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Comportamento

Raul, Fusca que carregou livros e sonhos de Márcia, é a herança para sobrinho

Câncer que atinge 1 em 1 milhão levou Márcia e deixou "Raul", que tinha tudo a ver com a dona

Paula Maciulevicius | 08/02/2017 06:05
Raul, o Fusca vai continuar rodando por aí, para fazer lembrar a dona. (Foto: Arquivo Pessoal)
Raul, o Fusca vai continuar rodando por aí, para fazer lembrar a dona. (Foto: Arquivo Pessoal)

Um câncer que atinge um em um milhão. Uma luta de nove meses e a despedida de Márcia. Aos 40 anos, a professora parou de rodar pela cidade com "Raul", o Fusca customizado que transportava livros e sonhos da mestre. O que ficou de quem partiu foi o carro, hoje nas mãos de quem ajudou a dona na escolha, o sobrinho Marcelo.

Raul e o sebo São Miguel já tinham sido história aqui no Lado B. A ideia de fazer um sebo a quatro rodas surgiu quando a professora percebeu o tamanho de seu acervo construído à época de mestrado. E era assim que ela vendia e fazia amigos. Naquela entrevista, Márcia justificou Raul Seixas: 

"Ele era canceriano como eu, tinha um estilo de vida muito parecido com o que eu acho legal e era alguém que falava sobre o que acreditava".

O diagnóstico chegou em março do ano passado, de um pseudo mixoma peritoneal e em dezembro, ela partiu. Sobrinho por parte de mãe, Marcelo, hoje com 39 anos, quem foi o escolhido, pela companheira de Márcia, Rosely Abdo para ser o tutor e motorista de Raul.

Marcelo e Márcia. Sobrinho e tia que tinham uma ligação que ia além do carro. (Foto: Arquivo Pessoal)
Marcelo e Márcia. Sobrinho e tia que tinham uma ligação que ia além do carro. (Foto: Arquivo Pessoal)

Branquinho, comprado 15 anos atrás, de 1983, Raul era a cara de Márcia. "Ela tinha outro carro, mas o Fusca era o que ela não vendia de jeito nenhum. Gostava muito dele, foi o primeiro carro que ela foi comprar e eu fui com ela escolher, para ver se estava bonzinho", recorda o auxiliar de compras, Marcelo Brito Bravagini.

E foi através dele que Márcia fez amizades, como no Clube do Fusca. "Todo mundo que conhece ela e vê, sabe o que carro era dela. Por isso quero deixar como está", completa o sobrinho. Uma pessoa super alto astral e do bem, o que a professora mais gostava era de ajudar as pessoas.

"Às vezes você tinha alguma dúvida, pensava em alguma coisa e comentava e ela já vinha com três, quatro soluções para você e isso era com todo mundo", narra Marcelo. Muito querida, a família teve a certeza disso na despedida. "Ali vimos que realmente tinha muita gente que gostava dela, no velório". 

Selfie da professora junto de Raul. (Foto: Arquivo Pessoal)
Selfie da professora junto de Raul. (Foto: Arquivo Pessoal)

Por entender de carro e compartilhar da mesma paixão que a tia pelo Fusca, é que coube a Marcelo a responsabilidade por Raul.

"Eu não penso em vender ele. Está fora de cogitação. Prefiro manter como recordação dela e de vez em quando, o pessoal que ver o Raul na rua, vai lembrar", resume.

O estilo "sociedade alternativa", pregado por Raul, onde o "ser" vale mais do que "comprar", continuará passando a mensagem de Márcia por aí.

O sebo ficou sob os cuidados da companheira. Rosely pretende fazer um sarau em casa e colocar à venda o que ficou.

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Como sempre, Raul participava de eventos relacionados ao Fusca e vai continuar nas mãos do sobrinho. (Foto: Arquivo Pessoal)
Como sempre, Raul participava de eventos relacionados ao Fusca e vai continuar nas mãos do sobrinho. (Foto: Arquivo Pessoal)
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