ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram Campo Grande News no TikTok Campo Grande News no Youtube
AGOSTO, DOMINGO  03    CAMPO GRANDE 29º

Comportamento

Reencontro de família gigante prova que não há distância para o afeto

Festa para reunir familiares ainda celebrou 80 anos do seu Dedé, que vê a família unida como o maior presente

Por Thailla Torres | 03/08/2025 09:27
Reencontro de família gigante prova que não há distância para o afeto
O encontro é tradição das famílias Couto, Bem e Cruz. A edição do ano passado foi em Cuiabá. Este ano, Campo Grande virou o destino. (Foto: Juliano Almeida)

Nesta sábado (02), uma chácara do bairro Jardim Leblon se transformou em palco para uma celebração rara. Digna não apenas dos 80 anos de seu José da Cruz, ou “Dedé”, como o chamam carinhosamente, mas do milagre de ver uma família inteira se mover pelo país para estar junta. Mais de 500 pessoas chegaram em voos, carros, ônibus e histórias. Vieram de Recife, Fortaleza, Cuiabá, Petrolina e Rondônia, e por aí vai. Uma turma em movimento pelo que talvez seja hoje o maior luxo: o tempo compartilhado com afeto.

RESUMO

Nossa ferramenta de IA resume a notícia para você!

Mais de 500 pessoas se reuniram em Campo Grande (MS) para comemorar os 80 anos de José da Cruz, conhecido como Dedé. Vindos de diversas partes do Brasil, familiares e amigos celebraram a vida do cearense que chegou ao Mato Grosso do Sul aos 14 anos, em 1960. A festa, realizada na Chácara Bonança, simbolizou a união familiar e a importância do tempo compartilhado. O evento, que já é tradição entre as famílias Couto, Bem e Cruz, contou com comidas típicas, música e muita emoção. Dedé, exemplo de trabalho e fé, optou por pedir doações para a Paróquia Sagrado Coração de Jesus e o Asilo São João Bosco, em vez de presentes. A celebração reforçou a importância dos laços familiares e da generosidade, valores cultivados pelo aniversariante ao longo de sua vida.

Dedé nasceu no Ceará, chegou a Mato Grosso do Sul com 14 anos em 1960. Como tantos nordestinos, desbravou o Centro-Oeste com trabalho, suor e uma fé irredutível na vida que se constrói ao lado dos outros. “Com saúde, com trabalho, você consegue chegar lá. Se eu tivesse me acomodado, hoje eu não estava aqui com vocês”, disse ele, com o rosto marcado pelo tempo e pelos sorrisos que não disfarçam sua emoção.

Reencontro de família gigante prova que não há distância para o afeto
Dedé ouvindo o amigo e empresário Beto Pereira falar emocionado dos 41 anos de amizade. (Foto: Juliano Almeida)

A festa, realizada na Chácara Bonança, foi típica sul-mato-grossense: costela, carneiro assado, música boa, chope gelado, abraços apertados e o cheiro de churrasco flutuando como trilha invisível do reencontro. Ainda na portaria, um homem encarregado da entrada dos carros perguntou intrigado: “Quem é esse aniversariante? Nunca vi tanto carro chegar assim...”. O nome é Dedé. E essa não é apenas uma festa, é um manifesto: a distância não separa quem sabe se encontrar.

A árvore que não perece

O encontro é tradição das famílias Couto, Bem e Cruz. A edição do ano passado foi em Cuiabá. Este ano, Campo Grande virou o destino. “Família unida não tem ponte aérea que impeça um reencontro”, repetia-se como mantra entre os convidados.

