Após câncer, Cris transformou R$ 300 em "reino" do Pegue e Monte
Empreendedora começou com espaço improvisado e hoje dá cursos para pessoas que querem abrir negócios
Há 15 anos, Cristiane Araújo Nunes viveu um dos momentos mais difíceis da vida, a retirada do útero por causa de um câncer. O susto veio seis meses depois do segundo filho nascer. Apesar do período ruim, foi justamente nessa época que ela criou um modelo de negócio chamado Pegue e Monte, que conquistaria não só o Aero Rancho, onde nasceu e cresceu, mas o país.
RESUMO
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Cristiane Araújo Nunes, conhecida como "Rainha do pegue e monte" e "ogrinha do Pantanal", transformou um investimento inicial de R$ 300 em um negócio de sucesso em Campo Grande. Sua empresa, especializada em locação de itens para festas e eventos, emprega 14 pessoas e atende de 80 a 100 clientes por semana. A empreendedora, que superou um câncer há 15 anos, criou um modelo de negócio inovador que permite aos clientes alugarem kits de decoração com preços entre R$ 150 e R$ 1.300. Estabelecida no bairro Aero Rancho, sua loja atende públicos diversos, desenvolveu um sistema próprio de locação e tornou-se referência nacional no setor.
Na época, a empreendedora trabalhava em uma escola de cursos profissionalizantes como auxiliar de administração, mas o que gostava mesmo era da parte de marketing. Cris chegou a fazer faculdade na área administrativa, mas trancou faltando dois meses para acabar. Hoje, a loja que começou com ela e o marido tem sete funcionários fixos e mais sete indiretos. Tudo começou com R$ 300 que sobraram do acerto do antigo trabalho.
Depois de todos esses anos empreendendo, Cris recebeu o título de rainha do Pegue e Monte e ogrinha do Pantanal. Para quem ainda não entendeu o que ela faz, ela mesma explica.

“Pegue e Monte é uma categoria em que a pessoa vai até o local, pega, leva para casa e monta. Lá tem várias coisas: painel, tema, bandejas, peças profissionais. Isso hoje é muito comum, mas anos antes não era. Isso surgiu aqui em Campo Grande comigo e é um verdadeiro sucesso porque as mães encontram tudo em um lugar só.”
Segundo Cris, ela veio ao mundo para decorar e, antes de ser o que é, ocupava os finais de semana como decoradora de festa infantil.
“Quando comecei a fazer isso, percebi que todos os meus finais de semana iam embora porque a gente trabalhava muito e não queria mais isso. Aí surgiu o Pegue e Monte, que era só para decoradoras, não alugava para o público. Eu tive a sacada de fazer isso e alugar para as mães. Eu fazia as festas dos meus filhos, era a decoração. Foi a grande virada de chave.”
Sobre o câncer, Cris conta que, ao receber o diagnóstico, o mundo caiu por algum tempo, mas que a fé ajudou a se sustentar. Por sorte, ela descobriu a doença ainda no início e não precisou fazer sessões de quimio ou rádio.
“Fiz um tratamento mais tranquilo. Eu tinha acabado de ter meu filho, ele tinha seis meses e comecei a perceber que um líquido estava saindo de mim e não era normal. Para mim foi um grande baque, eu tinha 29 anos, era jovem, não tinha histórico nenhum na minha família, confesso que no primeiro momento meu mundo desabou, achei que iria morrer. Isso passa na cabeça da gente. O médico disse que seria mais seguro retirar o útero.”
Voltando à loja, localizada na Rua Santa Quitéria, o público mais fiel são as mães. No local, dá para alugar kits de R$ 150 a R$ 1.300. Por semana, Cris aluga de 80 a 100 kits. “Tem pegue e monte mais focado em público infantil. Eu abranjo tudo: infantil, adulto, casamento, 15 anos, corporativo, chá de bebê. O pessoal quer cenário de Natal e vem. O pegue e monte abriu esse leque para vários públicos, mas 98% são mães festeiras.”
Outra coisa criada por Cris foi um sistema para locação dos kits, em que a pessoa escaneia um QR Code (Quick Response Code) e o sistema anexa o contrato e alertas. O aplicativo é oferecido a quem se mexe na área.

“Eu fui coroada a Rainha do pegue e monte porque sou a que mais vende na área e tenho o maior número de alunas. Viajo o país palestrando sobre isso. Me apresento como a ogrinha do Pantanal porque eu sou tão simples, natural e Deus me colocou entre os grandes. Eu falo que sou ogrinha pelo meu jeito bruto, porque se precisar pegar mesa para carregar, pintar algo eu vou, limpar o chão eu estou lá. Quando você ama o que você faz dentro do que faz, é isso. Eu não me ofendo de me chamarem, até me divirto com isso.”
A empreendedora viveu grande parte da vida no Aero Rancho e se orgulha disso, tanto que deixa a loja no bairro e não pretende sair.
“Tem pessoas que têm o mito de que no bairro as pessoas não têm qualidade. Eu estou aqui, que é classe média baixa, e meus clientes são de todas as regiões, do A ao C. O grande segredo são as redes sociais. Tem pessoas nas redes sociais que parecem não ser reais, parecem intocáveis, eu não, porque venho de baixo.”
O Cantinho da Cris Reis fica na Rua Santa Quitéria, 1278, no bairro Aero Rancho.
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