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Comportamento

Qualquer um pode ser sereia? Giuliana revela como virou atração

Dos aquários de Santos ao Bioparque, mergulhadora ganhou o coração das crianças com cauda rosa e nadadeira

Por Natália Olliver | 23/09/2025 06:46

Por mais que muita gente possa sonhar em vestir uma cauda brilhante e sair “nadando por aí”, a coisa não é tão simples quanto parece. Depois da última aparição, nos tanques do Bioparque Pantanal, da sereia que ganhou o coração dos campo-grandenses, uma das perguntas que ficam é: qualquer um pode ser sereia e, de fato, dá para se tornar uma? Por isso, Giuliana Ferreira, 29 anos, explica como foi parar nos fundos dos aquários de água doce.

RESUMO

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Giuliana Ferreira, bióloga e mergulhadora profissional, encanta visitantes do Bioparque Pantanal como sereia em datas comemorativas. A profissional, que trabalha com mergulho no local, aceitou o convite da direção e, desde o Dia das Crianças de 2024, realiza apresentações. O sucesso da iniciativa levou o Bioparque a incluí-la na programação do Dia das Crianças deste ano, em 11 de outubro. Apesar do fascínio pelo sereísmo, Giuliana alerta para os desafios da prática. Exige treinamento específico, diferente da natação convencional, devido à limitação de movimentos e à necessidade de controle da respiração. A mergulhadora ressalta a importância de acompanhamento profissional para evitar acidentes. O Bioparque, por sua vez, esclarece que não há vagas para sereias e que a atuação de Giuliana é pontual. A instituição estuda a possibilidade de incluir um sereio, mas sem previsão.

A sereia que arranca suspiros das crianças e faz os adultos se encantarem com acenos debaixo d’água é, na vida real, mergulhadora profissional e bióloga, que há cinco anos vive entre cilindros, nadadeiras e peixes coloridos. Mas, desde o ano passado, resolveu encarar o desafio de vestir uma cauda e mergulhar com roupa de personagem do filme da Disney.

Segundo Giuliana, qualquer pessoa pode ser sereia, desde que tenha um curso de mergulho. Mas atenção: a vaga que ela ocupa no Bioparque não existe no RH (Recursos Humanos) e, portanto, não está disponível. A atuação da mergulhadora resultou de um convite interno especial. Mas não é o fim dos sonhos para quem quer um dia ser uma.

“Eu digo que sim! Absolutamente, sim. Só é necessário um treinamento adequado. Eu não recomendo fazer de maneira desassistida. É uma prática mais delicada por fugir um pouco da natação convencional: você fica com as duas pernas atadas ali, não tem um movimento individual das pernas e, às vezes, só esse fato pode gerar desconforto para algumas pessoas e até mesmo causar um acidente.”

Qualquer um pode ser sereia? Giuliana revela como virou atração
Giuliana Ferreira no tanque do Bioparque Pantanal, em Campo Grande (Foto: Marcos Maluf)

Ser sereia não é brincadeira, nem fácil

Natural de Bragança Paulista, no interior de São Paulo, Giuliana cresceu apaixonada pela fauna aquática. Com 18 anos, ela se mudou para Santos para cursar biologia marinha e foi no aquário de lá que descobriu o universo dos aquários e do mergulho.

“Foi onde eu fiz o meu primeiro curso de mergulho para suprir as necessidades de manutenção aquática que tinha lá. Mal sabia eu que hoje estaria aqui trabalhando justamente com isso. Eu tive a oportunidade de vir para o Mato Grosso do Sul e estou aqui há três anos. Eu trabalho diretamente com mergulho. A gente tem operação diariamente para manutenção geral, que é fundamental para a qualidade do sistema.”

A primeira apresentação foi no Dia das Crianças de 2024, a convite da diretora do Bioparque, Maria Fernanda Balestieri. De lá para cá, a novidade virou sucesso e momento aguardado pelas crianças. A aparição da sereia é pontual apenas em datas comemorativas. O Bioparque adiantou que este ano ela fará novamente uma apresentação para o público infantil no dia 11 de outubro.

Qualquer um pode ser sereia? Giuliana revela como virou atração
Mergulhadora Giuliana Ferreira é sereia do Bioparque há quase 1 ano (Foto: Reprodução)

“Desde o momento em que eu topei, comecei a pesquisar bastante, a treinar bastante algumas das habilidades específicas para fazer essa modalidade. Por mais que eu tenha bastante experiência com o mergulho, essa modalidade, chamada de sereísmo, exige algumas técnicas diferentes. Tem que ter bastante concentração dos sentidos, um controle maior da respiração, uma noção do espaço porque a visão é limitada e tem os animais também no tanque.”

Quem a vê acenando não imagina a preparação que está por trás disso. De acordo com a mergulhadora, são quase 10 dias de ensaios para alguns minutos no tanque. Além da presença, no dia, de dois profissionais que auxiliam a ação: um sobre uma plataforma, para dar suporte, e outro dentro do aquário, para ajudar mais de perto a sereia.

“O de baixo prepara o equipamento que fica lá no fundo do tanque, a mangueira que eu utilizo para respirar. Não diria que eu tenho um ritual, mas tenho o hábito de chegar pelo menos uns 30 minutos antes de iniciar a apresentação, para colocar a nadadeira, a cauda e já entrar na água para o corpo se acostumar com a temperatura.”

Segundo ela, cada habilidade que ela domina é combustível para o próximo desafio pessoal. “Eu vou atrás de outra para treinar e fazer com que esse momento seja mágico para os visitantes, especialmente para as crianças, porque não é só um momento de entretenimento. Isso se transforma em algo lúdico e estimula a criatividade e a imaginação das crianças”, pontua.

O encanto também tem seus bastidores e começa na maquiagem artística resistente à água, na cauda de tecido com monofin (uma nadadeira única que une os pés) e na equipe de suporte. A maquiagem dura mais de uma hora na água e resiste aos movimentos.

Ela reforça que é indispensável ter um profissional adequado para orientar e dar qualquer tipo de suporte. “É uma técnica, domínio de habilidade por habilidade até ter mais autonomia para poder praticar em lugares mais profundos. Isso se deve fazer com responsabilidade. Não pular etapas e aproveitar para curtir o momento.”

E o sereio?

Ao Lado B, o Bioparque informou que estuda a possibilidade de um sereio nos tanques, mas não deu previsão de quando isso pode se tornar real e se, de fato, será. A ideia dos seres aquáticos surgiu no ano passado. Até então, Giuliana é a única sereia no local.

“As pessoas, principalmente as crianças, perguntavam se tínhamos sereias. Por isso, a direção teve a ideia de oferecer essa novidade aos visitantes. Fizemos o convite à mergulhadora e ela topou de imediato. Daí em diante, foi sucesso total”, comenta o Bioparque.

O empreendimento ressalta que a pessoa não é contratada para ser sereia e que, no caso da mergulhadora, foi apenas por diversão. “Inclusive, ela é de uma empresa terceirizada. Nós não temos um cargo específico para a atuação como sereia. Entendemos o interesse e até o sonho de muitas pessoas em desempenhar esse papel, mas, no momento, já a temos”, finaliza.

Para ver a sereia no Dia das Crianças deste ano, basta comparecer ao local no dia 11 de outubro. Embora a visita seja por agendamento, o Bioparque garantiu que será possível ver a sereia.

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