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Comportamento

Wedney partiu, mas não deixou sala de aula e polícia, mesmo com câncer

Professor e perito forense se recusava a parar de trabalhar enquanto enfrentava uma luta contra a doença

Por Natália Olliver | 26/09/2025 13:38
Wedney partiu, mas não deixou sala de aula e polícia, mesmo com câncer
Wedney Rdolpho era perrito criminal e professor. Ele faleceu devido ao câncer (Foto: Arquivo pessoal)

Familiares, amigos, ex-alunos e colegas que Wedney Rdolpho de Oliveira conquistou ao longo dos 51 anos de vida se despediram do perito e professor nesta sexta-feira (26). Ele lutava contra o câncer que atingiu três partes do corpo e, mesmo assim, se recusava a parar de trabalhar ou “largar o osso” daquilo que demorou a conquistar. Com 23 anos de experiência na polícia, acumulou elogios e lembranças como exemplo de coragem.

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O professor e perito criminal Wedney Rdolpho de Oliveira faleceu aos 51 anos, após uma longa batalha contra três tipos de câncer. Com 23 anos de experiência na polícia e docente na UCDB, ele era conhecido por sua dedicação ao trabalho, mantendo-se ativo mesmo durante o tratamento. Descrito como uma pessoa simples e humilde, Wedney deixou um legado de amizade e profissionalismo. Era querido por alunos e colegas, destacando-se nas aulas de Direito Penal e Medicina Legal. Sua morte ocorreu na quinta-feira, após internação por pneumonia.

Flavio Godoy, ex-aluno do curso de Direito da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), lembra com carinho do professor, que fazia questão de estar presente na vida dos alunos fora da sala de aula. Formado em 2017, conta que a turma tinha o hábito de organizar churrascos e que Wedney sempre comparecia.

“Ele acabou fazendo amizade comigo e com outros colegas. Nós nos formamos e continuamos essa amizade. Ele frequentava a minha casa, eu a dele. Estávamos sempre juntos nos finais de semana, fazendo churrasquinho. Era uma pessoa maravilhosa, uma amizade muito bacana.”

O coordenador do curso de Direito da UCDB, Luiz André de Carvalho Macena, explicou que a doença o acompanhava havia anos, mas ele acreditava que venceria. A morte surpreendeu a todos.

Wedney partiu, mas não deixou sala de aula e polícia, mesmo com câncer
Wedney partiu, mas não deixou sala de aula e polícia, mesmo com câncer
Wedney era amado por alunos e exemplo para a família (Foto: Arquivo pessoal)

“Primeiro, foi na perna e se curou. Depois, na próstata, também se curou. O último foi na coluna. Durante todo esse período, fazia radioterapia e quimioterapia. Nos últimos meses, deixou o trabalho para buscar a cura, mas com muito custo, porque queria continuar indo. Mesmo doente, nesses dois últimos anos continuou trabalhando. Mesmo com atestado que dava mais dias, voltava antes. No domingo, foi internado com pneumonia e faleceu nesta quinta-feira.”

Na universidade, lecionava Direito Penal e, por longo período, foi professor de Medicina Legal. Luiz descreve o colega como uma pessoa simples e humilde, que adorava estar entre os acadêmicos.

“As aulas dele eram um espetáculo. No primeiro momento já cativava as pessoas. Sempre muito querido, era homenageado pelas turmas em todas as formaturas. Gostava de conviver com os alunos; essa era uma de suas marcas, além de ser um profissional exemplar. Doutor, professor, pesquisador, sempre competente no que fazia e grandioso também como ser humano.”

Eles trabalharam juntos por 15 anos. Luiz acrescenta que era difícil registrar fotos dele, por ser discreto e preferir a vida longe das câmeras.

Wedney partiu, mas não deixou sala de aula e polícia, mesmo com câncer
"Participativo, Wedney fazia questão de estar presente em eventos das turmas de Direito (Foto: Henrique Kawaminami)

“Um verdadeiro exemplo de luta. Enfrentou bravamente a doença com fé e coragem. Na docência, sempre foi muito querido. Mesmo doente, não deixou de trabalhar, não reclamava, acreditava na cura. Era alguém leve, alto-astral, tranquilo.”

O sobrinho, Eduardo Fernandes de Oliveira, resume o tio em uma palavra: “pai”. Apesar de Eduardo ter pai, Wedney sempre foi como um segundo pai.

“Era um cara de coração enorme, companheiro. Fazia de tudo por nós. Não tinha filhos, mas era como um pai. Tudo o que podia fazer para deixar a família feliz, ele fazia. Gostava de ver todos juntos. Me ajudava com matérias quando eu tinha dificuldade. Era alguém em quem eu me inspirava bastante.”

Wedney partiu, mas não deixou sala de aula e polícia, mesmo com câncer
Eduardo é sobrinho de Wedney e tinha o tio como um pai (Foto: Arquivo Pessoali)

Eduardo também lembra do lado simples do tio, que não gostava de ostentar. “Ele queria só curtir com a família, sair com os amigos. É até engraçado: toda vez que saíamos com ele, ele sempre encontrava alguém que conhecia. Era professor ou ex-aluno.” Para o sobrinho, fica o orgulho de ter convivido por 18 anos ao lado dele.

Leandro Abrão, colega na Capoc (Coordenadoria de Apuração de Procedimentos, Orientação e Correição), onde trabalhavam juntos há 5 anos, disse que Wedney era acima de tudo humano.

Wedney partiu, mas não deixou sala de aula e polícia, mesmo com câncer
Leandro Abrão é colega de profissão de Wedney e trabalhava há 5 anos com ele (Foto: Henrique Kawaminami)

“Às vezes as pessoas têm a visão de que a corregedoria está ali para perseguir, mas ele sempre olhou o lado humano do servidor. Buscou preparar os profissionais da segurança pública com excelência, trazendo-os para a realidade do que é a função policial, dignificando não só a polícia, mas também o que ser policial significava para ele e para a sociedade.”

Segundo Leandro, a lembrança que fica é a coragem. “Era um exemplo de vida. Sempre cuidou da família. Mesmo doente, queria continuar trabalhando. Nos últimos quatro anos, enfrentou três tipos de câncer e continuou na ativa. Mesmo podendo pegar mais dias de afastamento, cumpria o atestado e voltava. Nunca deixou a peteca cair.”

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