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Comportamento

Em Paranhos, primo de Scolari ganha a vida anônimo e só quer saber do Grêmio

Luciana Brazil | 18/09/2012 14:22
Gaúcho garante que morar em Paranhos é muito bom e não pretende sair de lá. (Fotos:Rodrigo Pazinato)
Gaúcho garante que morar em Paranhos é muito bom e não pretende sair de lá. (Fotos:Rodrigo Pazinato)

O jeito simples e simpático de um vendedor de espetinho em Paranhos, a 469 km de Campo Grande, cativa a todos, moradores ou visitantes. Quem passa pela cidade, uma das mais distantes da Capital, na fronteira com o Paraguai, não deixa de experimentar o espetinho que, além de ser uma das poucas opções da cidade, tem garantia de preço baixo, vendido por R$2,50.

Gremista ”roxo”, o senhor de 58 anos, na verdade tem 60, mas garante que é melhor ser mais novinho. “É que meu pai só me registrou depois. Antigamente era assim”, explica entre risos.

Com um nome bastante familiar, José Sadi Escolari é tímido e reservado, apesar da simpatia que lhe é natural. Nascido em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, José é primo irmão de um homem que os brasileiros conhecem bem, até os menos apaixonados pelo futebol.

Apesar do “E” na frente do sobrenome, “seo” José é primo irmão do famoso Felipão, o ex-técnico da seleção brasileira Felipe Scolari. Demitido recentemente do Palmeiras, Felipão e “seo” José se afastaram ainda pequenos e o contato nunca mais existiu.

“Meu pai era irmão do pai dele, mas isso não é importante, não. Pra que falar disso? Eu não vou atrás de ninguém. Pra que?”, diz. Sem querer falar no assunto, José demonstra aversão a pessoas que gostam de aparecer por ser parente de alguém conhecido.

Mas eu insisto: “Mas o senhor acredita que a maioria já teria ido atrás para tentar ganhar alguma coisa, quem sabe um autógrafo?”. Mas a resposta vem logo: “Ele fica lá com a vida dele e eu aqui com a minha”.

O churrasqueiro conta timidamente, mas sem esconder o sorriso, a infância ao lado do parente, hoje, famoso. "Era normal. A gente convivia como primos, mas depois perdemos o contato"

Há 17 anos, Gaúcho, como é conhecido, chegou a Paranhos para trabalhar pesado. “Vim para trabalhar na roça e algum tempo depois abri meu primeiro estabelecimento, onde eu fazia comida caseira. Vendendo espetinho já estou há 12 anos”.

No comando da churrasqueira, Gaúcho gosta do anonimato.
No comando da churrasqueira, Gaúcho gosta do anonimato.
Ao lado da filha de 15 anos, que chegou ao bar repentinamente para pedir um "dinheirinho", João se mostra coruja.
Ao lado da filha de 15 anos, que chegou ao bar repentinamente para pedir um "dinheirinho", João se mostra coruja.

Com a identidade em mãos, Gaúcho prova o parentesco, mesmo que para ele não seja tão importante.

Além dos sete filhos que deixou em Passo Fundo, José tem uma filha de 15 anos. “Fico em cima. Senão cuidar, vai pro pau”, disse, confessando ser ciumento. A mulher Edna Alves de Oliveira, 48 anos, João conheceu na pacata cidade de quase 12 mil habitantes. “Foi amor a primeiro olhos”, brincou o pequeno empresário.

Depois de trabalhar como doméstica, Edna passou a ajudar o esposo no pequeno comércio. “Tem que ajudar. Parei de trabalhar e agora ajudo aqui”.

Como se torcesse pelo primo irmão, José apenas diz que Scolari deveria voltar para o Grêmio. Sobre o desempenho de Felipão como técnico, as palavras ficam curtas. "Nem quero saber enquanto ele estiver em outro time".

Feliz em morar na cidade pequena, Gaúcho diz que gosta de Paranhos e não sabe explicar o motivo de sua ida para lá. "Nem sei porque vim, mas vim pra cá".

A carne usada no espetinho é coxão mole, mas o tempero, só indo até Paranhos para experimentar. Facil de achar, o local, sem nome, fica na avenida principal da cidade. Vale a pena experimentar.

Você acha que parece?
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Felipão não tem ideia de que o primo tenha ido para tão longe, segundo João.
Felipão não tem ideia de que o primo tenha ido para tão longe, segundo João.
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