Com a cidade vazia, quem fica acha bom, mas comerciantes reclamam
No primeiro dia útil depois do início da folia, paradeira em Campo Grande. Diferente da correria típica da cidade que hoje abriga quase 800 mil habitantes, o clima ainda é de carnaval. Bom para quem tirou o dia para fazer compras e descansar. Péssimo para quem precisou levantar cedo e ir trabalhar, ou quem depende da correria para garantir o sustento.
Na região central, ruas com pouco movimento, lojas com raros clientes e alguns comerciantes e vendedores de braços cruzados, mas insistentes. “Está pouco, mas tá levando”, disse a vendedora de uma loja de eletrodomésticos, Aline Araújo, 22 anos, se referindo à baixa movimentação de clientes há uma semana.
Quem não gostou nenhum pouco da paradeira por conta da folia foram os taxistas. Preenchendo palavras cruzadas dentro do carro, Carlito Tavares estava desde as 5h da manhã no ponto. “Só fiz uma corrida”, contou, acrescentando que em época de folia “tudo para”.
“As pessoas que se envolvem em carnaval não pegam taxi”, disse o profissional que trabalha nas ruas há 40 anos. “Eu cheguei às 7h e só fui sair às 10h15”, conta o amigo, também taxista, Milton Alves de Lima, 47 anos. “Movimento traz dinheiro”, completa Carlito.
Funcionária de um hotel localizado na área central, a paranaense Adriana Mochi, radicada em Campo Grande, afirmou que nesta época do ano, o movimento de clientes chega a cair pela metade. “Eu particularmente gosto, mas como comerciária, não é bom essa paradeira”, relata.
Dona de uma banca de roupas do camelódromo, a comerciante Alaide Andrade, de 66 anos, não gostou nenhum pouco da paradeira, apesar de ter aproveitado o dia para fazer compras com o filho de 12 anos e o neto de 5 anos. “Eu não gosto porque o comércio fica parado. A maior parte sai da cidade”, disse.
Apesar da queda na movimentação, Campo Grande não chega a ficar “deserto”, mas deixa o “clima” mais agradável para quem gosta de pouco movimento e tranquilidade.
“Para sair com crianças em centro lotado, não dá”, pontua a jornalista Miriam Ibanhes, que hoje, de folga, resolveu passear com a mãe e as filhas de 5 e 11 anos.
Quem também aproveitou para ir às compras foi a dona de casa Roseli da Silva, de 32 anos, grávida de 8 meses. “É bem melhor para comprar. Você é melhor atendida, disse. A ausência de tumultos deixou a gestante mais à vontade para escolher roupinhas para o filho que ainda nem nasceu. “Por isso que eu vim hoje. Não tem aquele tumulto de carros e pessoas”, contou.
Tomando água de coco, a aposentada Zilda Felipe, de 67 anos, também é adepta da tranquilidade. “Muito movimento é difícil até para andar na cidade”, contou. Com a cliente ao lado, o vendedor, Auzelino Mendes, de 48 anos, relatou que só vendeu 15 cocos hoje, desde às 7h30.
“Está meio devagar aqui. Tartaruga... Mas está saindo”, brincou.