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Comportamento

Trocar de profissão dá medo, mas quem vingou nessa troca ensina que pode ser bom

Ângela Kempfer | 22/06/2015 06:34
Aline hoje é dona de sorveteria. (Foto: Fernando Antunes)
Aline hoje é dona de sorveteria. (Foto: Fernando Antunes)

E quando a vida apresenta dois caminhos para direções completamente diferentes? Ela manda escolher entre uma paixão ou mais dinheiro no bolso? A jornalista Aline Queiroz enfrentou o dilema há 2 anos e está se saindo bem no trajeto que escolheu. Uma repórter policial e tanto, apaixonada pelo ofício, de repente ela teve a oportunidade de virar empresária em outro ramo completamente distinto e agora mostra no "Voz da Experiência" como é caminhar por outras praias, apesar de um outro lugar que guardou no passado.

Não é fácil deixar para trás um grande amor. Trabalhei durante dez anos como jornalista e era apaixonada pelo que fazia. Eu costumava dizer que não conhecia uma pessoa tão feliz pela escolha feita quanto eu era.

Entretanto, sempre fui muito racional, até no amor. Ao ver tantos colegas jornalistas cansados por trabalhar muito e ganhar pouco, passei a dizer que precisava pensar melhor na minha remuneração.

Eu não premeditei deixar o jornalismo. Uma amiga-irmã precisava de uma pessoa de confiança para ser sócia em uma loja no Shopping Campo Grande. Isto porque a primeira unidade da Sésamo Gelato estava todos os dias lotada. Eu só pensava que não tinha como dar errado um negócio daqueles, fator importante quando você precisa tomar uma decisão. Não tive dúvida, abracei o projeto e me apaixonei por esta nova profissão, a de comerciante.

Hoje percebo que o importante é fazer algo por amor e meu amor por este ramo agora é tão grande que vou abrir outra loja em segmento diferente, mas isto é conversa para outra hora.

Como eu tenho uma filha pequena, à época bebê de colo, enxerguei na nova atividade uma maneira de ficar mais perto dela. Hoje não trabalho menos do que quando eu era jornalista, porém, faço meus horários. Tudo isso foi colocado na balança no momento de tomar a decisão.

Depois que decidi mudar de área, precisei aprender uma nova profissão. Era um universo tão diferente que em vários momentos pensei em desistir. Mas quando batia o desânimo, eu só pensava que se meus sócios tinham confiado a mim esta missão e precisava honrar com meus compromissos.

Outro ponto de apoio foi o know-how dos meus sócios, que muitas vezes já tinham passado por situações semelhantes e vinham com soluções para os meus problemas.

Entretanto, quando eles não tinham respostas para nossos problemas, dos ensinamentos do jornalismo vieram algumas soluções também para a loja. Se não tem certeza de algo, tem que pesquisar. Quando tudo parece que vai dar errado, uma informação privilegiada surge para nos salvar.

Sempre tive relacionamento cordial com as fontes e sinto que a cordialidade é fundamental para o sucesso em qualquer profissão. Trabalho no shopping e, embora veja que muitos funcionários maltratam o pessoal da limpeza, por exemplo, trato todos com o maior carinho porque se a frente da loja está limpa e apresentável para o cliente é porque alguém se preocupou com isso. Acho sinceramente que é a falta de amor pelo que faz a responsável por atitudes como esta, e isso é só um exemplo do que observo todos os dias aqui.

Do jornalismo também trago bons amigos e histórias. Os amigos tento preservar mas temos horários muito diferentes e isso dificulta um pouco. Já as histórias, estas conto com orgulho cada uma.

Trabalhei como jornalista principalmente da área policial e me lembro de várias investigações que me tiravam literalmente o sono. Sonhei por diversas vezes com os jovens mortos em um motel de Campo Grande no ano de 2005, mas eles não me contaram detalhes o que de fato ocorreu na noite de 21 de junho daquele ano. Nós jornalistas temos informações que nunca publicamos sobre este caso por falta de provas. Atualmente, fico acordada até mais tarde por outros motivos.

Todas as noites, quando a loja fecha, começo a pensar na vida. Imagino o que poderia ter feito para o trabalho ser melhor, para os clientes ficarem ainda mais satisfeitos, alternativas para otimizar a rotina. Também fico fazendo mil planos e assim surgem novas atividades para esta nova empresária aqui.

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