Nacional do Câncer), ignora o banco de doadores do Japão em suas buscas principais”, explica.

De acordo com Oliveira, o Governo Federal procura o doador, primeiro, em vários países do mundo não orientais, na Europa e até na África, e, se não encontrarem, só então cadastram por último no Japão. “O que faz sentido para doentes brasileiros (de origem não asiática), mas não tem lógica quando o receptor na fila de espera é de raça amarela”.

Como doar medula Óssea - Em Campo Grande, o Hemosul está em reforma, mas a coleta de doadores de medula óssea está sendo feita nos bancos de sangue da Santa Casa, Hospital Regional e Hospital Universitário.

Ao se dirigir a um banco de sangue, o doador terá colhida uma pequena amostra de sangue (de 5 a 10 ml) e realizado um cadastro. Não há custos e tudo acontece bem rápido. No caso do DNA ser compatível com o de Fabiana ou outra pessoa dos 1,1 mil que aguardam por um doador, o Centro entra em contato para fazer uma avaliação de saúde e a realizar a doação.

O transplante de medula óssea é um procedimento seguro, rápido, sem dor, realizado em ambiente hospitalar, sem nenhum prejuízo à saúde. A doação não é direcionada e quem se cadastra fica disponível, automaticamente, tanto para a Fabiana como também a todos que estão na lista.

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