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Comportamento

Bolo de Santo Antônio atrai devotos em busca de casamento e saúde

Paula Vitorino | 13/06/2012 10:22

Quem pediu com fé a intercessão do Santo e conseguiu um bom casamento confirma a fama de Santo Antônio

Devotos lotaram rua lateral da PAróquia para garantir um pedaço de bolo. (Fotos: Simão Nogueira)
Devotos lotaram rua lateral da PAróquia para garantir um pedaço de bolo. (Fotos: Simão Nogueira)

Vale acordar cedo, bem cedo, para garantir um pedaço do bolo mais disputado de Campo Grande, o de Santo Antônio. Desde às 5h da madrugada a enorme fila para chegar até o bolo já começava a ser formada e ao longo da manhã os devotos já ocupavam toda a rua lateral da Paróquia que leva o nome do Santo.

“Cheguei às 5h. Minhas filhas me acordaram às 2h da madrugada para eu não perder o horário”, diz a primeira da fila, a empresária Maria Rosa Star, de 42 anos.

O motivo de tanto desespero é a fama de casamenteiro de Santo Antônio. Diz a tradição que quem pegar o pedaço de bolo com aliança tem namoro e casamento garantido, e dos bons.

No caso da empresária, os pedaços de bolo são para dar uma forcinha na procura de namorado para as filhas, de 20 e 16 anos. A mãe foi sozinha buscar a encomenda, mas as filhas ligavam toda a hora para perguntar como estava a maratona.

Para este ano, o bolo foi recheado com 400 alianças, sendo que um pedaço é especial: tem um par de alianças de ouro, presente para comemorar o centenário da Paróquia. Mas o bolo de mais de 800 quilos deve servir cerca de 4 mil pedaços.

Na tentativa de ser um dos premiados, vale madrugar até para quem não é devoto de Santo Antônio. O confeiteiro Claudio de Souza, de 22 anos, veio com as amigas direto da balada para tentar a sorte pela primeira vez.

“Vai que acho, né?”, diz.

Com a benção de Santo Antônio, bolo deve servir 4 mil pedaços.
Com a benção de Santo Antônio, bolo deve servir 4 mil pedaços.

- Mas a tradição do bolo vai além da brincadeira das alianças. Para a segunda da fila, a atendente Heloísa Moura, de 41 anos, comer o pedaço de bolo faz parte da tradição da fé Católica e vai além da procura por um bom casamento. “É tradição, sempre venho. Se vier um marido, bom, mas se não vier isso vem muita saúde, proteção”, diz.

Já as amigas Marli Espindola, de 63 anos, e Sônia Jordão, de 65 anos, participam todo o ano do rito como uma forma de manter a tradição e pedir saúde para o padroeiro. Mas Sônia, que é casada há 41 anos, aproveita a fama do Santo para pedir bênçãos ao casamento e Marli, viúva, entra na brincadeira por um namorado.

“Ah, quero saúde, mas um namorado também seria bom. Nessa idade é difícil, mas vai que acho a aliança”, brinca.

Além de casamenteiro, Santo Antônio é conhecido pela intercessão na cura de doenças e na busca por objetos perdidos.

Aliança - Depois da benção dos padres e do bispo emérito Dom Vitório Pavanello, o bolo finalmente é cortado e distribuído aos fiéis. A maioria nem espera comer para procurar a aliança e ainda ao lado do bolo já começa a cutucar o pedaço.

Não demora muito para os primeiros gritos dos privilegiados pelo Santo. Dona Rosalina Maria, de 58 anos, encontrou duas alianças nos seis pedaços de bolo que comprou. Agora, ela acredita, vai casar.

“Agora caso. Todo ano venho pegar e essa é a primeira vez que encontro. Sempre levo para a família os pedaços”, diz.

Devota mostra orgulhosa as duas alianças que encontrou.
Devota mostra orgulhosa as duas alianças que encontrou.

Dom Vitório ainda aproveitou para lembrar que a brincadeira das alianças é um rito dentro da tradição, mas que não deve ser encarada como uma superstição.

“Não é que a pessoa vai achar a aliança e casar. Deus sabe o que é melhor para cada um e às vezes pode não conceder aquela graça que você está pedindo, mas concede outras muito melhores”, frisa.

A tradição de que Santo Antônio é casamenteiro surgiu no século X em Lisboa, onde o santo viveu e, segundo a história, fez o casamento de uma jovem pobre, sem dote, com um rapaz rico. Na época havia um decreto que exigia o dote para a cerimônia.

Deu certo - Ainda nos dias de hoje, muitos devotos continuam contando as histórias de amor que tiveram intercessão de Santo Antônio. A jornalista Deise Helena Gomes, de 29 anos, conheceu o marido no dia do Santo durante a quermesse da Paróquia, após fazer a trezena e pedir com fé um bom companheiro.

Ela garante que pela fé tudo pode ser alcançado e diz que as alianças do bolo funcionam apenas como um incentivo, um sinal.

“É um sinal entre os vários que Deus manda para gente. Encontrar a aliança funciona como um incentivo para quem está a procura de namorado. Só não pode desistir”, diz.

A jovem encontrou a aliança no ano de 2009, quando conheceu o marido, e novamente no ano passado.

Serviço - Enquanto houver bolo de Santo Antônio, os pedaços continuam sendo vendidos na Paróquia, por R$ 2,50. Haverá missa às 12h e às 18h, com procissão e celebração do bispo Dom Dimas Lara Barbosa.

As celebrações terminam à noite, com quermesse. A paróquia fica na rua 15 de Novembro com a avenida Calógeras.

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