Reencontro de família gigante prova que não há distância para o afeto
Dedé e o primo Lucimar Couto, jornalista e diretor do Campo Grande News, que também participa dos encontros de sua família. (Foto: Juliano Almeida)
Reencontro de família gigante prova que não há distância para o afeto
De forma poética, Joseneide se referiu à família como uma árvore amazônica: "Com raízes profundas e uma história que se projeta no tempo". (Foot: Juliano Almeida)

Joseneide Maria de Lorena Alves Vaz, 59, comerciante e advogada, atravessou o Brasil para estar ali. “Tivemos que pegar ponte aérea, fazer conexão em São Paulo... Mas vale a pena. Porque não é só uma festa, é uma memória viva. A história dessa união começou com os aniversários de dona Lourdes, tia da minha sogra. Ela e seu Flúgencio reuniam os parentes todos os anos. Meu cunhado, José Ancilon, sempre foi entusiasta desse encontro. E isso se tornou parte de quem somos.”

Com voz embargada, ela se referiu à família como uma árvore amazônica: “com raízes profundas, tronco largo e uma história que se projeta no tempo, de geração em geração”.

Rosa Maria Cavalcante, 59, veio de Recife. Comerciante no ramo do trigo, falou da beleza de ver, na diversidade da música e dos sotaques, uma espécie de Brasil reunido sob um único teto. “Cada encontro tem seu gosto, mas esse… esse foi especial. É lindo ver como mesmo quem é agregado se sente parte. Eu escuto as histórias da minha sogra sobre os parentes que vieram de Pernambuco com uma boiada… E agora vejo os filhos das tias dela aqui. É emocionante.”

Reencontro de família gigante prova que não há distância para o afeto
Rosa animada com a receptividade dos amigos e familiares em Campo Grande. (Foto: Juliano Almeida)

José Carlos da Cruz, que veio de Fortaleza, não parou um minuto. Revezava-se entre o chamamé e a conversa com os familiares e amigos, improvisando passos conforme o ritmo. “Cada lugar tem seu estilo. A gente muda os passos, mas não perde o compasso. E essa festa aqui é o melhor do mundo. Só primo, só alegria.”

Entre as presenças marcantes, José Osvaldo Sobrinho, ex-governador de Mato Grosso, reforçou o sentido de pertencimento: “Eu tinha a obrigação moral de estar aqui. Essa é a parte da família da minha mãe. É uma alegria encontrar gente que é sua parente e você nunca viu na vida. São pessoas que saíram de suas terras natais e venceram pela luta. O Dedé, o aniversariante, é uma dessas figuras que não saem do coração da gente. Ele é o cara. Ninguém junta tanta gente assim à toa”.

Reencontro de família gigante prova que não há distância para o afeto
José Osvaldo Sobrinho, ex-governador de Mato Grosso, reforçou o sentido de pertencimento ao participar da festa em família. (Foto: Juliano Almeida)

Beto Pereira, empresário e amigo de Dedé há 41 anos, também não escondeu a admiração: “Ele já tinha supermercado quando cheguei aqui. É companheiro de associação, amigo de caminhada. A dor do comerciante é a mesma, e é bom demais se encontrar assim, celebrar juntos”.

Na contramão dos aniversários convencionais, seu Dedé não pediu presentes. No lugar de pacotes e laços, havia uma caixinha para doações voluntárias,  em dinheiro ou via Pix,  destinadas à construção da Paróquia Sagrado Coração de Jesus ou ao Asilo São João Bosco. Um gesto de generosidade, coerente com a história de quem vê no trabalho e na fé o propósito da vida.

“Se não for isso, o que é felicidade?”

A rotina de seu José continua ativa. Ele acorda entre 4h30 e 5h, trabalha no frigorífico, volta às 15h, retorna às 18h e segue até às 22h. “Não precisava mais, mas se eu fico três dias sem trabalhar, me dá uma tristeza… Trabalho é vida. E o que é felicidade, se não isso? Amigos, família, saúde. O resto é ilusão.”

A frase fica como síntese do que se viveu ali. Porque há festas que duram horas. E há encontros que duram para sempre.

Confira a galeria de imagens:

  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News
  • Campo Grande News

Acompanhe o Lado B no Instagram @ladobcgoficial, Facebook e Twitter. Tem pauta para sugerir? Mande nas redes sociais ou no Direto das Ruas através do WhatsApp (67) 99669-9563 (chame aqui).

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para entrar na lista VIP do Campo Grande News.