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Comportamento

Tatuagem é “parabéns” de Diogo ao pai Othoniel que faria 67 anos neste mês

O aniversário seria no dia 6 de agosto, e o filho decidiu eternizar o paizão no braço direito para sempre tê-lo por perto

Alana Portela | 12/08/2019 07:41
No braço direito do filho, está tatuado a homenagem ao pai Othoniel Mato Grosso (Foto: Henrique Kawaminami)
No braço direito do filho, está tatuado a homenagem ao pai Othoniel Mato Grosso (Foto: Henrique Kawaminami)

“Parabéns meu pai, hoje você completaria 67 anos e lá se vão 10 anos sem você. Você nunca saiu do meu coração, mas agora está na minha pele, debaixo do meu olhar para que eu lembre de você a todo momento”, publicou Diogo Merlone em sua conta no Instagram no dia 6 de agosto deste ano. Ele tatuou a imagem de Othoniel Mato Grosso, em seu braço para eternizar o amor de filho para pai.

A ideia surgiu após ver uma postagem de TBT (Throwback Thursday) nas redes sociais de seu irmão, que compartilhou uma foto de Othoniel. Ao ver a publicação, lembrou-se do aniversário do pai. “Quis fazer uma tatuagem. Tenho um tatuador de confiança, que é especialista em realismo. Liguei pra ele e combinamos”.

Foi uma semana pensando sobre a homenagem, e escolheu eternizar a fotografia em que o pai aparece de chapéu, óculos e sorridente. “Gosto muito dessa foto, por causa do seu semblante feliz. Ele era empresário, tínhamos uma ligação forte. Dizia que na vida, temos tirar a lição de tudo, do que é bom e ruim. Foi um grande pai”, declarou.

Diogo Merlone é corretor de imóveis e lembrou dos  momentos felizes da infância  (Foto: Henrique Kawaminami)
Diogo Merlone é corretor de imóveis e lembrou dos momentos felizes da infância (Foto: Henrique Kawaminami)

Na terça-feira, ele foi até o estúdio para fazer a tatuagem. O trabalho durou duas horas, mas saiu como ele queria. Othoniel voltou a estar presente na vida do filho, é só Diogo olhar para o braço direito e sentir aquela nostalgia dos bons tempos, dos abraços, conselhos, gargalhadas e festas que os uniam.

Diogo tem 40 anos, é corretor de imóveis e falou sobre a afetividade. Tinha o pai como herói e amigo. Era seu porto seguro, sabia que se precisasse poderia correr para os braços de Othoniel que tudo ficaria bem.

É o mais velho de três irmãos, talvez por isso fosse ainda mais ligado ao pai. Com ele, aprendeu sobre dignidade e esforço. Desde menino, acompanhava Othoniel no trabalho. “Teve oficina e loja de carro, ficava lá durante a semana, trabalhando com ele”, lembrou.

Foi o pai que o fez despertar o amor pelo esporte. “Abriu a primeira academia de Squash do Estado, esporte que joga com raquete e bate a bola na parede. Tinha dez anos quando comecei a ajudar a dar aula. Depois passei a entrar em competições e ele sempre me acompanhando”.

Othoniel com o chapéu na cabeça e sorriso no rosto (Foto: Arquivo pessoal)
Othoniel com o chapéu na cabeça e sorriso no rosto (Foto: Arquivo pessoal)

Com 12 anos, venceu sua primeira competição infantil de Squash. Quando tinha 15 anos, seus pais se separaram, porém, isso não impediu Othoniel de estar presente na vida do filho. Ao contrário, os uniu ainda mais. “Ele fazia festa na casa dele e eu ia”, disse Diogo.

Com o tempo, Othoniel casou-se novamente. Os anos se passaram, Diogo cresceu, mas a parceria permaneceu. O filho se tornou corretor de imóveis e levou o pai para trabalhar com ele. “Ficou comigo uns dois, três anos. Nesse período, outra empresa me convidou para trabalhar, e ele falou para eu ir que cuidaria da [nossa] empresa”, recordou.

Pedido de socorro - Três meses após começar no emprego novo, Diogo recebeu uma ligação. Era um pedido de socorro. Othoniel, do outro lado na linha, disse ao filho que estava passando mal e pediu para que fosse ajudá-lo. “Nesse dia a minha madrasta e minha irmã estavam viajando. Como éramos ligados, ele me avisou e fui até ele”.

Diogo saiu do trabalho, ao lado do Shopping Campo Grande, e correu até o bairro São Francisco, onde Othoniel morava. “Quando cheguei ele estava sentindo dor, falta de ar. Mantive a calma porque me passou tranquilidade. O levei ao hospital da Unimed para fazer exames e voltei a trabalhar”, contou.

Othoniel entre os filhos, Mariana Mato Grosso e Diogo que segura o troféu que ganhou na competição de Squash (Foto: Arquivo pessoal)
Othoniel entre os filhos, Mariana Mato Grosso e Diogo que segura o troféu que ganhou na competição de Squash (Foto: Arquivo pessoal)

Othoniel era hipertenso e diabético. Horas depois, Diogo recebeu uma ligação informando sobre a transferência do pai para o hospital Proncor, voltado para pacientes com problemas cardíacos. “Foi internado e precisava fazer cirurgia. O médico era o pai de um amigo meu e falou que a chance [de sobrevivência] era 50%. Esperei minha madrasta retornar de viagem e conversamos [com a família] para autorizar a operação”.

Foram momentos turbulentos e um final de ano conturbado, tomado pela preocupação. Othoniel ficou 17 dias de internado. “Operou, mas não voltou da anestesia. No dia seguinte, ficou agitado e entrou em coma induzido. Ele faleceu no dia 2 de janeiro. Foi um começo de ano tenso”.

Entre as lembranças, Diogo comentou que o pai enfrentava a depressão. “Vinha sofrendo muito, mas descansou. Foi triste, porém, ele também era um cara pra cima, todos gostavam dele”, falou.

Já são dez anos de saudade, que aperta o peito e o faz sentir a falta dos momentos que viveram juntos.

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No celular estão as fotos que ficaram de recordações  (Foto: Henrique Kawaminami)
No celular estão as fotos que ficaram de recordações (Foto: Henrique Kawaminami)
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