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Consumo

Garagem colorida vira point para artesanato, cores e cafezinho à tarde

Há 42 anos, a "gaúcha sul-mato-grossense" trabalha materiais reciclados que viram objetos encantadores

Raul Delvizio | 03/09/2020 06:20
Fachada da casa-ateliê "Artesanato na Garagem" de Dona Maria de Lourdes. (Foto: Silas Lima)
Fachada da casa-ateliê "Artesanato na Garagem" de Dona Maria de Lourdes. (Foto: Silas Lima)

A curiosidade surge ao passar pela pela rua Venceslau Braz quase esquina com a Naviraí – principal do bairro Vila Margarida – e avistar um portão de garagem totalmente aberto. No lugar do carro, o espaço abriga tapetes feitos com retalho de malha junto às caixas envelopadas de tudo que é tamanho, almofadas em formato de coração e outros artesanatos super coloridos, tudo feito com material reciclado. Para a moradora e proprietária Maria de Lourdes Bayerski, esse é seu cantinho do "Artesanato na Garagem".

Lourdes segura um dos seus 12 gatinhos que cuida em casa. (Foto: Silas Lima)
Lourdes segura um dos seus 12 gatinhos que cuida em casa. (Foto: Silas Lima)

Assim que a artesã levantou o portão para a equipe do Lado B, passaram bem ali na frente dois pedestres, que assim como nós ficaram surpresos ao descobrir o mundo do ateliê "escondido". "Sempre viemos comer aqui na salgaderia da esquina e até observamos a casa, mas esta é a primeira vez que nós vemos tudo aberto. A criatividade da fachada já é interessante, agora desse espaço todo mais ainda, bem legal mesmo", afirma o casal Lidiane e Jurandir Bernardes. "E não é só o ateliê, mas minha casa inteira é bem diferente. Além das cores e papéis de parede para dar vida, aqui não tem sofá ou sala de estar, apenas rede. E olha que eu não sou nordestina!", brinca Maria de Lourdes.

No Artesanato na Garagem, ela comercializa seus produtos, põe o mostruário e ainda organiza na calçada da casa mesinhas e cadeiras, promovendo assim bons encontros ao ar livre para a vizinhança com a segurança necessária nesse período de pandemia. Sempre às tardes, o local fica aberto para quem queira passar o tempo, com direito à açaí, sorvete na casquinha, sanduíche natural ou até salada de fruta – além do cafezinho, é claro – que Lourdes também vende.

Dupla atividade – Há 42 anos, ela faz o que gosta e ainda procura atender a uma causa animal. "Uma latinha de cerveja, potes de margarina ou até de maionese, quando limpos, envelopados com crochê e preenchidos com pedrisco, viram ótimos suportes para segurar portas – e tudo em formato de bichinho", explica. A venda desses objetos é revertida para a castração de animais abandonados na rua. "Tem gente de outros bairros que fica sabendo o que eu faço e vem pedir ajuda, quer saber o que fazer com o bicho porque não tem condição financeira para cuidar". Atualmente, a artesã é responsável por 6 cachorros e 12 gatos, e além desses ela já castrou mais de 30 animais.

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Além do ateliê, Maria de Lourdes também se dedica à causa animal. (Foto: Silas Lima)
Além do ateliê, Maria de Lourdes também se dedica à causa animal. (Foto: Silas Lima)

Fora esse trabalho, Lu junto da vizinha-amiga Denilce mexem com todo o tipo de encomendas de artesanato. No momento, elas estão preparando o assentos das banquetas de um cliente com novo acabamento de pintura e tecido colorido. "E à tarde, quando o sol já não bate mais aqui na frente, eu coloco as mesinhas para o pessoal ficar à vontade e não aglomerar. Até as crianças vem aqui brincar com os gatinhos". Maria de Lourdes aproveita e informa aos seus vizinhos a ajudarem com a reciclagem, entregando certos itens que ela usa diariamente na fabricação no seu ateliê.

Interior da garagem que abriga o ateliê. (Foto: Silas Lima)
Interior da garagem que abriga o ateliê. (Foto: Silas Lima)

História de vida – Natural do Rio Grande do Sul, a gaúcha Maria de Lourdes Bayerski veio à Mato Grosso do Sul assim que o novo Estado foi criado, em 1977. O plano era o de se tornar professora, mas a vida lhe trouxe primeiramente uma barriga. "Como minha primeira filha teve paralisia cerebral, me dediquei exclusivamente à ela. Larguei o magistério e voltei a fazer crochê, costura e artesanato para vender, e assim conseguia ficar em casa junto à ela. E deu super certo", comenta.

Cachorro brinca com o fotógrafo enquanto a artesã mostra na pratileira os objetos que já produziu. (Foto: Silas Lima)
Cachorro brinca com o fotógrafo enquanto a artesã mostra na pratileira os objetos que já produziu. (Foto: Silas Lima)

A vida, que trouxe à Lourdes outras duas filhas, também levou há sete anos seu marido, do dia pra noite. Ficaram a mãe e as meninas, que agora já se encontram crescidas. "Sempre fiz questão de eu mesma cuidar das minhas filhas, ficar mais em casa, e esse meu trabalho propicia isso. Aqui serve de residência, ateliê, mostruário e, com o espaço todo aberto, para múltiplas atividades". Como por exemplo a varanda da própria casa, que sempre abrigou a sua boa e velha tradição gaúcha do chimarrão.

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