ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, TERÇA  16    CAMPO GRANDE 23º

Comportamento

Tereré vira antídoto contra tempo seco e quente em Campo Grande

Luciana Brazil | 06/09/2012 18:49
Funcionários de uma obra tentam driblar o calor tomando muito líquido. (Fotos:Rodrigo Pazinato)
Funcionários de uma obra tentam driblar o calor tomando muito líquido. (Fotos:Rodrigo Pazinato)

O calor e o tempo seco não têm dado trégua em Campo Grande. As altas temperaturas acompanhadas da baixa umidade do ar formam um par nada perfeito. Não importa a idade e nem mesmo a profissão, todos sofrem com as consequências do tempo seco. É fácil, e mais do que comum, encontrar pessoas com uma guampa e a garrafa de água ao lado.

Com tereré, bem geladinho, é como os campo-grandenses conseguem amenizar o calorão. "Não dá para ficar dentro de casa, é muito quente", disse tranquilo o aposentado Waldomiro Alves de Lima, 62 anos, que tomava tereré na calçada de casa.

Nesta quinta-feira (6), a temperatura máxima em Campo Grande chegou a quase 37°C, de acordo com o setor de meteorologia da Base Aérea. Associada com o índice de umidade do ar, que ficou em 13%, a sensação de calor é ainda maior, beirando os 40 graus.

A OMS (Organização Mundial da Saúde) considera como estado de alerta índices entre 20% e 12%. Abaixo desse valor o estado é de emergência. No deserto do Saara, os índices variam entre 10% e 15%. Na quarta-feira, Campo Grande registrou 11% de umidade do ar.

No canteiro de obras ou no escritório, com ar condicionado, as sensações são as mesmas. Garganta e nariz seco, dificuldade na respiração, além de moleza no corpo e problemas respiratórios.

A Secretaria Estadual de Educação informou que as escolas foram orientadas a suspender as aulas de educação física, substituindo-as por atividades que não exponham os alunos ao sol e ao esforço físico. Nas academias de ginástica, alguns alunos passam a malhar em horários mais fresquinhos. “Eu sempre malho às 16 horas, mas com esse tempo passo muito mal. Agora estou indo à noite, às 20h”.

Aposentado toma tranquilamente o tereré do lado de fora de casa.
Aposentado toma tranquilamente o tereré do lado de fora de casa.
Sorveteiro conta que toma até três banhos por noite para aguentar o calorão.
Sorveteiro conta que toma até três banhos por noite para aguentar o calorão.

Funcionários de uma grande obra na cidade disseram que só com muito líquido é possível enfrentar o calor. “Eu acabei de tomar três copos de suco. Tem que ser assim, muito suco e muita água”, disse o operador de betoneira Gilmar Machado, 57 anos.

Em frente a construção, Manoel Vicente Barbosa, 43 anos, vende por R$1 cada copo de suco. “Dá para tirar um dinheirinho e amenizar o calor do pessoal”.

O pedreiro Otoniel Ferreira, 33 anos, veio de longe para trabalhar na obra e disse que já está acostumado com tanto calor. “Eu sou de Tocantins e lá é quente e seco como aqui, mas mesmo assim tomo muita água”.

Levando o entulho da obra para o lixão, o motorista Cristiano Elias, 34 anos, lamenta a poeira que precisa encarar. “Garganta e respiração ficam horríveis”. Entre um carregamento e outro o motorista aproveita para tomar um copo de suco.

Com um copo cheio de erva, o personal trainer Fernando Silva, 33 anos, frisa que o tereré está acima de classe social e de outras diferenças. "Eu tomo quase todos os dias. Com esse calor carrego minha garrafa no carro. Todo mundo toma o tereré. Na rua, no trabalho, em casa, em Campo Grande ele está em todo lugar".

NO canteiro de obras ou no escritório, a população reclama do tempo seco.
NO canteiro de obras ou no escritório, a população reclama do tempo seco.

Com 81 anos de idade e ainda com disposição, o sorveteiro Julião Maldonado conta com bom humor que durante à noite toma três banhos para aguentar o calor. “Não consigo dormir em casa. Quando chego aqui cochilo durante o dia, embaixo da figueira”, diz se referindo a imensa árvore na avenida Afonso Pena.

No bairro Jardim Campo Verde, as crianças sonham com praia e piscina. “Se pudesse agora eu queria ir para praia”, disse Mateus Felipe, 13 anos. Sem conhecer a praia, a vontade do menino era no fundo se refrescar.

“O vento do ventilador sai quente, não adianta nada”, observa Bruno Grabriel, 12 anos. “Eu queria mesmo um rio”, completou.

Nos siga no Google Notícias