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Comportamento

Zé Pretim partiu sem despedida e deixou sensibilidade fora do comum

Amigos deixam homenagens e falaram da importância do homem que ganhou status de "Bluesman pantaneiro"

Bárbara Cavalcanti | 16/09/2021 14:15
Luis Henrique Ávilla, um dos melhores amigos e fãs de Zé nos últimos anos. (Reprodução Facebook)
Luis Henrique Ávilla, um dos melhores amigos e fãs de Zé nos últimos anos. (Reprodução Facebook)

Zé Pretinho bateu asas e voou. Partiu sem despedida, e deixa um vazio. O nosso blues está mais triste do que nunca. Sentiremos muito a ausência de um artista único, autodidata e com uma sensibilidade criativa fora do comum, além de um ser humano incrivelmente generoso. Fica a lacuna, mas também o legado.

As palavras acima são do produtor e jornalista Rogério Zanetti, que entre parcerias e trabalhos com Zé Pretim ao longo dos anos, acordou nesta manhã (16), entristecido ao saber da morte do cantor de blues mais conhecido e admirado em Mato Grosso do Sul, Zé Pretim, que partiu aos 67 anos.

Nas redes sociais e ao Lado B, artistas que ocuparam palcos ao lado de Zé, além de admiradores, expressaram seus sentimentos.

Um deles é o músico Luis Henrique Pires de Ávilla, que diz ter várias lembranças do Zé durante o tempo que trabalhou ao lado dele, tanto nos momentos bons quanto nos difíceis. Nos últimos anos, Luis também se tornou um grande amigo e parceiro do músico, o ajudando em muitos desafios da vida. “Praticamente toda a carreira dele em 2015, eu estava ao lado dele. Com certeza, algo que me marcou muito, foi a primeira vez que ele se apresentou no Raul Gil. Eu estava ali atrás, nos bastidores. Vendo ele ali, produzido, tocando, depois de tudo o que ele tinha passado, aquilo me emocionou muito, eu só conseguia chorar, de alegria e de gratidão”, lembrou.

Luis e Zé, que segura a guitarra que Luis lhe trouxe de Londres. (Foto: Arquivo Pessoal)
Luis e Zé, que segura a guitarra que Luis lhe trouxe de Londres. (Foto: Arquivo Pessoal)

O músico Pedro Espíndola dividiu com Zé Pretim, o palco do Som da Concha. No seu Instagram, publicou um texto rico em detalhes em homenagem a Zé, no qual lembra desse momento.

“Fiz 1 show com o Zé uma vez, no Som da Conha e no palco, disse o que vou repetir agora: Um dos maiores músicos de blues do país e se você é um dos maiores de um país grande como o Brasil, você é um dos maiores músicos de blues do mundo”, escreveu.

Zé Pretim no palco com Pedro Espíndola, no Som da Conha. (Foto: Alexandre Artioli)
Zé Pretim no palco com Pedro Espíndola, no Som da Conha. (Foto: Alexandre Artioli)

“Ver e ouvir o Zé Pretim tocando é como ser lançado ao seio do delta do Missisipi como se ele fosse algum roçado do interior do Brasil. Quando um artista se liberta das amarras do tecnicismo e do conteúdo ele percebe que o mais difícil e o mais importante é descobrir uma voz própria e assim desenvolver uma identidade. A sua assinatura. Isso o Zé Pretim alcançou. Um lugar para poucos. Raro”, continua a homenagem.

Pedro, Zé e Luis durante uma apresentação. (Foto: Arquivo Pessoal/Pedro Espíndola)
Pedro, Zé e Luis durante uma apresentação. (Foto: Arquivo Pessoal/Pedro Espíndola)

Outro que também deixou sua admiração registrada nas redes sociais, foi o arquiteto e urbanista Ângelo Arruda, que conhece Zé desde a década de 80. “Conheci esse monstro da música em 1980 no Bar da Tia na Afonso Pena em Campo Grande. Zé foi crescendo, tocou em várias bandas, caiu, levantou-se e em 2014 encontro ele em Florianópolis tocando no Café da Corte, um bar de São José (SC). Bonitão, todo de branco, largou as drogas e tocava como ninguém. Seu arranjo para o clássico Trem do Pantanal virou hit em programas de TV e na sua vida. Descanse em paz meu amigo. A música perde um grande você”, diz a homenagem.

Um lugar na capital onde Zé sempre marcou presença, foi no Blues Bar. Ivan Torres, o proprietário, expressou o pesar de todos da equipe do estabelecimento. “Zé Pretim, hoje o Mato Grosso do Sul perde o maior bluesman do Brasil. Com seu estilo único e sua maestria nos solos de guitarra, ele levou o blues a outro patamar. Vamos sentir muitas saudades de ouvir seu som e suas risadas. Descanse em Paz e leve o Blues para outras dimensões”, declarou.

O músico Robson Pereira também ocupou os mesmos palcos que Zé Pretim, e é um dos fãs do músico. Descreve Zé como muito cordial e sorridente. “Chegamos a viajar juntos para tocar no Festival de Blues de Bonito. Tenho sim um sentimento de carinho e neste momento de tristeza, afinal era um cara muito bacana um músico ímpar que deixou uma obra inigualável e jamais imitada por sua autenticidade e complexidade na execução”, comentou.

Trajetória – Nascido em Inhapim, Minas Gerais, em 1954, ficou famoso em Mato Grosso do Sul. Autodidata, aprendeu a tocar violão na roça, observando os mais velhos. Hoje, é considerado a lenda do blues por diferentes gerações.

Depois de tocar em bandas como Zutrik e Euphoria, passou para a carreira solo na década de 80, tocando uma mistura do blues e músicas caipiras. Em 2015, se tornou exemplo de superação para muitos, quando se internou em uma clínica para tratar das dificuldades com o álcool, sem nunca abandonar sua guitarra.

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