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Comportamento

Rua Calógeras divide os dois portugueses mais tradicionais de Campo Grande

Ângela Kempfer | 27/03/2012 08:21
José da Silva e a família no Bar Portugal. (Fotos: Marlon Ganasim)
José da Silva e a família no Bar Portugal. (Fotos: Marlon Ganasim)
Fachada do Vitorino's, na Belizário Lima. (Foto: João Garrigó).
Fachada do Vitorino's, na Belizário Lima. (Foto: João Garrigó).

A rua Calógeras divide uma praça ao meio, com um pedaço na Vila Glória e outro na Vila Carvalho e também tem dois nomes. São duas homenagens a portugueses que fizeram história na região, quando a maioria por ali era do Paraguai. Em um dos lados se chama Praça José de Paula Brito e no outro é Praça do Vitorino.

O pequeno espaço verde também é a principal referência em busca da comida portuguesa tradicional em Campo Grande. Passando a praça, pegando a direita, encontramos na avenida das Bandeiras o Bar do Portugal. Já se o rumo for à esquerda, o restaurante do Vitorino's está na próxima esquina, na rua Jornalista Belizário Lima.

O ex-vereador Celso Ianase se divide também entre os dois. Aos sábados, passa primeiro para tomar um aperitivo no Bar Portugal e depois segue para o Vitorino. “É rotina. Não vou em um sem passar no outro”, confirma.

Os proprietários são primos, que apesar da concorrência costumam trocar até engradados de bebida e vasilhames, sem cerimônia.

Vitorino mantém o restaurante aberto pelo pai há 57 anos. O primo, José da Silva Curto, criou o Bar do Portugal, em 1978, depois de por anos trabalhar ao lado do pai, também em bar português na rua 7 de setembro.

Ex-vereador vai primeiro no Bar Portugal, depois passa no Vitorino's.
Ex-vereador vai primeiro no Bar Portugal, depois passa no Vitorino's.

Genro do homem que deu nome à praça da Vila Carvalho, ele lembra que quando criança na região viviam 6 famílias portuguesas. “A do Manoel Alves, do Manoelito, tinha a casa do Daniel, a do meu sogro, o José de Brito, a do José Maria e a família do Vitorino”.

No Bar Portugal, tudo é preservado como há 34 anos. “Meu pai me ajudou comprando o prédio. Pagou com um Corcel 77 e o resto em dinheiro. Os azulejos são originais como tudo aqui. Os clientes pedem para não mudar, porque vai perder o charme”, justifica.

O bolinho de bacalhau fresquinho é um dos salgados na estufa, ao lado da empadinha de bacalhau e camarão e outros salgados, mais brasileiros. Na prateleira, a cachaça mineira é a preferida. No cardápio, a sardinha frita tem tempero simples, mas tradicional: sal, alho e um pouquinho de limão.

Na manhã de segunda-feira. A esposa Lourdes atende a freguesia, enquanto o marido trabalha na cozinha. O filho Bruno, de 27 anos, aparece no caixa com o netinho do dono no colo. A família toda se envolve com o negócio, uniformizada com o vermelho da bandeira de Portugal e o brasão.

A rotina é pesada, com as portas abertas das 8 às 23 horas, mas o dono se diverte. “Aprendi que tudo o que você faz como se fosse o primeiro dia não cansa”, ensina.

Em tanto tempo de comércio em uma das ruas mais movimentadas da cidade, o bar nunca sofreu um assalto. “Acho que porque é tradicional até ladrão respeita”, comenta o português José da Silva.

Praça dividida ao meio na Rua Calógeras.(Fotos: Marlon Ganasim)
Praça dividida ao meio na Rua Calógeras.(Fotos: Marlon Ganasim)
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