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Comportamento

A história de Jade, uma cadela errante que escolheu a solidão

Marta Ferreira | 22/09/2011 08:07
Em alerta, Jade já demonstra que percebeu a presença da equipe. (Fotos Pedro Peralta)
Em alerta, Jade já demonstra que percebeu a presença da equipe. (Fotos Pedro Peralta)
E se embrenha na mata, seu refúgio contra o contato humano.
E se embrenha na mata, seu refúgio contra o contato humano.

É domingo à tarde e voluntários saem de suas casas para resgatar Jade. Querem dar a ela um novo lar. Cerca de 15 pessoas se dirigem para o lugar onde ela passa os dias e noites, sozinha.

Jade é uma cachorra vira-lata ruiva, de porte médio. Possivelmente, foi abandonada e definiu o canto do estacionamento de um hospital de Campo Grande como seu território, bem na divisa com a mata que circunda o local.

Diferente da maioria dos cães errantes da cidade, ela não gosta nada do convívio humano. Aceita alimentos oferecidos pelas pessoas, e por isso tem aparência saudável, até meio gordinha. Mas contato, ela não quer.

Quando alguém chega perto, Jade tem sua estratégia: se embrenha no mato. De outras vezes, foge com uma velocidade impressionante.

Foi desse jeito quando o grupo de voluntários da Abrigo dos Bichos, organização que cuida de animais em Campo Grande, fez uma mobilização para o resgate de Jade, no domingo passado.

A ideia era pegar a cadela e entregar a um dono. Interessados existem alguns.

A cachorra, porém, não deu trégua. Após dar um banho de rapidez nos perseguidores, fugiu para o meio do mato e continua sua vida solitária.

Há relatos de outras tentativas anteriores de capturá-la, sem sucesso.

Arredia- Quando chegamos para conhecer a vira-lata, ela está deitada, sob a sombra de uma árvore, soberana. Paramos o carro a uma distância razoável, evitamos conversas.

Não adianta. Ela percebe o movimento, se levanta e, calmamente, some na vegetação, onde já existe uma trilha de pegadas da cadela. Parece cachorro do mato e não um bicho urbano.

A presença da cadela desagrada a direção do hospital, que já orientou os funcionários a não alimentarem o bicho.

Abandono é o problema- A Abrigo dos Bichos fará nova tentativa de resgate, conforme a presidente Maria Lúcia Metello. Agora, deve ser usando novos recursos, inclusive tranquilizantes.

Para Maria Lúcia, o comportamento de Jade pode ser explicado pela origem dela. “Ela não aprendeu a conviver com o ser humano”.

A história da cachorra, acredita, é a mesma de milhares de animais que vivem pelas ruas da cidade, o abandono por donos de cadelas que têm crias.

Ela faz um apelo às pessoas para que, em vez de deixar os animais pela rua, procurem um lar para eles. "Quem abandona acaba criando um problema de saúde pública", alerta. O risco, alerta, é os bichos de rua virarem hospedeiros e transmissores de doenças graves.

A entidade faz o trabalho de intermediação de adoções. Em alguns casos, como de filhotes, leva minutos para encontrar um novo dono. A mobilização é feita via redes sociais e no site da organização. Também é possível acionar um plantão, pelo telefone 9955-4949.

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