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Diversão

Com dono roqueiro, Chácara Bar viu a Blues Band tocar até amanhecer...

Naiane Mesquita | 08/01/2016 06:23
Ernani Júnior tem boas lembranças da antiga casa da família na rua 15 de novembro, que fez sucesso na década de 90 como Chácara Bar (Foto: Gerson Walber)
Ernani Júnior tem boas lembranças da antiga casa da família na rua 15 de novembro, que fez sucesso na década de 90 como Chácara Bar (Foto: Gerson Walber)

Quando a Blues Band ainda colocava fogo nas noites de Campo Grande, um bar quase chácara fazia sucesso na 15 de Novembro, entre a Rio Grande do Sul e a Bahia. Na época, um roqueiro, radialista e apaixonado pelo estilo tentava manter uma casa de shows onde só o do bom e do melhor subia no palco.

Seguindo a rota dos lugares que tornaram inesquecíveis a noite da cidade, revisitamos o Chácara Bar. Criado por Ernani de Almeida Silva, o bar teve duas fases, do final da década de 80 até meados de 1994 e de 2003 até 2008. “Meu pai sempre falava que fechou o bar por minha causa, mas eu acho que é mentira”, ri o filho do ex-proprietário, Ernani Júnior, 22 anos.

O pai faleceu em dezembro de 2013, um tempo depois de fechar pela segunda vez o bar. “Eu acompanhei a segunda fase, trabalhava ai, ajudava meu pai. Eu aprendi a gostar de rock em casa, meu pai tinha programa de rádio, era radialista, mexia com rock o tempo todo, ele era incrível, foi quando começou a cena em Campo Grande”, relembra.

O baixista de O Bando do Velho Jack, Marcos Yallouz havia acabado de se mudar do Rio de Janeiro para Campo Grande e lembra com precisão das duas fases do bar. “Eu comecei a tocar na Blues Band em 1993 e o Chácara Bar já existia. Era a época que os jornalistas frequentavam o lugar, tinha gente do Diário da Serra, do Correio do Estado. Eles se encontravam, comentavam, o jornal anunciava o show e depois eles faziam críticas. Uma época muito boa, nossa que viagem”, relembra Marcos.

A Blues Band se desfez em 1995 se tornando duas das maiores bandas de Campo Grande, O Bando do Velho Jack e Bêbados Habilidosos. “Nós tocávamos muito lá. Era um bar super rock’n’roll, só tocava rock. O Ernani era roqueiro, super roqueiro e o bar era a cara dele”, afirma o baixista.

Marcos ainda lembra com detalhes do ambiente interno, de três pequenos lances de escada, que culminavam em um “palco”. “A casa era comprida, tinha um lugar aqui fora, na frente, você descia as escadas e dava em outro patamar. Tudo parecia uma chácara”, diz.

Bar foi criado por Ernani de Almeida Silva, que morreu em 2013.
Bar foi criado por Ernani de Almeida Silva, que morreu em 2013.

Amanhecer - Mesmo no centro da cidade, na época, a festa rolava solta sem hora para acabar. Quando o sol ameaçava surgir, Ernani fechava as janelas e mantinha a escuridão. “Ele fechava as janelas, 6h, 7h da manhã, com gente lá dentro. Lembro que a gente tocava, tocava até amanhecer. O pau torando. Tinha um juiz que não gostava, começou a reclamar, ameaçou prender o Ernani, até que ele fez amizade e convenceu o juiz a frequentar o local”, ri, Marcos.

Como em todo bar de rock, o que fazia sucesso era a cerveja, mas Ernani fazia porções. “Meus pais faziam bolinhos, umas porções”, diz, vagamente o filho. Marcos jura que tinha até lanche.

A casa, onde hoje funciona um escritório de advocacia, é uma história a parte. “Era da minha avó, minha família é uma das fundadoras da cidade. Essa casa era do meu bisavô, João Vieira de Almeida, enquanto meu tataravô foi Manoel Inácio de Souza, primeiro prefeito de Campo Grande. Depois a casa passou para a minha avó Terlice Maria e para o meu pai. Então, ele vendeu”, conta Ernani Júnior.

Ernani lembra dos momentos ao lado da família antes do espaço virar bar, de começar a tocar bateria no quintal e dos amigos do pai, que frequentavam o espaço. “Era bem rodeado de amigos, se não eram amigos viravam com o tempo. Tinha uns dias de heavy metal muito louco, mas não era sempre. Tocava o som até seis horas da manhã, da primeira vez era mais bar, então eles fechavam a janela, da segunda já virou mais casa de show mesmo, com isolamento acústico, tudo certo”, cita.

Em 2008, o Ernani pai cansou de tocar o bar. “Ele foi ficando velho. Decidiu vender, ficar mais tranquilo, montou uma pizzaria, ficou dois anos, mas também não deu certo. Meu pai mesmo não gostava de passar aqui em frente, sempre dava um jeito de desviar do caminho, ele tinha muita saudade. Eu não ligo, passo aqui, esses dias pedi para entrar e ver como está. Tenho boas lembranças”.

Infelizmente, Ernani Júnior perdeu o HD com fotos do passado. Quem tiver alguma imagem daquela época pode colaborar com a reportagem.

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