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Comportamento

No presídio, mães que, de tanto amor, vão além dos erros dos filhos

Mariana Lopes | 13/05/2012 12:52

Mesmo que seja só do lado de fora, hoje a visita teve um significado diferente para elas

“Se Deus quiser, será o último”, diz Márcia, que passa o primeira Dia das Mães na fila de visita do presídio (Foto: João Garrigó)
“Se Deus quiser, será o último”, diz Márcia, que passa o primeira Dia das Mães na fila de visita do presídio (Foto: João Garrigó)

Dia das Mães, domingo de frio e chuva fina em Campo Grande. Combinação perfeita para reunir a família em casa na hora do almoço e curtir o dia oferecido a elas, que se dedicam o resto do ano aos filhos. Mas em frente ao Complexo Penal de Campo Grande, dia de visita mostrou um cenário bem diferente desse.

Em cada rosto, misto de felicidade e tristeza. Sem considerar o motivo pelo qual os filhos foram parar ali, o coração de mãe sempre fala mais alto, e, como todo domingo, elas se fizeram presentes, mesmo que tenha sido só pelo lado de fora.

“Eu não consegui entrar, ainda não tenho a carteirinha, daí meu pai que entrou para ver ele”, conta Márcia da Cruz Pires, 42 anos. O filho dela está preso há um mês, segundo ela, por ser cúmplice de homicídio.

Hoje foi o primeiro Dia das Mães que ela passou na porta de um presídio. “Se Deus quiser, será o último”, desabafa.

Com a expressão triste, sentada sozinha no banco enquanto aguardava a vez de entrar para ver o filho, Otília Nunes Camargo, 68 anos, descobriu que também não poderia entrar, pelo mesmo motivo de Márcia, a carteirinha.

“Mas o amor que tenho por ele é bem maior do que isso”, suspira Otília (Foto: João Garrigó)
“Mas o amor que tenho por ele é bem maior do que isso”, suspira Otília (Foto: João Garrigó)

Ela conta que o filho está preso há cinco anos e em janeiro foi transferido de Jardim para o presídio da Capital, e agora precisa de identificação para as visitas. No meio da entrevista ao Campo Grande News, ela solta o desabafo: “Estou muito triste por mais um ano estar aqui, principalmente por ter um filho que não pensa no que faz”.

Mas ao final de tudo, ela suspira e diz: “Mas o amor que tenho por ele é bem maior do que isso”.

"No ano que vem vai ser diferente, se Deus quiser”, acredita Jerônima (Foto: João Garrigó)
"No ano que vem vai ser diferente, se Deus quiser”, acredita Jerônima (Foto: João Garrigó)

No mesmo banco de Otília, mais uma mãe que deixou tudo em casa e foi lá para visitar o filho. E Jerônima Alves dos Santos, 55 anos, conseguiu entrar e ganhar o presente mais precioso para ela: o abraço do filho.

Neste Dia das Mães, este não é o maior desejo dela. “O que eu mais queria era estar com meus três filhos e meu neto, em casa, almoçando todos juntos”, confessa.

Além do filho preso por acusação de furto, a filha mais velha dela se envolveu com drogas e foi embora para o interior do Estado. Esse ano não foi possível Jerônima comemorar o Dia das Mães como toda mãe merece, rodeada de carinho e amor.

Mas ela não perde a esperança. “Hoje só tenho um filho e meu neto para almoçar comigo, mas no ano que vem vai ser diferente, se Deus quiser”.

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