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Diversão

Bares da 14 pedem “socorro” com ambulantes tomando conta da rua

Empresários dos cinco espaços publicaram nota coletiva; desabafo é de que bares perderam 30% da receita

Por Aletheya Alves | 21/09/2024 20:30
Vendedores ambulantes e bares compartilham espaço na Rua 14 de Julho. (Foto: Aletheya Alves)
Vendedores ambulantes e bares compartilham espaço na Rua 14 de Julho. (Foto: Aletheya Alves)

A movimentação de pessoas na Rua 14 de Julho segue crescendo mas, com ela, problemas de organização do espaço também vêm surgindo. Na tarde deste sábado (21), os bares da via decidiram se posicionar e publicar uma nota coletiva contra a presença crescente de ambulantes.

Um dos proprietários, o responsável pelo Pizza Pub, Jean Paulo Vernochi Costa, explicou ao Lado B mais detalhes sobre a situação. Quando a rua passou a ser interditada, parte do acordo era de que a Prefeitura iria manter fiscalização em relação aos ambulantes. Entretanto, o empresário garante que esse não tem sido o cenário.

De acordo com Jean, há fiscalização apenas no início da noite e, em sequência, os ambulantes passam a "tomar conta" da 14 de Julho. A consequência tem sido uma perda crescente para os bares que gira em torno de 30% da receita.

"Os ambulantes entram valendo. Dias atrás, contei na esquina da Maracaju e tinham 18 ambulantes, um do lado do outro, vendendo tudo o que nós vendemos com um valor muito abaixo. Para a gente, é inviável essa situação", diz Jean. Em geral, desde quem leva coolers até quem consome os produtos vendidos pelos ambulantes, tudo tem sido uma preocupação.

Na nota coletiva, os empresários destacam a “insatisfação” com a presença frequente dos ambulantes de forma geral. Como consequência dessa lógica, eles afirmam que a falta de consumo nos bares tem tornado inviável o pagamento das atrações musicais, justamente o que vem reunindo ainda mais pessoas por ali.

“Precisamos do apoio de todos os frequentadores para que priorizem os bares e não os ambulantes. A verdade é que a Rua 14 de Julho vive graças aos bares. Sem os bares, não haverá ambulantes oferecendo bebidas a preços acessíveis. Se os bares não sobreviverem, o evento como conhecemos chegará ao fim”.

Em seguida é feita uma relação com o evento realizado neste sábado (Festival Afronta) é apresentado como um exemplo do problema maior. “Infelizmente, tomando o evento de hoje como exemplo, nós, bares, também colaboramos para que ele acontecesse, na expectativa de fomentar o consumo em nosso espaço”, é relatado na nota.

Entretanto, segundo os empresários, houve um desalinhamento entre a organização do evento e os bares. Por fim, destaca novamente o posicionamento contrário aos ambulantes, uma vez que são vistos como a desvalorização da 14 de Julho.

E, em relação aos eventos, a mesma lógica é aplicada. Isso porque, segundo os empresários, caso situações do tipo continuem ocorrendo, os bares que movimentam a rua vão continuar perdendo.

Ambulantes vendem desde vodka a chope, ao redor do novo corredor. (Foto: Aletheya Alves)
Ambulantes vendem desde vodka a chope, ao redor do novo corredor. (Foto: Aletheya Alves)

O outro lado - A reportagem esteve no local, durante a noite deste sábado (21) e encontrou a venda de comidas e bebidas no local. Um dos destaques é a venda de bebidas alcoólicas. O preço de um copo de vodka, por exemplo, varia de R$ 10 a R$ 20 no comércio popular. Já um chope pode ser comprado a R$ 10.

Questionados, os ambulantes consideram a situação complicada. Este foi o caso de Natally Vargas e Eliane Almeida. "O nosso público é outro, é algo mais simples mesmo e mais focado para os jovens que querem beber só uma vodka com energético, por exemplo", explicou. "Não queremos roubar o espaço deles, mas também entendemos. Acho que a solução seria criar, de alguma forma, espaço para todo mundo".

"Eu entendo a reclamação dos bares porque eles pagam impostos, taxas, enfim. Acredito que a prefeitura poderia organizar de uma forma que fizesse sentido até porque os bares não vão dar conta da demanda como um todo", caracterizou Elaine.

Eliane vende bebidas alcóolicas e considera desproporcional a comparação feita pelos estabelecimentos. (Foto: Aletheya Alves)
Eliane vende bebidas alcóolicas e considera desproporcional a comparação feita pelos estabelecimentos. (Foto: Aletheya Alves)

Confira abaixo a nota na íntegra:

COMUNICADO IMPORTANTE - Nós, empresários dos bares da Rua 14 de Julho, viemos por meio deste informar nossa insatisfação com a atual situação envolvendo o fechamento da rua e a presença dos ambulantes.
A falta de consumo nos bares está tornando inviável a manutenção das atrações musicais que tanto enriquecem a vida noturna local. Precisamos do apoio de todos os frequentadores para que priorizem os bares e não os ambulantes.
A verdade é que a Rua 14 de Julho vive graças aos bares. Sem os bares, não haverá ambulantes oferecendo bebidas a preços acessíveis. Se os bares não sobreviverem, o evento como conhecemos chegará ao fim.
Infelizmente, tomando o evento de hoje como exemplo, nós, bares, também colaboramos para que ele acontecesse, na expectativa de fomentar o consumo em nosso espaço. No entanto, o que vimos foi a instalação desorganizada de barracas de bebidas e alimentos, sem qualquer alinhamento prévio com os comerciantes da região.
Diga não à desvalorização da Rua 14 de Julho. Diga não aos ambulantes.

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