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Comportamento

Parada pega no pé de loja, mas ainda diverte e consegue levar famílias ao evento

Anny Malagolini | 23/11/2013 21:10
Arco-íris é o símbolo da luta pelo respeito à diversidade.
Arco-íris é o símbolo da luta pelo respeito à diversidade.

Ao som do “hino” gay, a parada começa com música “Will Survive”. Apesar da festa, o momento foi de conversa séria e politizada. Mesmo “Massante”, na avaliação de uma das organizadoras, o preconceito tem de ser debatido e é essa a ideia do evento. “Não queremos ser igual São Paulo, comercial. Lá perdeu o foco, nós queremos resolver o problema”, afirma Cris Stefany.

E mesmo com o tom bem humorado do evento, na hora de lembrar quem "pisa no calo" do movimento GLBT, a reclamação é feroz. Sobre o trio elétrico, o momento tenso da parada ocorreu ao cruzar com uma loja que não aceita atender travestis. A "Le Moulin" virou alvo e até fechou as portas durante a passagem, com direito a palavras duras dirigidas por quem comandava o trio.

Segundo a gerente da casa especializada em depilação, Beth Lima, de 38 anos, o fechamento das portas foi medo de represálias. “Todos os anos eles param ali e fazem esse discurso”, comenta ela, que é gerente do local há 7 anos.

Ela também afirma, que a loja não depila travestis, mas que o comércio abre as portas para que as clientes olhe as roupas e provem os produtos que são vendidos. “As próprias mulheres reclamam, por isso não atendemos. Elas não aceitam”, argumenta.

Segundo ela, há dois anos, as funcionárias da loja eram até proibidas de saírem do expediente usando o uniforme, com medo de sofrerem algum tipo de violência no dia do evento e tenta explicar: “É a postura da loja e temos que respeitar”.

Família na parada.
Família na parada.

Alegria - Mas apesar da briga de anos, o glamour da festa esteve presente, com o brilho e alegria sempre esperada por quem participa.

De salto alto e de leque, o estudante Clóvis Jesus participou de todo o percurso da parada e sentiu na pele o que é ficar em cima do salto por horas: “É duro ser mulher”, brinca. Pela primeira vez na parada, o estudante conta que escolheu a roupa para o evento inspirado na ideia da famosa parada paulistana. “Vim para ter respeito, desde dentro de casa até as pessoas da rua, to gostando disso”, confessa.

Além do público menor que a parada de São Paulo, a ideia dos organizadores era trazer a família para o evento, e tirar o ar de “balada”.

“Não basta ser mãe, tem que participar”, afirma a diarista Lucia Ribeiro, de 48 anos, que foi ao evento na companhia da família, para apoiar o filho Willian do Carmo, de 23 anos, que é homossexual.

Lucia conta que quando o filho disse ser gay, a reação não foi das melhores. A rejeição do mundo e os obstáculos que Willian iria enfrentar eram os grandes medos, revela: “Não esperava, mas fiquei feliz por ele se assumir e o aceitei como é”.

Ela também diz que após o “baque”, o conselho que deu ao filho foi seguir de cabeça erguida. “O estudo afasta o preconceito”. E filho obediente que é, Willian está cursando sua segunda faculdade, de designer de interiores. Mas mesmo com o apoio, revela que nunca beijou em frente a mãe. “É por respeito”, explica.

O sindicalista Mailor Vargas Marcondes, de 49 anos, foi a parada deste ano vestido de onça. A ideia era representar a onça do pantanal sul-mato-grossense e homenagear os índios do Estado. Bissexual assumido, ele participa do evento ao lado da filha, Caine Pereira Marcondes, de 22 anos, que é homossexual.

Vergonha? “Eu tenho orgulho do meu pai”, afirma Caine, que contou que hoje mora com a esposa e com o pai em uma mesma casa. “Nos divertimos, vencemos preconceitos e tabus”, acrescenta Mailor.

Mailor Vargas Marcondes, de 49 anos, foi a parada deste ano vestido de onça.
Mailor Vargas Marcondes, de 49 anos, foi a parada deste ano vestido de onça.
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