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Comportamento

Quando os filhos voam, também fica neles o vazio de um ninho sem mãe

Os filhos também sentem o vazio de um ninho sem a mãe e dá saudade até dos palpites e da frase "leva um casaco"

Paula Maciulevicius | 14/05/2017 08:05
Tony e Glacy. Filho e mãe que hoje sentem o vazio que fica na casa quando um se vai. (Foto: Arquivo Pessoal)
Tony e Glacy. Filho e mãe que hoje sentem o vazio que fica na casa quando um se vai. (Foto: Arquivo Pessoal)

Quando uma das maiores vontades da adolescência, de sair da casa, vira realidade, não é só elas que sofrem. Os filhos também sentem o vazio de um ninho sem a mãe e dá saudade até dos palpites e da frase "leva um casaco". 

Faz quatro anos que Tony deixou a cidade de Alto Araguaia, no Mato Grosso, para se aventurar em Campo Grande. A transferência por conta do trabalho rondou mãe e filho durante anos até se concretizar. E não teve tempo suficiente que fizesse com que os dois se acostumassem com a distância.

"Acho que para quem fica, sente mais falta. Porque para quem vem, tudo é diferente, novo", tenta explicar o comerciário Tony Koch, de 35 anos. Antes de mudar de cidade, ele já tinha mudado o endereço. Continuava perto da casa da mãe, mas com seu próprio cantinho e mantendo o hábito de tomar café e chimarrão com ela todos os dias. 

Foto em família de quando Tony era criança. Lembrança que volta e meia ela posta.
Foto em família de quando Tony era criança. Lembrança que volta e meia ela posta.

O ninho vazio pegou o filho de jeito neste mês das mães. No dia 2 de maio, a mãe que passou duas semanas na casa de Tony, voltou para casa e no dia seguinte, já tinha textão de saudade no Facebook com o título "sobre o primeiro dia com a mãe longe".

As palavras emprestadas de um autor descreviam a observação da construção de um ninho, de graveto em graveto, pelo bico de um passarinho e que seria ali que cada filho aprenderia a ver os raios de sol até o dia em que o filhote voa, mas para uma estrada que não é só de ida. A gente sempre pode voltar para o ninho que nos formou e para o abraço mais apertado.

"É que a gente passou 32 anos juntos... De repente um não está mais lá. De certa forma eu sinto o vazio sim. Ela esteve duas semanas aqui e quando saiu, aquela casa ficou imensa. Não teve grito dela com a minha sobrinha... Ela é meu porto seguro", declara Tony.

Dona Tuti, apelido de Glacy Koch, chora só de ter de falar dos filhos. "É sempre emocionante falar deles", explica a professora aposentada. Por estar mais tempo com ela, Tony não "desgarrou do cordão umbilical", justifica. O que para ela é sinal de que os dois continuam com a mesma sintonia, apesar da distância.

"Ambas as partes sentem falta. Eu e ele é a mesma coisa, porque tudo a gente comunica um ao outro, participa da vida", acredita a mãe de 62 anos. 

No momento em que ele saiu de casa, o "baque" não foi tanto, porque Tony foi saindo aos pouquinhos. "Ele não levou todas as coisas dele, ainda voltava de 14 em 14 dias até que se instalou em Campo Grande e quando eu tenho saudade, pego o carro e vou", conta.

Só que para este Dia das Mães, o filho quem foi matar as saudades de uma semana. 

João Vitor e Inez. A saudade é matada diariamente nas ligações enquanto ele está nos Estados Unidos.
(Foto: Arquivo Pessoal)
João Vitor e Inez. A saudade é matada diariamente nas ligações enquanto ele está nos Estados Unidos. (Foto: Arquivo Pessoal)

João Vitor sentiu como é construir um ninho e deixar outro vazio há dois anos e meio, desde que fez as malas e se mudou para fazer residência médica nos Estados Unidos. Em cada etapa do estudo, quando uma prova se aproxima, ele chama pela mãe. Neste período, é a terceira vez que Inez se prepara para preencher o ninho do filho.

"Ele vai fazer uma prova, às vezes fica inseguro e eu tenho que ir. Mas cada coisa que acontece, ele me liga. Até diz que não consegue sentir minha falta de tanto que eu sou presente", conta a mãe de João, Inez Andreolli Saltão, de 60 anos. 

O médico foi para os Estados Unidos não só estudar, como também aprender "algumas coisas da vida", incluindo passar dificuldades e enfrentá-las sozinho. De longe, a maior saudade de João é de estar junto da mãe, da família e dos amigos e dividir os momentos de forma presente. "Ela sempre me apoia, mesmo estando longe, mas quando está perto, é outra história", afirma. 

O vazio não chega a atingi-lo em cheio, porque a mãe se faz presente em ligações diárias. Quando um não chama, o outro é quem liga. "Se ela fosse distante, eu diria que sinto o vazio, mas ela se faz presente", argumenta o filho. 

Na maior expectativa para a chegada da mãe, João espera Inez para o dia 8 de junho. Desta vez serão só 16 dias juntos. "Como eu fico quando ela vai embora? Fico pensando em voltar para a realidade, porque quando ela está aqui, ajuda em tudo", diz o filho numa saudade...

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O abraço de Dia das Mães dos dois só será dado em junho, mas com muita vontade. (Foto: Arquivo Pessoal)
O abraço de Dia das Mães dos dois só será dado em junho, mas com muita vontade. (Foto: Arquivo Pessoal)
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