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Comportamento

Em um arraiá de bons exemplos, histórias de superação e sucesso

Elverson Cardozo | 29/06/2012 17:08
Festa Junina do Capsi reuniu cerca de 200 pessoas na tarde desta sexta-feira. (Fotos: Minamar Junior)
Festa Junina do Capsi reuniu cerca de 200 pessoas na tarde desta sexta-feira. (Fotos: Minamar Junior)
Ary Rodrigues, paciente do órgão, animou a festa, com um repertório de composições autorais e sucessos sertanejos.
Ary Rodrigues, paciente do órgão, animou a festa, com um repertório de composições autorais e sucessos sertanejos.

Ariih Rodriguez é nome artístico. De um artista que superou os próprios medos e limitações. Ainda não tem uma legião de fãs ou uma carreira estrondosa, mas já é exemplo de sucesso aos 17 anos, mesmo longe dos palcos e antes de concretizar o sonho de “sobreviver da música”.

É um dos adolescentes atendidos pelo Capsi (Centro de Apoio Psicossocial Infantil) do bairro Jardim dos Estados, que nesta sexta-feira (29) promoveu um arraiá de bons exemplos, com histórias de sucesso e superação.

“No prontuário é outro nome”, revelou a gerente do Centro, Roseli Gayoso, de 45 anos, momentos antes do jovem cantor, “prata da casa”, se apresentar aos convidados da festa junina.

“A música que vou tocar eu mesmo fiz”, anunciou o adolescente antes de cantar “Pegando Fogo”, uma de suas composições. “Pode vir pegando fogo que vou te apagar...”, dizia a letra.

Acompanhando da terapeuta, ele animou a pequena platéia e só deixou o “palco” depois de cantar sucessos como “Everest”, de Fernando e Sorocaba e “Incondicional”, do sul-mato-grossense Luan Santana.

A varanda do Capsi virou camarim improvisado. Local onde Ariih Rodriguez concedeu entrevista ao Lado B, logo após o “show” que durou, no máximo, 30 minutos. “É mais fácil eu cantar para 10 do que para três”, adiantou o jovem artista.

Festa reuniu pacientes, funcionários, pais e convidados.
Festa reuniu pacientes, funcionários, pais e convidados.

Mas nem sempre foi assim. Ariih Rodriguez, que também atende pelo nome de Arisley Nilo Pereira Rodrigues, sofre de TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada). “Não conseguia dormir. Já fiquei uma semana sem dormir”, revelou, ao contar parte de sua trajetória.

Paciente do Cpasi há 1 ano, o adolescente apresentou melhora significativa após 7 meses de tratamento, mas não quer receber alta agora porque “gosta de ser ouvido”. “Não precisei de remédios”, contou.

Leyisa Carvalho, de 30 anos, a psicóloga que o acompanha desde setembro do ano passado, hoje comemora as conquistas. “É um degralzinho de cada vez”, disse.

Para trabalhar a ansiedade, Ariih foi submetido à técnicas psicoterapêuticas comportamentais, de respiração, relaxamento, trabalhos de convivência, dinâmica de grupos, entre outros.

Hoje, sente-se mais seguro e preparado para a vida. A singela apresentação que fez hoje à tarde é apenas um dos avanços.

Festa – A festa junina do CAPSI, em Campo Grande, aconteceu na tarde desta sexta-feira (29) e reuniu cerca de 200 pessoas, entre funcionários, pacientes, pais e convidados, que assistiram a apresentações musicais e de teatro.

A zeladora Miriam da Silva Rocha, de 32 anos, foi acompanhada do filho, Victor Gabriel, de 4 anos. O garoto é autista e faz acompanhamento no Centro desde o ano passado. A mãe comemora os resultados. Conta que o filho entrou “sem falar” e hoje já desenvolveu a habilidade.

Alegria compartilhada pela bordadeira Edna Maria Gonçalves, de 34 anos, que foi junto com o filho de 11 anos. Aderval Gonçalves Fernandes sofre de hiperatividade e é paciente do CAPSI desde os 8.

Garotas do Instituto Chico Xavier abriram as apresentações com "Brilha, brilha estrelinha", "Ódio e Alegria" e "Asa Branca", de Luiz Gonzaga.
Garotas do Instituto Chico Xavier abriram as apresentações com "Brilha, brilha estrelinha", "Ódio e Alegria" e "Asa Branca", de Luiz Gonzaga.

A melhora, segundo a mãe, é visível. Aderval agora “ouve” as pessoas e está mais tranquilo. “Ele não parava um minuto”, contou. Situação que chegou a prejudicá-la no trabalho, por exemplo. “Já pensei até em desistir dele”, confessou.

Para gerente da unidade, Roseli Gayoso, eventos como a festa junina também colaboram para o sucesso do tratamento, além de promover a integração entre paciente e sociedade. “Aqui temos crianças com hiperatividade que estão sentadas há 1 hora para o evento”, disse.

“É um tempo terapêutico. Um tempo para conduzir a vida em sociedade”, afirmou, citando como exemplos a espera no semáforo e as filas. “Você coloca um valor de forma subliminar”, completou Roseli.

Atendimento – O Centro de Apoio Psicossocial Infantil do bairro Jardim dos Estados está localizado na Travessa Ana Vani, 44.

A unidade conta com uma equipe multidisciplinar composta por cerca de 25 profissionais que atende, gratuitamente, crianças e adolescente com idade entre 2 a 18 anos. Mais informações pelo telefone (67) 3314-3920.

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