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Consumo

Tio faz noite de pastelada em brechó para sobrinha estudar nos EUA

Sem medir esforço, Zeca encara fritura e venda de roupas usadas para ajudar sobrinha a realizar um sonho

Vanessa Ayala | 20/08/2021 06:48
Camila e Zeca na pastelaria e brechó. (Foto: Kísie Ainoã)
Camila e Zeca na pastelaria e brechó. (Foto: Kísie Ainoã)

Não existe cansaço que impeça uma família no Bairro Parque dos Novos Estados de trabalhar duro para realizar o sonho da estudante de Relações Internacionais,  Camila Chama, de 29 anos, que está no último ano da faculdade. Tio e mãe da menina realizam toda quinta-feira, uma pastelada com brechó para arrecadar dinheiro que possa custear o mestrado que ela sonha fazer nos Estados Unidos.

Além do pastelzinho frito na hora, quem chega ao local, encontra um brechó com variedade de roupas, sapatos e livros à venda. Parte do dinheiro arrecadado vira poupança para que, em breve, ela faça as malas e viaje para Carolina do Norte.

Acadêmica da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), Camila voltou para Campo Grande por conta da pandemia, mas segue firme com os estudos. A escolha pelas Relações Internacionais surgiu em meio à depressão que ela enfrentou durante muito tempo.

“Batalhei com depressão dos meus 12 a 27 anos, e desde que eu entrei na faculdade, eu queria muito unir o tema saúde mental com as relações internacionais, falar de saúde global. Na pandemia, comecei a me aprofundar mais sobre o tema, e fiquei muito encantada, e decidi que quero investir isso na minha carreira”, afirma.

Camila Chama em entrevista para o Lado B. (Foto: Kísie Ainoã)
Camila Chama em entrevista para o Lado B. (Foto: Kísie Ainoã)

Com isso, Camila passou a pesquisar programas de mestrado em saúde global pelo mundo. "Procurando bastante encontrei na Universidade de Duque, na Carolina do Norte, um programa em que eles oferecem bolsa, inclusive, bolsa para estudantes internacionais”, diz. "Falei para os meus pais e tio, mas não tinha condições nem de tirar um visto”, acrescenta.

Desde então, a família decidiu montar o brechó. “Minha mãe e o meu tio sempre foram as pessoas que sonharam comigo. Em 2019, falei para meu tio que queria fazer um intercâmbio na África do Sul e não tinha nem 10 centavos. Com isso, fizemos 4 pasteladas especiais e a gente arrecadou o dinheiro. Fiquei quase um mês na África do Sul fazendo intercâmbio”, lembra.

Para a sobrinha, o esforço, especialmente, do tio não tem preço e a motiva todos dias. “Meu tio é um paizão que me motiva a continuar. Por isso, resolvemos juntar a pastelaria que ele já tinha com o brechó e começamos a receber muitas doações de amigos e familiares”.

Roupas doadas para o brechó de Camila. (Foto: Kísie Ainoã)
Roupas doadas para o brechó de Camila. (Foto: Kísie Ainoã)

Camila não tem dúvidas que com a iniciativa, em breve, ela estará de malas prontas. “Minha mãe e meu tio disseram que pela fé, eu vou, e estou contando com isso, com eles e com a minha fé”.

A família abre a pastelaria de quinta a sábado. Nas sextas, ainda tem uma feira do bairro, que impulsiona as vendas. “O dinheiro arrecadado irá cobrir minhas despesas por, pelo menos, uns 3 meses por lá, mais minhas aulas de inglês e visto”.

A pandemia atrasou seis meses da faculdade de Camila, que teve que correr atrás dos estudos, além de ter passado por um problema de saúde para poder terminar a faculdade e começar o processo de mestrado em fevereiro de 2022.

Mas apesar dos desafios, o tio não perde a esperança. “Eu sempre acreditei nela, é uma pessoa batalhadora e guerreira, que tudo que se propõe a fazer faz bem feito”, diz seu Zeca Chama, tio de Camila, todo orgulhoso.

Seu Zeca Chama em entrevista para o Lado B. (Foto: Kísie Ainoã)
Seu Zeca Chama em entrevista para o Lado B. (Foto: Kísie Ainoã)

Zeca  mora no Bairro Parque dos Novos Estados há 36 anos e abriu a pastelaria há cinco, também para ocupar a mente e vencer a depressão. “Depois que perdi minha mãe e irmã, fiquei muito mal e tive que fazer tratamento, até o dia que meu irmão me convidou para fazer uma pastelada, e lotou de gente, então decidi abrir a pastelaria".

Ele diz que clientes da cidade inteira aparecem por lá para saborear o pastel. O combo de 4 pastéis custa R$ 10,00 e o de seis unidades sai a R$ 15,00, com a receita que é tradicional da família. "Tem também uma geleia de abacaxi com pimenta que é sucesso entre os clientes”, garante.

O horário de funcionamento é das 18h às 22h, de quinta a sábado. O endereço é Avenida. Nossa Senhora do Bonfim, 1825 - Parque dos Novos Estados.

Combo de pastéis de seu Zeca Chama. (Foto: Kísie Ainoã)
Combo de pastéis de seu Zeca Chama. (Foto: Kísie Ainoã)

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