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Comportamento

Testando a sorte com ladrão que até podia trabalhar no Cirque du Soleil

Lenilde Ramos | 16/04/2017 07:25
Gelton é músico.
Gelton é músico.

Moro em frente à Praça do Peixe, um dos lugares mais charmosos de Campo Grande. Mas, teve uma época em que foi um dos mais problemáticos: abandono, vandalismo e malandragem.

Nesse tempo, eu tocava com o fantástico Gelton Borges, que agora está em Floripa e o super Carlão, percussionista. Eles chegavam e, prevenidos, estacionavam no rumo da janela.

Sempre tinha alguém do lado de fora curtindo o ensaio, por isso fiquei de olho em dois carinhas sentados na praça, até que falei pro Carlão: “Você deixou o farol ligado?”. Carlão sacou na hora, pulou da bateria e correu a tempo de ver seu carro pilotado pelos dois fulanos que nos assistiam.

Carlão na bateria.
Carlão na bateria.

Corri atrás e comecei a berrar na rua para os vizinhos ligarem para o posto da polícia, aquele da Bom Pastor, em frente ao SOS do Batuta. Nenhuma janela estava aberta naquela noite gelada, só a do motorista. Tentei atropelar o carro e, com isso, Carlão conseguiu se aproximar e dar uma chave de braço no pescoço do ladrão, que se atrapalhou e fez o carro subir na calçada.

A janela do passageiro estava fechada e eu batia no vidro do comparsa, que tentava abrir a porta pra escapar. Carlão esticou o braço, tirou do carro uma espécie de chave e puxou o cara, que veio com ele pro chão. Como dizia o povo antigo de Aquidauana, eles começaram a se “aloitar”.

Enquanto isso, o ladrãozinho do lado conseguiu abrir a porta, me deu um tranco e saiu correndo no escurão da noite fria. Carlão rolava com o ladrão magricelo, que se contorcia que nem um bailarino ensaboado e agarrou firme a calça frouxa do agasalho dele.

O carinha se desvencilhou das calças e saiu correndo só de cueca, na mesma direção do outro. Rapaz... esse podia até trabalhar no Cirque du Soleil. Carlão se levantou com as calças do cara na mão, tremendo que nem vara verde. Nessa hora chegou a polícia.

Com certeza meus berros haviam alertado algum vizinho. Levamos uma dura dos guardas: “E se aqueles dois estivessem armados? Podia até ser de estilete, etc, etc, etc”. Foi aí que a ficha caiu. Voltamos pra casa, ainda zonzos, pensando no que havíamos feito e demos graças a Deus por termos saído inteiros daquela.

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