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Comportamento

Parte da bacia “explodiu” e Patrick voltou a andar mesmo com laudo de morte

Acidente de moto causou a maior lesão da ortopedia e 6 meses depois, milagrosamente, o osso estava colado

Danielle Valentim | 29/01/2020 07:11
Mais recuperado, impossível, Patrick retoma as atividades do cotidiano aos poucos. (Foto: Arquivo Pessoal)
Mais recuperado, impossível, Patrick retoma as atividades do cotidiano aos poucos. (Foto: Arquivo Pessoal)

Aos 26 anos, Patrick Kurth viu o filme da vida passar por seus olhos ao receber a notícia que não sobreviveria às lesões causadas por um acidente de moto. A batida contra um poste, a dois dias de seu aniversário, no ano passado, resultou numa extensa fratura na bacia, considerada a maior de todas na Ortopedia, já que o impacto do fêmur “explodiu” o lado esquerdo da cintura pélvica. Tudo isso aconteceu, cinco anos depois da perda da mãe e um irmão de 4 anos num acidente na BR-262 e o jovem - que por anos questionou a vontade de Deus -, viu o corpo ser restaurado e a vida ganhar um novo sentido.

Desde que deu entrada na Santa Casa foram duas semanas de espera até o primeiro, de dois procedimentos cirúrgicos realizados, 27 dias de internação e mais seis meses de recuperação sobre uma cama. De uma forma surpreende, 20 dias depois Patrick deixou a cadeira de rodas e só andou com o apoio de muletas por mais 15 dias.

“Quatro dias depois do acidente, o médico entrou no quarto e perguntou se eu tinha noção da gravidade da fratura e disse de imediato: “Se você tivesse quebrado sua coluna ao meio não seria tão grave. Eu não sei se vou conseguir te salvar, porque a hemorragia é enorme e vamos esperar duas semanas”. Quinze dias depois, a primeira cirurgia reconstruiu a parte da frente na cintura esquerda até a pélvis e a outra, uma semana depois, reconstruiu da ponta da coluna até a coxa da perna esquerda”, lembra Patrick.

Durante recuperação na Santa Casa. (Foto: Arquivo Pessoal)
Durante recuperação na Santa Casa. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foram 20 dias na cadeira de rodas. (Foto: Arquivo Pessoal)
Foram 20 dias na cadeira de rodas. (Foto: Arquivo Pessoal)

Com dois meses de recuperação em casa, Patrick que sempre teve uma vida muito ativa já voltou a sair. Ele não aceitava o laudo de que não poderia pôr o pé no chão por seis meses e que, por dois anos, sequelas e dores o acompanhariam.

Toda a fé usada para se recuperar teve origem da perda da mãe Rita de Cássia de Novaes e do irmão de 4 anos, em 2014. À época, o Campo Grande News noticiou que o carro saiu da pista, bateu em uma árvore e matou três mulheres e duas crianças. Desde, então, Patrick tentou morar com o pai, com a avó e até com o irmão de 16 anos, mas o trauma o fez viver sozinho.

Patrick lembra que aos fins de semana, a mãe gostava de se juntar com as amigas e viajar para Corumbá. O acidente aconteceu no retorno para Campo Grande, por anos, o rapaz questionou Deus, já que a mãe era evangélica e o irmão apenas uma criança.

Um mês antes do acidente, Patrick pediu demissão de um supermercado que trabalhou por anos, pois queria descansar e curtir um pouco mais a vida. Ele chegou a ouvir de familiares, que os amigos que estavam junto sumiriam quando o dinheiro do acerto acabasse, mas aconteceu o contrário.

Logo que os amigos souberam do ocorrido, os horários de visita eram disputados. Patrick faz questão de ressaltar a ajuda que recebeu da ex-namorada, que, inclusive, o conheceu no hospital. Eles tinham marcado de se conhecer no dia do acidente, mas como houve um desencontro, ela o procurou no hospital e o ajudou por meses, com banho, comida na boca e apoio emocional. O relacionamento, infelizmente, acabou, mas Patrick se diz muito grato.

