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Comportamento

Separadas por apenas 11 quilômetros, irmãs se reencontram após 46 anos

Sem saber que estavam separadas por alguns bairros, irmãs mantinham viva a esperança de se reencontrar

Jhefferson Gamarra e Aletheya Alves | 09/03/2021 15:53
Seguindo as regras de biossegurança, irmãs finalmente se abraçaram após 46 anos (Foto: Kísie Ainoã)
Seguindo as regras de biossegurança, irmãs finalmente se abraçaram após 46 anos (Foto: Kísie Ainoã)

Separadas por apenas 11 quilômetros aqui em Campo Grande, as irmãs Márcia Soares da Silva de Souza, 64 anos e Maria Célia da Silva Dezorzi, 50 anos, demoraram para se reencontrar. Mas na tarde desta terça-feira (26) após 46 anos, as duas finalmente se abraçaram. Elas se separaram quando ainda eram crianças na cidade de Bandeirantes, a 70 quilômetros da Capital, vieram para Campo Grande, mas uma não sabia do paradeiro da outra.

Emocionada como reencontro, Maria que atualmente mora no bairro Rancho Alegre, conta que foi doada para uma família de Anhanduí quando tinha menos de 1 ano de idade e desde então seguiu sua vida normalmente com a nova família, mas sempre com saudades da família biológica. Mesmo com a intenção de rever os irmãos, Maria era impedida pela rigidez do pai adotivo.

“Nunca soube de ninguém da minha família, meu pai adotivo era muito possessivo, me proibia de procurar meus irmãos, sempre tive vontade de conhecer eles, mas respeitei a decisão do meu pai e só depois da morte dele comecei procurar minha família biológica”, relata.

Moradora do Jardim Petrópolis, Márcia decidiu fugir de casa quando a irmã já não fazia parte da família. Com 10 anos de idade, após sofrer uma série de abusos do pai biológico, Márcia conseguiu carona com desconhecido para tentar a vida em Campo Grande.

“Meu pai abusava de mim, das minhas irmãs e batia na minha mãe, percebi que não queria ficar naquele ambiente e fugi, peguei carona com um desconhecido e vim para Campo Grande”, conta Márcia.

Sem dinheiro nem ter para onde ir, Márcia dormia na rua quando chegou na capital e contou com a ajuda de uma desconhecida que ela considera um “anjo” para conseguir se estabelecer na cidade e começar as buscas pelas irmãs.

“Na primeira noite que cheguei não tinha onde ficar, dormi na frente da igreja São José, que estava em construção e dormi embaixo de um andaime. Quando estava lá, uma mulher que eu chamo de meu anjo veio falara comigo, pedindo doações de roupas de bebe porque estava grávida e perguntou se eu não queria sair com ela para pedir doações. No primeiro dia pedindo doações me aceitaram pra trabalhar em uma casa babá de uma menina com deficiência. Fiquei morando lá por anos até sair”, diz.

Emocionadas, as duas ficaram abraçadas sob olhar da investigadora Maria Campos (Foto: Kísie Ainoã)
Emocionadas, as duas ficaram abraçadas sob olhar da investigadora Maria Campos (Foto: Kísie Ainoã)

Há dez anos, Márcia começou uma verdadeira caçada. Sem saber que a irmã estava morando em um bairro próximo, Márcia seguia fazendo busca no distrito de Anhanhduí. “Trabalhava juntava dinheiro e estava procurava em Anhandui, mas ninguém sabia da existência dela por lá”.

O drama das irmãs chegou ao fim graças ao trabalho da policial Maria Campos, da 5ª Delegacia de Polícia, na Vila Piratininga. Com o desejo de rever a irmã que também estava a sua procura, Maria procurou a Policial Civil para iniciar as buscas. De acordo com a investigadora a procura durou um total de 60 dias, em 30 Márcia foi localizada e em outros 30 dias foram usados para confirmar que as histórias das irmãs batiam.

Após todo esse período o encontro foi promovido nesta terça-feira (09). O curioso é que as irmãs estavam sentadas lado a lado, enquanto as esperavam a investigadora, sem saber que poucos minutos depois estariam se abraçando emocionadas.

Ambas estavam chorando muito ao se reencontrar e Márcia até tremia, tamanha emoção. “Agora a gente tem muita história para colocar em dia e dar continuidade em nossa família”, disse Maria extremamente emocionada.

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Márcia conta que agora a família terá muito assunto para colocar em dia (Foto: Kísie Ainoã)
Márcia conta que agora a família terá muito assunto para colocar em dia (Foto: Kísie Ainoã)
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