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Comportamento

Thalison venceu a balança para ter autoestima e usar traje tradicional

O que para muitos é pequeno, para ele ter perdido 25 kg é uma vitória enorme

Por Natália Olliver | 02/05/2025 07:47
Thalison venceu a balança para ter autoestima e usar traje tradicional
Thalison Junior foi vencedor do concurso Mister Garoto Terena 2025 (Foto: Divulgação)

O que para muitos é pequeno, para Thalison Junior de Oliveira Justino, ter perdido 25 kg e ter conquistado o prêmio do concurso de beleza Mister Garoto Terena 2025, é uma vitória enorme. Isso porque, após anos ensaiando participar, ele enfim conseguiu se sentir à vontade para usar o traje típico da Aldeia Passarinho, localizada em Miranda e mostrar a riqueza e a beleza do jeito que ele gostaria.

A trajetória do jovem de 25 anos na musculação começou há alguns anos, e a evolução aconteceu de maneira lenta. Hoje, além da faixa que ele carrega, Thalison se sente orgulhoso em poder mostrar a cultura dos povos originários para os não indígenas.

“Antes eu não tinha interesse porque estava muito acima do peso. Cheguei a 113 quilos em dezembro de 2020 e, em janeiro de 2021, comecei a focar nos treinos e procurei o cara que hoje é meu treinador. No começo de 2022 consegui chegar aos 80 quilos. Agora eu estou com 90 quilos, mas estou diferente.”

Mesmo inseguro, Thalison participou de outros concursos. Desde que começou a concorrer, mesmo não estando com o peso que ele desejava, ele já ganhou dois prêmios.

Thalison venceu a balança para ter autoestima e usar traje tradicional
Thalison ao lado do avô, Cecílio, que ele considera como um pai (Foto: Divulgação)

O primeiro foi o Mister Garoto Terena, em 2022, e o segundo o Mister Indígena Pantanal, também em 2022. Este ano é a terceira vez que ele sobe ao pódio como representante da beleza indígena terena.

“Quando meu treinador deu a ideia de eu participar, eu logo de cara topei. Na hora fiquei nervoso porque seria minha primeira participação. Queria mostrar para outras pessoas que estão acima do peso que elas também podem. Nas comunidades indígenas, tem vários casos de pessoas acima do peso. E, além disso, tem um lado desafiador de me vencer todos os dias. Tudo começou mesmo pela musculação. Quando entrei pra academia, comecei a ver as coisas com outros olhos.”

Este ano completa 10 anos que o concurso Garoto e Garota Terena existe em Miranda. Ele é feito em abril, em comemoração ao mês dos povos originários.

“No primeiro concurso que ganhei, teve uma grande participação da etnia terena. No segundo, ficou mais desafiador por conta da participação de várias etnias do Estado e, neste terceiro, teve participação de várias aldeias daqui de Miranda, que ao todo são 9.”

Durante o processo, não faltou incentivo de quem ele mais admira: o avô, Cecílio de Oliveira, que estava sentado na plateia assistindo.

Thalison venceu a balança para ter autoestima e usar traje tradicional
Jovem de 25 anos se orgulha de vestir traje típico do povo terena (Foto: Divulgação)

“Me sinto muito bem por ter saído da obesidade. Sinto uma grande disposição, sinto que isso mudou minha vida em vários aspectos. Representar a minha comunidade, minha família, honrar as pessoas que me apoiam, e principalmente ao meu treinador, que se doa bastante nas nossas preparações para os concursos.”

Falando da família, ele conta que foi criado pelos avós e que os considerava como pais. Por isso, ter Cecílio olhando ele desfilar foi significativo.

“Meus pais me deram com 4 meses para meus avós. Na parte do ensino fundamental que foi ficando difícil, na hora de reunião, dia das mães. Considero a minha vó Suzana e a minha tia Carolina como mães, elas já faleceram. Hoje moro com meu vô Cecílio, que considero como meu pai.”

Na adolescência, Thalison conta que, até a oitava série, estudou na escola da aldeia a Pilad Rebuá e depois mudou para uma na cidade de Miranda, a EERP (Escola Estadual Dona Rosa Pedrossian).

A última fase dos estudos foi a faculdade de música na UFMS. Foi nesse período que ele se mudou para a capital sul-mato-grossense. Mas a estadia durou menos do que ele esperavam, em 2020 ele voltou para a aldeia quando começou a pandemia. de covid-19.

“Sempre gostei de ajudar meu avô na roça, na plantação da rama de mandioca. Isso a vida toda.”

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