Com dois dos amigos que o visitaram. (Foto: Arquivo Pessoal)
Com dois dos amigos que o visitaram. (Foto: Arquivo Pessoal)
Quando voltoiu a sair. (Foto: Arquivo Pessoal)
Quando voltoiu a sair. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Eu aprendi, principalmente, com relação a morte da minha mãe. Eu julgava muito Deus, mas depois disso eu aprendi a valorizar a vida. Não importa a situação que você se encontre, você tem de agradecer. Nem acredito que vivi tudo isso e a dor e falta que eu sentia da morte da minha mãe amenizou, porque eu sei que minha fé me salvou e hoje eu valorizo a vida”, finaliza Patrick.

Confira o relato publicado por Patrick após o último retorno ao médico nesta terça-feira (28):

“04/08/2019: Dois dias antes do meu aniversário sofri um acidente de moto. Bati em um poste, quebrei o quadril, acetábulo, pélvis e a cabeça do fêmur destruiu toda cartilagem. Tive um rim lesionado e sangrei por 3 dias pelo xixi bolas de sangue.

Primeiro laudo médico: pior fratura da ortopedia, quadril totalmente destruído cabeça do fêmur entrou explodindo tudo, hemorragia gravíssima no local, duas semanas pra primeira cirurgia, pois a hemorragia estava espalhada e, por fim, os médicos pediram para avisar os parentes que seria quase certeza que eu não aguentaria a cirurgia e viria a óbito. resumindo... eu tava lascado e ia morrer como minha mãe e meu irmão morreram de acidente de trânsito. Não consegui comer, meus acompanhantes que comiam minha marmita, meus amigos lotavam os horários de visita todos os dias e traziam tanta coisa pra mim, mas meu psicológico tava destruído, de 74 quilos fui pra 62 em um mês.

Dia 16, a primeira cirurgia. Nunca orei tanto na minha vida. Só pedia pra anestesista não me deixar morrer, tive muito apoio dos amigos e família, mas pensei que seria meu último dia, tomei duas bolsas de sangue antes da cirurgia porque seria inevitável a perda de sangue na hora que me cortassem, depois da cirurgia acordei com muita dor tive que tomar 1ml de morfina a cada 4 hora, o suficiente pra uma overdose, além dos antidepressivos pra não tentar me matar de tanta tristeza, MAS... ESTAVA VIVO!

Passei a primeira cirurgia o médico chegou e disse que ele não sabia como me salvou já que ele me desenganou é que seria impossível me salvar naquele estado de fratura é hemorragia.

RESUMO DA INTERNAÇÃO: Duas cirurgias frente e traz, quase dez placas de platina e dezenas de parafusos, perca de sangue ao ponto de dar uma anemia gravíssima, 27 dias internado tomando banho comendo e fazendo as necessidades em uma maca sem poder me mexer, fora as dores incessantes e mais situações humilhantes de necessidade total de outras pessoas desconhecidas.

LAUDO DE ALTA : seis meses sem andar e dores pro resto da vida, sequelas evidentes e voltar a vida ativa depois de dois anos.

REALIDADE DESSES SEIS MESES: coloquei Deus à frente, não aceitei aquela situação e sai da cadeira de rodas em 20 dias, andei de muleta 15 dias e depois disso larguei tudo e comecei a mancar e ainda estou mancando um pouquinho. Esses seis meses foram os piores da minha vida, nem quando perdi minha mãe sofri tanto, mas sempre com o sorriso no rosto esperando o que vem do céu, aprendi a andar de novo, a tomar banho sozinho e até a colocar o tênis. Demorei uns meses, mas eu consegui.

LAUDO FINAL: Hoje foi o retorno com o médico. Osso totalmente colado! não vai ter nenhuma sequela vida normal de novo!!! mesmo fazendo todas as artes que fiz saindo pra rolê em menos de dois meses de cirurgia.

PRA QUEM LEU ATÉ AQUI: saiba que não existe impossível pra DEUS! minha fé me salvou, obrigado família e, principalmente, AMIGOS, EU SEI QUEM ESTEVE COMIGO NÃO ESQUEÇO NENHUM APESAR DA GENTE TER SE AFASTADO, EU AMO VOCÊS E VOCÊS SABEM QUEM SÃO.(sic)”, escreveu.

Tem uma pauta bacana para sugerir? Mande pelas redes sociais, e-mail: ladob@news.com.br ou no Direto das Ruas através do WhatsApp do Campo Grande News (67) 99669-9563 (chame agora mesmo).

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