ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 22º

Comportamento

Veículo estacionado há quase 1 ano atiça curiosos e dono garante: é relíquia

Paula Maciulevicius | 06/04/2014 08:56
Parado há quase 1 ano em faixa branca, um Chrysler Caravan verde deixa o recado, bem-humorado. (Fotos: Marcelo Victor)
Parado há quase 1 ano em faixa branca, um Chrysler Caravan verde deixa o recado, bem-humorado. (Fotos: Marcelo Victor)

O bilhete é um aviso que chega a ser engraçado. “Cidadão, não estou abandonado. Desculpe o incômodo. Tenho um dono, sr. Augusto Farias que reside aqui ao lado, na rua José Antônio”. O anúncio em folha sulfite grudado no vidro do carro é direcionado aos incomodados de plantão e serve de alerta até para a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito).

Parado há quase 1 ano na rua José Antônio, em faixa branca, devidamente estacionado próximo à garagem do prédio Monte Carlo, um Chrysler Caravan verde deixa o recado, bem-humorado, de que como tem dono e documentos em dia, tem o direito, como todos, de ocupar as vagas disponíveis nas ruas.

O dono, Augusto de Farias, deixa os dados informando o apartamento onde mora, no prédio ao lado e também o telefone. É o tipo mais engraçado de satisfação dada a estranhos que eu já vi. As reclamações para o porteiro eram tão constantes que ele teve de apelar. Na semana que passou, inclusive a Agetran foi chamada depois de comunicarem que o veículo estava abandonado.

Como tem dono e documentos em dia, carro alega ter o direito de estacionar na rua, como qualquer outro.
Como tem dono e documentos em dia, carro alega ter o direito de estacionar na rua, como qualquer outro.

Augusto é funcionário público, tem 58 anos e mora há 7 no prédio. Tem outros dois veículos na garagem, mas sem vagas o suficiente, deixa a Caravan para fora. Segundo ele, há oito meses uma peça do câmbio estragou. Por se tratar de um carro automático e importado, o preço do conserto não é barato. Só a peça, ele calcula que saia R$ 3 mil.

“É uma relíquia de família, não quero me desfazer dele a preço de banana”, afirma. O veículo foi comprado há 10 anos, quando Augusto se casou de novo, para caber ele, a mulher e quatro filhas. Agora que todo mundo seguiu seu rumo, ele criou apego.

Para o conserto, ele justifica que a demora foi por ter outras prioridades à frente. “Minha filha casou ano passado, outra formou e se mudou. Todo mundo se incomoda com tudo hoje. É aquela história. Você tem que provar que é honesto”, reforça.

Na entrevista, Augusto pergunta se foram reclamar do carro até para o jornal. Explico que não, que o que chama atenção é o bilhete dele se justificando. Ele aproveita para dizer que hoje tem tanto problema de carro estacionado em faixa de pedestre, onde é acesso para deficiente físico ou no meio de piso tátil e que isso sim, deveria gerar reclamação.

Aos incomodados de plantão, o bilhete informa no final que está ali estacionado, velho e cansado, mas só parecido abandonado. “Com jeito, esse ano ela sai daí. Minha prioridade é tirá-la daí”, encerra.

Relíquia de família, dono diz que não se desfaz dela a preço de banana. Mas que esse ano, com jeito, ela sai dali.
Relíquia de família, dono diz que não se desfaz dela a preço de banana. Mas que esse ano, com jeito, ela sai dali.
Nos siga no Google Notícias